quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Heróis Acidentais

Serei só eu a deslumbrar-me com o burlesco grotesco da Comunicação Social Portuguesa ter considerado importante informar-nos (nalguns jornais o absurdo teve a dimensão de meia página) da transferência de um irrelevante jogador de futebol brasileiro de um insignificante clube das divisões secundárias portuguesas para um obscuro clube da 2ª Dimensão Romena?

Claro que há uma explicação racional(!?). Afinal trata-se de David, o herói que eliminou o FCP da Taça de Portugal.

Amo este país! Aqui mesmo é a terra da oportunidade. O ódio que a maioria dos portugueses nutre pelo FCP é tão obsessivamente, tão cegamente doentio que qualquer pessoa com valor ou qualquer merdas se pode tornar um herói nacional instantâneo.

Basta dizer ou fazer qualquer coisa contra o Futebol Clube do Porto ou o seu presidente. Ou ser jogador ou treinador de um clube que derrote o Porto. Ou ser jogador ou treinador do Porto e simplesmente sair de lá (quanto mais feia for a forma como se se sair, mais mérito). Ou ser do FCP e passar-se para um dos 2 grandes de Lisboa!

David poderá estar de saída mas ficará para sempre nos corações de milhões dos nossos rivais, juntamente com os heróis do momento como sejam Maria José Morgado, Carolina Salgado, José Mourinho, Katsuramis e Derlei.

Cada um deles garantiu já, por seu mérito próprio um lugar na Galeria de Notáveis "Anti-Portistas", juntamente com clássicos sempre actuais como a 2ª mulher do PdC, o Bagão Félix, a Leonor Pinhão, o Barbas e o José Veiga e com os grandes heróis clássicos de antanho: Gaspar Ramos, Pedro Morcela (dirigente do Campomaiorense que agrediu Vitor Baía), Fernando Barata (industrial hoteleiro que há anos queria que o seu touro de cobrição...fizesse amor com PdC) ou Vale e Azevedo (antes da sua ruína).

PS - sou licenciado em Gestão de Empresas, trabalho em Contabilidade mas sei pouco de Eonomia. Porém até eu sei que "20º clube com mais RECEITAS EM 2005" diferente de "20º clube mais rico do Mundo."

Boas noites, pequenos, e até amanhã.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Poético

Há alguns meses, talvez há mais de um ano, um menino iraquiano ficou orfão e sem braços após um ataque americano (talvez tivessem ADM na despensa). Agora com 13 anos, o pequeno está a receber umas próteses no Reino Unido, uma vez que recebeu muita solidariedade e ajuda dos ingleses. Na altura, ele terá dito: "Nem uma montanha seria capaz de aguentar a dor que sinto".

Conseguem imaginar uma criança de 12 anos portuguesa, francesa, inglesa, alemã ou americana, em situações idênticas a dizer o mesmo?

É curioso. No Ocidente, ser-se poeta ou ter uma alma poética é quase uma maldição, um convite à ostracização. É ser-se diferente, maluco, quase marginal. É ser-se sozinho, outcast, boémio, inconformista. Mesmo quando se é um poeta consensual em vida, tem-se sempre uma aura alienada. No nosso Ocidente o máximo a que um poeta pode aspirar é alcançar a imortalidade através da morte.

No Oriente, das areias do Golfo Pérsico às Ilhas Nipónicas, ser-se poeta é um talento natural. É uma inclinação inata. Eles são poetas porque sim. É uma ginga.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Top 10

Uma vez por brincadeira disse que se aquele jogador de futebol moçambicano da década de 60 ganhasse o prémio de “O Maior Português de Todos os Tempos” eu demitia-me de ser português. Felizmente isso não sucedeu; mas mal sabia eu que uma coisa bem pior iria ocorrer. Que Salazar chegue ao top 10 de maiores portugueses de todos os tempos é um insulto ao sistema democrático, uma escarradela na memória de todos os que tombaram a combater o fascismo. Se ele ganhar será hediondo. Se ficar em 10º é horrível!

Um país que se orgulha do seu defunto tirano, de um dos grandes responsáveis pelo estado lastimoso a que isto chegou, a nível económico, social e cultural é um povo que não merece ser livre. É um país moribundo. Portugal tem um tumor maligno incurável e fatal no seu próprio código genético. Mas a morte não será piedosa, rápida e indolor. É uma morte faseada que faz o corpo do paciente definhar. E o fim, a libertação do sofrimento não está á vista.

Há algo em nós que nos faz repudiar a mudança. No mais urbano de nós há um espírito de aldeia. Uma ligação ao mundo antigo que não conseguimos quebrar. É inútil. Somos uns impotentes culturais. Tentamos, esforçamo-nos ao máximo, mas ainda somos campo. Ainda gostamos do cheirinho da carne de judeu ou árabe a queimar no centro da praça. Ainda gostamos de curvar a cabeça ao senhor presidente, ao senhor polícia, ao senhor cura. Ao chefe da tribo. É tão mais fácil ter um paizinho a decidir por nós.

Discutiu-se se a escolha por Salazar e Cunhal não será a prova que os portugueses estão fartos deste sistema democrático. Talvez. Quiçá devêssemos voltar ao sistema feudal. Seria tão agradável. Mas não entendo compararem Cunhal a Salazar. Eu não sou comunista. Se Cunhal chegasse ao poder, talvez se instaurasse uma ditadura de esquerda (altamente improvável, dado a nossa posição geográfica, e a situação geopolítica dos anos 70). Se isso acontecesse, Cunhal também teria o meu desprezo, uma vez que eu não gosto de ditadores. Mas como tal não aconteceu, para mim Cunhal foi um importante defensor da democracia, como Soares.

