sábado, 29 de setembro de 2007

Santana



Deus sabe que eu não me identifico com a ideologia política do PSD.
Deus sabe, e eu confirmo, que Santana Lopes foi o pior Primeiro-Ministro de sempre do Portugal democrático (embora nesse assunto o “engenheiro” ainda tenha uma palavra a dizer).

Porém, tal não me impede, nem impediu jamais de reconhecer Pedro Santana Lopes como uma pessoa culta, inteligente e bem-educada.

À humilhação “tvi-esca” a que foi sujeito por parte da direcção de programação da SIC Notícias, que interrompeu a sua entrevista só para a “não-notícia” da chegada daquele gajo que treinava o Chelsea a Lisboa, respondeu com a maneira mais correcta e cheia de classe que eu alguma vez testemunhei de mandar alguém foder-se.

“Vamos deixar Mourinho descansar?”


“Mourinho é uma figura importante do País?”

Puta que os pariu!

PS – por outro lado, claro que a chegada de Mourinho é notícia, uma vez que faz subir em exponencial o rendimento médio per capita nacional.

A 13 de Maio lá lá lá lá lá

Os jornalistas desportivos, esses Camões do lugar-comum, esses Shakespeares do cliché, esses Goethes do trocadilho previsível, esses Dantes da piadinha fácil fizeram questão de dizer quase todos que houve um milagre de Fátima quando o clube local eliminou na lotaria dos penálties o FC Porto da Carlsberg Cup (provavelmente a mais inútil competição do mundo), vulgo Taça da Liga, quando na verdade o verdadeiro milagre desse dia foi um árbitro admitir que errou em favor da equipa treinada por Camacho.

PS - o quarto segredo de Fátima é que o Jesualdo é um conas.

domingo, 23 de setembro de 2007

Viajar no Metro do Porto é uma experiência Kafkiana (parte 5 de 5)

5. Terça-Feira. 9 da manhã. O edifício volta a estar cheio de vida ou de gente. Frida chega, olha-o com ar culpado. Diz-lhe que o Sr. Claus partiu em viagem de negócios.
dois “camisas azuis” aproximam-se de José. Está na hora do julgamento!
Acompanhe-nos.

De volta ao velho edifício de Ramalde, José K. vê-se numa sala agora muito maior, um auditório onde muitos juízes de cabelos brancos o fitavam a ele. O juiz que o conheceu no Domingo presidia a sessão. E todos os juízes tinham a cara do pai de José K.

- Levante-se o réu. Sr. K., o senhor é acusado pelo Metro do Porto de conduta indigna e contrária ao bom funcionamento desta instituição.
- Mas porquê ou por quem!?
- Silêncio! Não cabe a nós dizer! Mas passageiros como o Sr. são uma tuberculose para esta Societat e para a Cidade. Não entende? As regras que criamos, a estrutura hierárquica, os seguranças, os homens dos bilhetes, a voz feminina que anuncia as estações, os maquinistas que não são vistos e se calhar nem existem, mas de qualquer maneira os comboios andam e andam pois não têm outra opção…tudo isso é feito para a conveniência e transporte do cidadão do Grande Porto. Não há nas nossas carruagens espaço para o individualismo, ou para livres pensadores como o Sr. Sente-se nos nossos bancos, leia o jornal Metro, pague o bilhete… e tudo se passa nos melhores dos Mundos. Porem o mal está feito e a sentença lavrada: Morte por apunhalamento!!

José K. : gritou:
- Mas como, mas porquê?
- O tempo de explicações acabou, Sr. K. Sofra as consequências dos seus actos irreflectidos.

Dois homens manietavam José, prendendo os seus braços enquanto um terceiro se aproximava com uma faca.

- Não terei direito a defesa?
- O advogado de defesa que o tribunal apontou para o defender, o Dr. Gregório Sousa infelizmente não pode estar presente hoje. Acordou indisposto, aparentemente transformado num insecto enorme e horrível.