Fizemo-nos ainda mais pequenos do que somos. Agarramo-nos todos os dias com unhas e dentes à merda populista e medíocre. Não queremos saber de nada que nos abra perspectivas, que nos alargue os horizontes que nos expanda a mentalidade. Quando podemos mudar (o referendo por exemplo) preferimos ficar em casa a queixarmo-nos de tudo e de todos enquanto lemos jornais de merda, livros de merda e vemos programas de Tv de merda. E votamos em Salazar para que o “senhor doutor” fique entre os 10 primeiros. Felizmente que o filho da puta está mais que morto, enterrado e as suas carnes secas e cinzentas de padre da aldeia há muito que foram comidas pelos vermes. Mas o seu espírito continua vivo em nós. Enquanto não o matarmos completamente, nunca seremos um país verdadeiramente do 1º Mundo.

Prá ti, Maria!

Há dias desfolhava uma revista de Culto Mariano (as circunstâncias em que isso ocorreu são irrelevantes), e que vejo eu? Nas páginas centrais, um enorme mapa de África, e um artigo de mais de 2 páginas com o título:

"África tem sede de Maria"

Não li o artigo, logo não me posso pronunciar, mas como sou um bastardinho céptico e realista, diria que tem piada, à primeira vista eu diria que África tem mais sede de água. E fome de alimentos. E necessidade de paz, escolas, hospitais e infraestruturas decentes, desenvolvimento humano e económico, estabilidade política e governantes senão honestos, pelo menos não totalmente criminosos.
Aliás, da última vez que eu vi, e a não ser que o 3º Segredo de Fátima seja a Cura do HIV ou a forma de viver decentemente ganhando 5 dóloares/mês, Maria não está no Top 100 das prioridades de África. Sobretudo de uma África em que se nota uma tendência crescente para a Islamização, tendência que surge como resposta ao facto dos nativos associarem a Cristianização com a Colonização, e verem as Missões como reminiscências do domínio do Homem Branco, que invadiu (invade) a África, roubou (rouba) os seus recursos, esmagou todas as suas crenças e sistema de valores, e ainda infectou os africanos com as piores maleitas do Velho Continente: a cupidez e a ambição desmedida.

48 horas

durmo 3 horas de 4ª para 5ª feira trabalho o dia todo vou ver 2 filmes seguidos no Fantasporto até à 1.30 da manhã chego a casa durmo 4 horas e meia de 5ª para 6ª feira trabalho o dia todo vou fazer uma prova de esforço muito fodida ao ginásio vou a correr para o Rivoli tendo jantado só uma sopa como um cheeseburguer da McDonald´s a meio da 1ª sessão, vejo três filmes seguidos no Fantas até às 3.15 da manhã volto para casa num tâxi em estado semi-comatoso de sono a rádio na Nova Era a bombar só hip hop e nigga muic em geral em altos berros e de repente o motorista acha por bem encetar uma conversa meta-física sobre os piscas e porque ninguém hoje em dia acredita em os usar passando depois para uma dissertação sobre o que fazer no stop e eu sinto-me como o Joseph K. no Das Schloss quando está na cama e só quer dormir mas o secretário não para de falar e eu só respondo por meio de grunhidos que tentam soar como ah pois é eles são sempre os mesmos e risinhos hipócritas isso para não o mandar foder pronto é só agora vou dormir antes que comece a sangrar dos olhos e a massa encefálica me comece a sair pelas orelhas

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Da minha série TV favorita, eu seria

You scored as Spike. You scored as Spike. You feel like you're misunderstood. When you care for others, it's deeper than they'll ever know. Though no one thinks you'll change/pull through, you'll show them.

Spike

88%

Willow Rosenberg

71%

Dawn Summers

67%

Tara Maclay

63%

Rupert Giles

63%

Anya

58%

Xander Harris

58%

Buffy Summers

46%

Which Buffy The Vampire Slayer Character Are You Most Like!?
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As confissões de Saraiva

Falemos da TVI. Hoje no Jornal Nacional da 1 da tarde estavam sempre a dizer: "Já a seguir, o Cardeal Saraiva explica o atraso no processo de canonização dos 2 pastorinhos de Fátima". O "já a seguir" da TVI é um conceito temporal para além da capacidade de raciocínio humano. Tive que voltar ao trabalho, e fiquei sem saber a justificação do Cardeal Saraiva sobre porque é que o Bento XVI estava a demorar-se com o processo de promoção hierárquica celestial do Francisco e da Jacinta (talvez algum imbróglio com o tribunal de menores!?). Também fiquei sem saber porque é que eu tive que nascer num país em que isso é notícia. E também fiquei sem saber porque é que aquela que é capaz de ser a religião organizada mais poderosa e rica do mundo está a gastar tempo no século XXI a canonizar duas crianças portuguesas que morreram antes da puberdade há quase 100 anos atrás, só porque a prima disse que viu e falou com a Madonna ou com a Shakira ou lá que era!

Já agora, uma prima minha com as drogas que meteu nestes últimos 30 e muitos anos (aliás diz-se que foi graças a ela que o Rui Reininho..bom, isso não importa) de certezinha que já viu Deus em pelo menos 2 ocasiões, 10 Jesuses, 20 Moiséses, 20 Maomés, 50 Nossas Senhoras, 100 Confúcios, um Osíris, e um Buda cor-de-laranja. Posso ser canonizado também?

Cai um mito

O 24 Horas trazia ainda a reportagem sobre uma festa lésbica em Lisboa, em que se uma delas diz: "A filha da minha companheira chama-me Mãe 2".
Graças ao 24 Horas ficamos a saber que afinal aquilo do "Mãe há só uma" era treta.

Aflições

Gosto tanto do meu querido jornal "24 Horas", que até criei uma "etiqueta" para ele no blog. Desiluda-se quem pensar que o label "24 Hours Party People" levará a postagens sobre a cena Madchester 80s (não que não seja uma grande cena!).

Não é que na capa de hoje havia uma notícia a dizer que a Merche Romero saiu do desfile de Carnaval para ir ao WC de um café? Sabendo do que a casa gasta, o meu palpite é que ela não deve ter ido fazer o #1 nem o #2, mas antes reabastecer as baterias, mais ou menos assim:

domingo, 18 de fevereiro de 2007

The A-Ring! This is so cool!

Estava agora mesmo a procurar no youtube a introdução do A-Team para postar no meu outro blog (o dos anos 80) quando dei de caras com isto. E achei piada. Pronto. Vou-me embora.

Hannibal Rising


Confesso que não tinha esperanças nenhumas para este filme. Afinal, o psiquiatra que não tem problemas de ética profissional em comer os clientes que nós adoramos é o Anthony Hopkins! Como esperar que um miúdo francês desse conta do recado representando o Hannibal Lecter na sua cruzada de vingança conta aqueles que o transformaram no que ele é hoje? E como esperar que o realizador de “Rapariga com Brincos de Pérola” fizesse uma obra com bom gosto, requinte e muito sanguinho?

Ambos fizeram um excelente trabalho; quando o protagonista de um filme comete crimes horrendos E mesmo assim só sentes simpatia por ele, sabes que estás perante um bom filme de terror. Hannibal Lecter é um monstro, não por ter nascido assim, mas porque lhe quebraram o espírito e lhe mataram o coração. Talvez como análise psicanalista seja muito básico e errado…mas para argumento de thriller, chega perfeitamente. (falando em MILFs, e aquela senhora asiática? Ui, ui!).

E eu que pensava em que filmes agradáveis em que garotas chamadas Michas fossem comidas só existiam no cinema checo ou russo…

Hollywoodland

Baseado em factos reais (a estranha morte do actor George Reeves durante uma festa), Hollywoodland mostra-nos a obsessão de um detective privado em saber a verdade (nada muito original) sobre a morte de Reeves, que teve um papel secundário em “E Tudo o Vento Levou” e fazia de Superman na TV, e que era amante da esposa de um riquíssimo e sem escrúpulos executivo da MGM. Um daqueles biopics em que se demonstra os podres da indústria que se representa (uma das coisas que eu amo nos EUA é esta capacidade que eles têm de auto-crítica sincera e corajosa). Gostei mais da Dália Negra, no que a esse género de filme diz respeito. Mas este filme tem duas coisas de interesse. Adrieb Brody sempre em grande, mais uma vez a demonstrar que é um dos melhores actores da sua geração; Diane Lane, linda (aqui sou eu a confessar a paixão que nutro por MILFs) e eficaz no papel de mulher do executivo da MGM; o executivo, o sempre grande Bob Hoskins; Robin Tuuney (famosa por Prison Break) …não que ela seja especialmente talentosa OU bonita…mas aqueles olhos…meu Deus, aqueles olhos; e finalmente Ben Affleck, a provar que afinal de contas não é assim tããão mau actor (isto é um grande elogio que lhe estou a fazer.).

Blood Diamond


Blood Diamond estranhamente não foi nomeado para o Óscar de Melhor Filme.
Estranhamente porque tem tudo para ganhar: tem o Leonardo DiCaprio (que me está a surpreender como actor…talvez ganhe ele o Óscar?) a morrer no fim (toda a gente sabe que filmes em que o Leo morre no fim são bem premiados, e dá a Hollywood aquele ar todo modernaço de se preocupar com questões sociais relevantes (no caso o tráfico ilegal de diamantes, crianças-soldados e a forma quase esclavagista como os africanos são obrigados a trabalhar como mineiros), AO MESMO TEMPO que mostra um irrealista final (não feliz, mas agridoce) moralista americano, em que o traficante de diamantes, um criminoso ambicioso nascido na antiga Rodésia, e sem ter completamente aniquilado os seus preconceitos raciais, acaba por mudar totalmente, dando ao negro e ao seu filho a oportunidade de fugirem com o diamante e a hipótese de denunciar a situação vivida na Serra Leoa aos finais do século XX, sacrificando-se e morrendo pelo amor à verdade, a uma mulher (americana! Grande surpresa!!!) e a África, no fundo.

Ok, posso achar o final um pouco idealista demais. Mas gostei do filme. Muito! Mostra-nos a realidade que não queremos ver (“this Sierra Leone news are shown on CNN, somewhere between the sports and the weather”) de uma forma brutal, crua, nua, dura.
Nós não sabemos o que é o 3º Mundo. Nós não sabemos o que é África. Ouvimos dizer que é um lugar pouco agradável, em que pessoas fazem coisas pouco agradáveis a outras pessoas, e que a maior parte dessas pessoas não têm vidas muito agradáveis. Por vezes é bom filmes como estes. Uma estalada na cara para quebrar a letargia.Dêem a Djimon Hounsou o Óscar de Melhor Actor Secundário. Por favor!

Little Niss Sunshine


Ah, a magia do cinema! Quando pensamos que Hollywood já está enfadonhamente previsível no seu mainstreamismo primário, eis que eles saem-se com essa de nomear Little Miss Sunshine (recuso-me a falar no nome que deram para a versão portuguesa: “Família à beira de um ataque de nervos”. Pode não ser totalmente descabido, mas essa de colar a um filme indie um nome associável ao filme de Almodovar é muito lame. Aliás compilar os nomes idiotas dados em português aos filmes estrangeiros era ouro bloguístico!) para o Óscar de Melhor Filme! Não que isso vá acontecer. Isto é uma daquelas “It was an honour just to be nominated” coisas. Afinal, quando é que um filme independente de baixo orçamento (8 milhões de dólares) iria ganhar o Óscar? Neste século duvido!

Porém foi uma surpresa agradável colocarem esta pequena jóia agora em reposição no Cidade do Porto (eu já vi há largas semanas), ganhadora já de vários prémios da crítica e de festivais de cinema independente, na lista de candidatos a melhor filme, bem como terem nomeado Alan Arkin e Abigail Breslin (avô e neta no filme) para o Óscar de melhor Actor Secundário e melhor Actriz Secundária.

Como todos os melhores argumentos, este é bem simples, à primeira vista. É basicamente um dysfunctial family road movie. Nesta comédia negra temos um homem cuja profissão é vender o seu plano motivador de 9 passos para uma vida melhor ficar recentemente falido, a sua mulher, cheia de stress e trabalho, o irmão desta, que acaba de sair de um estado de depressão e tentativa de suicídio por ter visto um seu colega professor da universidade roubar-lhe o seu namorado/estudante e a sua posição como principal autoridade de Proust na América, os dois filhos do casal, um adolescente cheio de angústia (adolescente cheio de angústia? Essa é nova!) totalmente obcecado por Nietzsche que fez um voto de silêncio até atingir o seu objectivo de entrar na Academia da Força Aérea, e a excelente Abigail Breslin como uma menina que se inscreve num concurso de beleza na Califórnia, apesar de se achar mais gorda e menos bonita que as tradicionais rainhas de beleza; e finalmente o avô paterno dos miúdos, recentemente expulso de um Lar para a 3ª Idade por sniffar heroína. Estabelece-se entre o avô e a neta uma ligação especial, que o leva a motivar e treinar a neta para o concurso de talento e beleza infantil que terá lugar na Califórnia. Assim a família vê-se obrigada a ter que se aguentar junta durante dois dias, o tempo de ir do Novo México para a Califórnia na sua velha carrinha VW amarela.

Durante a viagem, a morte do avô, a quebra do voto de silêncio (e do seu sonho de ser piloto da força aérea) do irmão e o final em que a família defende a miúda da indignação dos júris e público do número burlesco e quase strip-tease-ico que fez em honra do avô (e também a defendendo dos preconceitos estéticos e de beleza-padrão ocidentais) leva a família a unir-se e a reforçar os seus elos afectivos. Esta deliciosa comédia negra que trata das relações familiares, (do erro) da concepção a preto-e-branco, ganhadores/perdedores da sociedade contemporânea, conta ainda com a participação da minha querida Toni Collette, uma actriz que na minha opinião é muito subvalorizada.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

O Aborto da Ilha

"Tens 9 anos e estás grávida de um turista belga. E queres abortar!? Na Ilha não, querida! O teu direito constitucional perde força face ao carácter vinculativo da minha arma!"

A última diarreia mental do Aborto da Ilha gira à volta de duas idéias-chaves. A primeira é que os portugueses não têm testículos pelo facto de, na sua maioria (dentro da minoria que se deu ao trabalho de ir votar), terem dito SIM à despenalização da interrupção voluntária da gravidez no recente referendo. A segunda é que se a lei for aprovada (SE!! LOL) ele próprio irá contestar a sua validade constitucional, dado o carácter não vinculativo do dito referendo.

Sabem, eu não sou uma pessoa educada e culta como o Aborto da Ilha. Não passo de um pobre campónio semi-analfabeto e para o Aborto da Ilha eu devo ser um cubano/comuna/terrorista/ateu/excomungado/assassino de crianças (essa inesgotável fonte de rendimento da Ilha), que irá para o Inferno juntamente com toda a sua cidade de cubanos/comunas/terroristas/ateus/excomungados/assassinos de crianças (essa inesgotável fonte de rendimento da Ilha), o único distrito do Norte que teve a ousadia iconoclasta de dizer SIM! SE eu fosse responder da forma que sei aos seus argumentos, teria que escrever uma longa epístola em que, usando e abusando de uma linguagem, vá lá, colorida e gráfica, bem brejeira e ao nosso gosto ("Gil Vicente e tal" como diriam os outros), sugeriria ao Aborto da Ilha que fosse visitar lugares bem exóticos; que se envolvesse em relações sexuais, algumas das quais algo bizarras e badalhocas, e incluindo seres vivos não necessariamente humanos; e ainda daria o meu palpite sobre a profissão exercida pela senhora sua mãe.

Consciente da minha inferioridade face ao Aborto da Ilha, tentarei apenas reduzir a minha ignorância campestre, levantando várias questões evitando o vernáculo do meu norte (conti)natal, por respeito a tão refinado pensador e cavalheiro.

1 - "Os portugueses não têm testículos porque votaram Sim!"

Isto significa que o Aborto da Ilha é um nosso compatriota destesticulado, ou que se afirma como um estrangeiro?

2 - Se é estrangeiro, podíamos parar, por favor, de lhe enviar o nosso dinheiro?

3 - Mas espera, da última vez que eu vi, eu tinha um par deles! Significa que eu não sou português, ou terei alguma maleita fatal, quiçá um temor maligno manifestado pela existência de dois inchaços (um um pouco maior que o outro) na região da minha - de outra forma rasa - virilha?

4 - Se não temos testículos, porque há gravidez, abortos e referendos? As nossas mulheres andaram aí na maroteira com estrangeiros?

5 - Os referendos sem força vinculativa têm força vinculativa nos casos em que a nossa opção ganhou?

6 - Mais abortos = menos meninos pobres na Ilha = menos realizadores de filmes "independentes" neerlandeses a visitarem a ilha = menos euros a rechear os cofres da Ilha. Esta equação está correcta?

7 - O Aborto da Ilha saberá que já estamos todos um bocadinho fartos de darmos dinheiro para financiarmos clubes de futebol da Ilha e jornais de propaganda partidária da Ilha, ao mesmo tempo que somos insultados?

8 - O Aborto da Ilha tem muitos fãs dele e do seu estilo no continente. Não seria possível que imigrassem todos para a Ilha?

9 - Se os portuguesses tivessem mesmo testículos, dos grandes e no sítio, algum Primeiro-Ministro, Presidente da República ou dirigente do partido do Aborto da Ilha já teria metido aquele grande filho da puta no seu lugar. Significa que ele tem razão?

10 - No próximo referendo, não podemos decidar dar a independência àquela merda?

PS - Vá lá, só usei dois palavrões: "merda" e "puta". Nada que não tivesse sido já dito no Parlamento da Ilha para insultar deputados de outros partidos.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Private Invader




Ok, vamos supor que por alguma razão incompreensível e insondável, o Bush resolvesse criar a sua própria, honesta versão do Private Dancer da Tina Turner.
Talvez lhe saísse algo assim (clicar aqui para comparar com a versão original):

All the Iraqis and Americans dying in this place
And the Iraqis and Americans are all the same
You don’t have to look at their faces
And you don’t care about their names

You don’t think of them as human
In fact you hardly ever think at all
You keep your mind on the money
Buried beneath the arid Middle Eastern soil


Chorus
I’m your private invader, invading for money
But blame it on Cheney ´cause I have a very low IQ
Blair’s my only friend; I’ve lied to the UN
No WMD, and I’m fuckin´American civil liberties too

I wanna make a gazillion dollars
I live in the house Clinton and dad had before me
I have Connie, Laura and two drunken, redneck children
Yeah, I guess they’re my rich-white-trash family

All the Iraqis and Americans dying in this place
And the Iraqis and Americans are all the same
You don’t have to look at their faces
And you don’t care about their names

Repeat chorus twice


Kill all sandniggas for petrodollars
American superior firepower will really fuck you
We’ve hanged Saddam by the collar
Too bad we can’t say the same about Osama too

Repeat chorus
(Sérgio de Andrade – 2007)

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Fim-de-semana alucinante

Devoto católico, o Engenheiro Fernando Santos foi este fim-de-semana derrotado duas vezes pelo VarSim.

NIN

Relativamente a este fim-de-semana em geral e a NIN em particular, só tenho a dizer que alcançam um grau extraordinariamente elevado na escala ducástica (para quem é iniciado na minha obra bloguística, “ducá” é uma neologia de minha lavra, que significa “do caralho”).
Faltam-me palavras para descrever o concerto. Os gajos são mesmo bons. Em CD e ao vivo! Não há mais nada para dizer!
Trent Razor y sus muchachos são um dínamo de energia a partir de um palco. Quando estás num concerto ao vivo e a meio da 1ª música já levaste 5 pontapés, 3 cotoveladas e cerca de 10 pisadelas, sabes que só podes estar num evento memorável!
O ambiente estava mesmo ao rubro, apesar do estranho cartaz à entrada que proibia mosh e crowd surfing. Mas a Mosh Police não andava por perto, por isso que importou isso? Eu sou bastante covarde, por sinal. Fico sempre muito à frente, mas não gosto de ficar na 1ª linha do mosh, prefiro ficar na linha de trás. E quem pode me censurar? Na 1ª fila arriscava-me a levar com uma bota na cabeça. Na 2ª ou 3ª fila estava a curtir activamente, mas na minha, sem riscos e…digamos que em 2 ocasiões diferentes aconteceram coisas bem mais agradáveis do que levar com um chute na cabeça.
Foi um fim-de-semana em cheio, no concerto a cervejinha era a verdadeira, a nortenha, a NOSSA Super Bock, houve bastante ervanário, maminhas ao léu, estive com amigos de Lisboa, amigos do Porto e amigos do Porto que vejo mais vezes em Lisboa que no Porto. Descobri uma moeda de 2 euros no bar do Coliseu dos Recreios, vi o Nuno Markl no Toys´R´Us do Colombo, e para finalizar em beleza, até o Varzim, de quem eu sou adepto desde pequenino (mas que só descobri ontem) ganhou. :D
Mas, brincadeira à parte, aqui fica o que eu gostei mais e menos no concerto:

O que gostei mais: De tudo! Trent quase em cima da 1ª fila na interpretação do Closer!
O facto de eles terem cantado a maior parte dos singles! Eu gosto de ouvir singles nos concertos, desculpem se ofendi. O facto de, ao contrário de outros concertos que eu poderia mencionar, não se terem ficado por desbobinarem o último álbum de princípio ao fim. O ambiente.

O que gostei menos: O facto de ter acabado tão depressa e não ter havido encore. Mas claro, há mais 2 shows hoje e amanhã. Pena eu não ser lisboeta (não acredito no que acabei de escrever!). A 1ª parte. Que raio de coisa era aquela? Às vezes pareciam os Madness dos anos 80, outras vezes pareciam mais banda para fazer o concerto de abertura dos Rage Against the Machine. E para terem reacção do público tiveram que estar sempre a perguntar: “Do you like NIN?” e alguém devia lhes ter gritado, “No, you idiots! We hate NIN, we´ve just come here to see YOU, Popus, or Populus or whatever your name is. Otherwise, we´d all be in Guimarães by now, watching Micakel Carreira at the Pavilhão Multi-Usos.” Olha, devia-me ter lembrado disso ontem!

PS – Quando cheguei hoje ao Porto, a 1a coisa que fiz foi votar. A 2ª foi pousar as malas. Literalmente. Parece que a isenção vai alcançar os 60%. Povo de merda! O referendo não será vinculativo, mas (e falando em PS), espero que o covarde governo PS do Sócrates faça o mesmo que o covarde governo PS do Guterres, ou seja, guiar-se pelo referendo, independentemente de este ser vinculativo ou não!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Previsão do meu fim-de-semana

Isto para mim,
Resume-se assim
Domingo é Sim
Sábado é:




























































































































































Olha, versejei! A fraqueza do meu verso só prova uma coisa...Andrade qualquer um pode ser, mas Eugénio de, não é quem quer! Aguentem os cavalos, vou só a Lisboa tomar um copo com o meu amigo Trent e já volto!














.

Por puro acaso, há dias fui cair no site de o que aparenta ser uma revista inglesa para a mulher socialite.
Eu gosto de mulheres socialites. Não têm nada a ver com essas gananciosas working girls que para aí andam, “ahdotrabalhoparaoginásioparacasaeugostomuitodeleraCosmopolitanadorava encontrarumdejeitomasosmelhoresousãocomprometidosousãogaysquemsabeumdiater filhosmascarreiraprimeiromeudeusjátenhorugasseráqueelevainotarsenãogostarquesefodaatéporqueaquilonãovaidaremnadaqueinvejadasminhasamigasporra”.
Nada disso. As mulheres socialite, respect! São o sal da terra e pilares da sociedade. Não têm nada na cabeça, mas têm os bolsos cheios da herança do papá e/ou porque souberam/sabem foder os gajos certos no local certo e na altura certo. Há que respeitar isso! E aparecem a mostrar as crianças em Andorra e Suiça no Inverno e nas Caraíbas no Verão (ou nas Fiji/Seicheles/a ilha exótica que esteja in este ano), participam em obras de caridade, festas temáticas, vernissages, vão a eventos culturais que seja fino assistir, e onde têm que ser vistas, tentam novos restaurantes exóticos…

Por acaso fui parar numa crítica a um restaurante português em Londres. O autor do artigo não gostou especialmente (deu-lhe um mediano/medíocre valor de 2,5 estrelas), e chegou a brilhante conclusão que a comida portuguesa é exactamente igual a espanhola (não existe comida espanhola. Existe cozinha galega, asturiana, castelhana, valenciana-catalã , navarra-basca…), mas ainda mais salgada. Tudo bem. Na mesa e na cama, gostos não se discutem! Como não aceitar que a mediterrânicamente oleosa comida portuguesa arranha as delicadas e eruditas papilas gustativas de um povo que gosta de comer com as mãos peixe frito e batata frita enrolada em papel de jornal e de comer empadão de fígado e rins de carneiro?

Porém, quando vais ler a crítica de um restaurante étnico e os primeiros 3/4 da crónica são para atacar gratuitamente o país de origem do dito restaurante, tu sabes que estás a lidar com um crítico imparcial e profissional. A ideia-básica a reter é que éramos uma potência e agora somos um zero à esquerda (e novidades?). Começa a dizer que a Inglaterra se tornou nossa aliada à 700 anos, porque mais ninguém queria ser amigo de Portugal (o que é mais ou menos o que a América faz com o Reino Unido hoje…) para acabar com esta frase lapidar: “Diga o nome de três portugueses que não tenham sido marinheiros”.

É engraçado…desde quando maior riqueza per capita tem influência no reconhecimento internacional? A Dinamarca é riquíssima. Eu só conheço 2 dinamarqueses famosos:
Hans Christian Andersen e o Søren Kierkegaard (e este último “é” um filósofo alemão, tal como Kafka “não é” um escritor checo). Diga o nome de um finlandês que não tenha inventado nenhum sistema operativo! Diga o nome de um holandês que não seja pintor! (a família de Anne Frank era alemã e Baruch Espinoza um judeu sefardita luso-espanhol).
E que caralhos têm tudo isso a ver com o facto do crítico gastronómico ter achado o presunto português muito gorduroso e salgado?

É triste ter-se sido rico e agora ser pobre. Mais triste ainda deve ser ter-se sido dono e senhor do mundo, e agora não passar do lacaio número um dos novos senhores do planeta.

*ethnic em inglês é tudo que não for anglo-saxónico, da mesma forma que world music é toda a música não cantada em inglês ou espanhol (que aí terá o nome de latino music).

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Reservoir Cats

Bloopers*:
O Scratchy deveria estar com uniforme da Polícia!
A orelha cortada deveria ter sido antes do banho de gasolina!







* que na verdade só o são se fizermos uma análise comparativa entre o filme original e este episódio do Itchy & Scatchy dentro deste episódio dos Simpsons. Se pensarmos nisto pelo que é (uma sátira/homenagem de Matt Groening ao Reservoir Dogs e ao SENHOR Tarantino), então uma adaptação liberal da famosa cena é justificada.

Percepção sensorial alterada

Portugal ganhou ao Brasil!, o Simão Sabrosa, de camisola vermelha!, marcou ao Helton (que isso não se repita esta época) e eu fiquei contente!, Cristiano Ronaldo aplaudido num estádio inglês que não Old Trafford!, Quaresma a jogar e bem, aquela camisa do Dunga...ou estamos na Twilight Zone, ou a bateria de antibióticos que ando a tomar tem uns efeitos colaterais muito interessantes.

Smylex

Sinto-me fresca, sinto-me leve, sinto-me protegida e segura. Tudo porque confio no meu banco!Agora com um maior poder de absorção do meu capital! E nem sinto nada!

Não serei o fã número um da globalização, mas considero que não existe nada de mal num bocadinho de iniciativa privada, desde que se estabeleça num quadro legal e seguindo um código tácito de ética empresarial.
Porém, alguns, embriagados pela ganância e sede de poder, quebram todo o tipo de leis, escrúpulos e princípios, esmagam quem ousa se cruzar no seu caminho, e criam verdadeiros impérios do crime num clima de total impunidade. Falo, como é evidente, da Banca e Seguros.

O problema com a Banca e Seguros é que é difícil vivermos sem eles. E eles sabem-no. O que torna ainda mais ridículo a publicidade dessas instituições. Para ser sincero, eu aprecio Marketing e Publicidade, mas a publicidade que a Banca e os Seguros fazem provoca-me uma náusea só superada pela da auto-promoção que a TVI faz todas as dias no Jornal da Noite.

Todo o marketing se baseia em fazer passar 2 idéias:
1º) Você precisa MESMO muito do produto que oferecemos e
2º) o nosso produto é MESMO muito melhor que o da concorrência.
O da Banca não poderia ser diferente, mas a meu ver usa e abusa dos estereótipos do marketing baixando a um nível quase caricatural.

Na publicidade bancária, toda a gente é muito simpática e sorri muito. Aliás é mais fácil encontrar dentes brancos e impecáveis num spot publicitário de um banco do que num da Colgate ou da Pepsodent.
Nos flyers, fotos de frente de tipos a sorrir de orelha a orelha, braços cruzados, como se abaixo do equador a sua glande estivesse a ser disputada taco a taco pelas línguas lambonas da Angelina e da Scarlett. Mulheres tão seguras, felizes e confiantes como se estivessem num anúncio de pensinhos higiénicos, enquanto vêem o George Clooney a efectuar um leeento strip-tease ao som de Joe Cocker.

Funcionários sorridentes recebem clientes sorridentes (embora a ideia de uma dentição natural, completa e limpa possa parecer estranha a clientes da CGD) num sorridente banco. No banco sorridente, não há demoras, nem filas de espera. O simpático, competente e prestável funcionário sorridente, espera sorridentemente os sorridentes clientes (sorridentes jovens, sorridentes famílias, sorridentes idosos), num ambiente agradável, limpo (sem nenhuma cinza, beata ou papel de Multibanco no chão). Por toda a parte, imagens de celebridades sorridentes. Afinal se uma actriz boazona ou um futebolista famoso recomendam esse cartão de crédito ou este banco, quem sou eu para não meter aqui todo o meu dinheiro?
A vida deveria ser como um flyer de um Banco. Uma história com fim, meio e princípio feliz. No nosso banco, gostamos de si. Gostamos mesmo de si. Me loves you long time! E somos melhores e gostamos mais de si que a concorrência. Não dá para ver pelos nossos sorrisos!?? Quer nos vender a sua alma para garantir os seus desejos? Consulte os nossos produtos de crédito e empréstimos (os bancos gostam de falar muito em "produtos", como se estivessem a vender alface, ovos ou leite), e seja bem-vindo ao maravilhoso mundo do endividamento! É mais ou menos Dante, mas sem a riqueza lírica. Tem algum dinheirinho extra? Deposite-o nas nossas contas a prazo. Nós fazemos milhões para nós a partir do seu dinheiro e depois damos-lhe uns trocados. Ou melhor, aplique-o. Assim sabemos que não pode mexer no seu dinheiro durante uns anos, fazemos ainda mais milhões para nós, e depois até lhe damos uns troquitos extra.
Quer ter coisas que não pode ter? Habilite-se aos nossos cartões de crédito! Tenha tudo o que quis já hoje, e pague quando Deus quiser (desde que Deus queira que pague regularmente todos os meses!).
Tudo no seu melhor interesse claro. Vá lá, arreganhe a tacha!
Quer se sentir seguro? Subscreva já as nossas apólices. E não se preocupe com a letra miudinha no fundo. É só jargão técnico que não lhe interessa, e sempre se poupa papel. De certeza que não quer pagar um extrazinho para ficar seguro de pragas de gafanhotos? Depois não se queixe.
Experimente já agora, o nosso seguro de vida. Assim já sabe que vale mais morto do que vivo, e a sua mulher fica a saber que se algo lhe acontecer – o Diabo seja cego, surdo e mudo – ela pode ficar milionária do dia para a noite! Vá, mostre lá esses esmaltes!

Mas não nos agradeça. Por quem sóis! Nós só fazemos isso pelo seu interesse. E sorrimos muito. Isso não chega?

domingo, 4 de fevereiro de 2007

A 11 de Fevereiro, lembrem-se: a vida é sagrada!


SIM, a vida de milhares de mulheres portuguesas que todos os anos arriscam-na e à saúde entregando-se aos cuidados de aborteiros oportunistas, em condições de higiene e saúde no mínimo duvidosas, isto se não tiverem condições financeiras para o fazerem em países realmente europeus e realmente do século XXI, é sagrada! SIM!

Ao contrário do que querem fazer crer as organizações “pró”-vida, e quem está por detrás delas (a começar pelo Cardeal-Patarata de Lisboa, o humorista que disse que a Igreja não se iria imiscuir no referendo), o aborto não é um crime. Um crime é dar à luz os bebés e atirá-los para o lixo, OU (o que é ainda mais desumano) atirá-los para uma existência plena de abusos psicológicos e físicos. Crime é violar, torturar e matar crianças que deveriam ser amadas!
O aborto deve ser evitado; mas se for mesmo necessário, é um direito e uma escolha da mulher!

Eu respeito a decisão de quem votar “Não”! É uma democracia, julgo, e como diria Voltaire a Rousseau: “Não concordo com o que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito a fazê-lo.”
Mas não posso aceitar argumentos que caiam no ridículo. Não posso aceitar que no século XXI alguns párocos ainda nos queiram vir ameaçar com excomunhões, ou dizer que uma criança de 10 anos tem mais possibilidades de se defender de uma agressão que um feto!!!
Para quê esses discursos? Eles acreditam mesmo que alguém vai mudar o sentido de voto com medo do Diabo??????? Ano 2000? A parte mais conservadora do Clero ainda nem em 1500 vai!!!
Acima de tudo não posso aceitar a hipocrisia da Igreja!
Dizem que a vida é sagrada, mas porque é que oficialmente toleram o aborto em casos de violação? Há anos atrás umas freiras foram violadas em África, e puderam interromper voluntariamente a gravidez. Porquê? Porque é que os fetos, inocentes do facto de serem fruto de violação, têm menos direito à vida que os outros fetos? Saberão estes senhores que a violação pode acontecer no leito conjugal, dentro dos sagrados laços matrimoniais?
Admiro a coerência de Fernando Santos, conhecido treinador de uma associação desportiva lisboeta. Ele é CONTRA todo o tipo de abortos, mesmo em caso de violação.
Isso SIM, é coerência e honestidade, e digo-o com toda a sinceridade, mesmo que discorde dele.

A questão ética-religiosa é a seguinte: a Igreja não é a favor da vida. A Igreja é a favor de TUDO que possa evitar, dificultar ou em última instância punir o sexo com outro intuito que não seja a reprodução!

Ao contrário do que pensam ALGUNS defensores do “Não”, as mulheres que optem por abortar não são putas levianas e assassinas. São seres humanos que podem ter cometido um erro, SIM, (“Uma vida não é um erro”, dirão alguns. Eu concordo. Mas conceber sem condições emocionais, psicológicas ou económicas é um erro, e dos grandes!) mas que têm todo o direito de o corrigir em condições dignas, limpas e seguras, sem estarem sujeitas a acusações criminais E a estigmatizações e preconceitos sociais.

A 11 de Fevereiro, lembrem-se disso, SIM!??

80s

Estes dias tenho ouvido muita música dos anos 80, em web-radio.

Por isso, resolvi ressuscitar o meu blog sobre os anos 80 (olha que bom!)

Por isso já sabes:

That 80´s Show is back!

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Está frio...

Um cego encontra-se perante uma bela estátua. Acariciando-a com as palmas das mãos, vai percorrendo cada centímetro, cada angulosidade, cada curvatura da obra, até visualizar no seu cérebro a forma. E chegou à conclusão que era bela, esta forma. Depois martelou suavemente com os nós dos dedos a estátua, e a sua audição feriu-se com o som do vácuo. Foi quando chegou à conclusão que a beleza da forma se acabava no silêncio e no frio da pedra.


Eu estava lá, e eu estar lá parecia fazer toda a diferença. Não se notou ao princípio mas depois, com o passar do serão. “Foi bom ouvir sons humanos outra vez naquela casa”, foi-me dito ao fim; e um silêncio sorumbático foi a única resposta que dei, e no meu âmago esse silêncio foi agridoce.

Estava feliz por ajudar, aquela felicidade que o é porque se confunde com o orgulho de (poder ser capaz de) ajudar…mas não deixei de estar triste por eles, e sobretudo por ela.
O calor que me dedicaram foi sincero e verdadeiro…e eu senti-o. Mas também senti que foi uma excepção, fui uma excepção. E senti frio!

Não há nada errado naquela casa…não deve faltar amor. Mas é tudo tão…FRIO! E silencioso…e o frio, e o silêncio e o tédio transbordam dos lares mais felizes. Não me atreveria a chutar a pureza alva da parede da sala…quantas baratas devem lá existir. E quantos esqueletos de tantos dias e tantas noites frias e silenciosas e entediantes.

Já em casa, preparo-me para dormir. Só, mas não me sinto sozinho. Sinto-me na minha toca, seguro e aconchegado do frio que se faz sentir; adormeço pensando no paradoxo que a Solidão é um jogo que se pode jogar a dois.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Jesus, Joseph and doggy-style Mary!!* Nooo!

You Are Most Like George H. W. Bush

You're considered boring by people that don't know you well. But like Bush senior, you do crazy things.
Maybe you'll end up banning broccoli in your house, or puking on the Prime Minster of Japan!



* Que é a minha quote favorita do Jarhead! Assim, já estou a falar de cinema, ou seja, a alargar o alcance temático do post, e a tentar disfarçar o facto de estar a encher esta merda com quizes, apesar de já ter dito que não os suporto. Mas lá está. Sou coerente na incoerência.

Scoop

E com este post retomo aquela antiga tradição de mandar os meus bitaites sobre filmes que vi. Desengane-se, porém, quem pensa que isto vai ser como antigamente, em que eu postava sobre toda e qualquer bosta que ia ver ao cinema. Sou uma pessoa mais criteriosa, e já há muito que me deixei de gastar o meu tempo e dinheiro – nem um nem outro são abundantes – em merda! Pelo menos faço por isso, mesmo que esse objectivo nem sempre seja alcançado.

Podem dizer que o homem está velho, acabado, que perdeu punch…é natural, a idade não perdoa, e após tantos e tantos filmes torna-se difícil manter o mesmo ritmo, e a mesma frescura, e a mesma originalidade. Mas que querem? Eu gosto muito do Woody Allen. E continuo a gostar. Não gosto por ser fino ou intelectualóide gostar do tio Woody, mas porque vou ver os filmes dele - alguns são melhores que outros, evidentemente - e me entretenho. Gosto dos filmes deles porque me entretêm, sim, mas não aquela sensação de divertimento acéfalo e vazio que nos invade depois de termos visto uma comédia idiota, um slasher movie sem categoria ou um blockbuster com mais marketing que conteúdo. Há dias falava com alguns amigos que não apreciam especialmente o tio Woody, e houve um que disse: “O Match Point sempre é melhor que o Scoop.” Como filme, concedo que sim. O argumento do Match Point é mais denso, mais twisted e – apesar de não ser um paradoxo de originalidade – é menos previsível que o Scoop. Match Point é um filme mais sério, e em termos de contextualização, mais “inglês” que Scoop, que apesar de também ter sido filmado no Reino Unido (o Velho Continente sempre valorizou mais Allen que o seu próprio país) poderia muito bem se passar na sua querida Nova York.
Mas a questão é que, apesar de eu considerar o Match Point um melhor filme (embora não dos melhores de Woody Allen), gosto mais do Scoop. E porquê? Porque o Woody Allen participa como actor. E eu gosto mais assim. Outro amigo meu disse que as personagens deles são sempre irritantes e sobretudo iguais. Mas evidente! Isso acontece porque as personagens dele…não são personagens! Seja qual for o nome que apresentem, as personagens são sempre o Woody Allen. Aquilo é o que o Woody é, aquilo é o que o Woody diria, aquilo é o que o Woody faria se estivesse na mesma situação da personagem.
Em Scoop, quando ele diz “I was born on the hebrew religion, but I converted to narcisism”, ou quando a Scarlett Johansson (que “A Ilha” seja lembrado como apenas um acidente de percurso numa carreira que se espera longa) lhe diz “For you, the glass is always half-empty” e ele responde: “No, for me it´s always half-full…of poison!”, ou ainda quando a personagem dele descreve o que gosta ou desgosta em Londres, ali sabemos que o filme parou e que estamos a escutar o verdadeiro Woody, o bom, velho, paranóico, neurótico, existencialista Woody. Gostei da sinergia entre a personagem dele (um ilusionista americano) e a da Scarlett (uma aspirante a jornalista americana que contacta através de um truque do mágico, com o fantasma de um famoso repórter morto, que a pode ajudar a encontrar o grande “furo” jornalístico que lance a sua carreira), e aprecio a versatilidade cinematográfica de Hugh Jackman.
O argumento, embora aligeirado, não é fútil, focando sobretudo na dicotomia entre a razão e a emoção, vontade e sentido do dever, o que desejamos e o que sabemos (ou tememos) ser certo, entre o que idealizamos e a realidade.

O melhor de Woody já lá vai? Talvez. Mas se todos envelhecêssemos assim, a decadência seria uma coisa maravilhosa!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Tenho mesmo que dar títulos a estes testes de merda da blogthings?

You Are a New School Democrat

You like partying and politics - and are likely to be young and affluent.
You're less religious, traditional, and uptight than most Democrats.
Smoking pot, homosexuality, and gambling are all okay in your book.
You prefer that the government help people take care of themselves.