“Exactamente como um cão! “ gritou José K. e o que se segue foram as suas últimas palavras:

(…)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

"Praya delus blues"

"Eles precisam de arranjar um bode expiatório", foi a opinião dos media britânicos sobre o facto da PJ portuguesa ter constituido os McCans "argueedas", "arguaydos", "argaydos" ou lá como eles dizem.

"As acusações seriam hilariantes, se não fossem muito graves", diz o advogado que vai defender o casal McCan.

Curiosamente, ambas as citações poderiam muito bem servir para classificar a campanha da imprensa inglesa contra o Cristiano Ronaldo, no rescaldo da derrota com Portugal nos quartos-de-final do Mundial 2006.

A minha opinião? Kate McCan deveria ter lido este livro:

Os grandes espíritos encontram-se



Esta imagem pode muito bem ter subsitituido a cena do "Clinton introduz o charuto na vagina de Lewinsky e depois leva-o à boca" como a coisa mais desapropriada e revoltante que alguma vez se passou na Sala Oval.

PS - quando José Sócrates confundiu o "Middle East" com o "Midwest", Bush viu estar frente a uma alma-gêmea. Recebido na qualidade de Presidente da UE, Sócrates prometeu a Bush o total apoio da Europa, caso fosse preciso o Ocidente declarar guerra ao Iowa, ao Ohio ou à Dacota do Norte (a do Sul é Aliada dos EUA).

domingo, 16 de setembro de 2007

Acerca do 11 de Setembro





Se os Islâmicos tivesse sentido de humor, talvez dizessem isto pelo intercomunicador:
"Good morning, ladies and gentlemen, this is your new captain Mohamed Atta al Sayed speaking. We are sorry for any disturbance our highjacking may have caused you. Please remain calm and seated, turn off all mobile phone, portable PC or any other electronic device you may be carrying, and keep your table on the upright position. We are now flying over Manhattan, at an altitude of 29,000 feet. It´s 8.43 in NYC and we expect to be crashing into the World Trade Center Tower 1 in about 3 minutes. On behalf of Allah, Muhammad we thank you for chosing Al Qaeda Airlines and hope to see you soon on other flights...NOT!! Thank you.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

11 de Setembro - o mundo não deveria esquecer


Salvador Allende: 26 de Junho de 1908 - 11 de Setembro de 1973

domingo, 9 de setembro de 2007

Vai pró Caravaggio!


E leva o Ricardo contigo!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Pavarotti RIP

Ano negro para a Arte...mas, com todo o respeito, olhe-se o lado positivo. A obesidade média na UE, e na Itália em particular, desceu muito hoje.

Onde o autor se atreve a dizer coisas altamente fodidas contra duas das figuras femininas mais queridas pelo imaginário do Mundo Ocidental

Andamos a ser bombardeados (um pouco por toda a parte) com a evocação do 10º aniversário da altura em que descobrimos que um Mercedes à noite em Paris não é tão assim tão seguro, altura também conhecida por algumas pessoas como a morte de Diana, aka Princesa do Povo, aka Queen of Hearts, aka (inserir aqui a tua própria alcunha pirosa).
A morte de Diana seria provavelmente um bom nome para um óleo de um pintor florentino da Renascença, mas como notícia não me parece algo de extrema relevância.
É certo que o mito e a idolatria nunca deixaram completamente a mentalidade humana, o que é bom, pois a imaginação e a fantasia impedem a total desumanização (e completa racionalização) do Homem.
Como vilões da Idade Média admirámos com reverente inveja os ricos e poderosos. Sonhamos com reis e princesas, e altaneiros castelos. Quando vemos que eles amam, sofrem, erram, pecam e morrem como nós todos, sentimos um misto de desilusão e carinho, reconhecemos-lhe a humanidade, ao ver a forma como a caprichosa e damocliana espada paira também sobre cabeças coroadas.

A Diana pode ter sido a melhor coisa que aconteceu aos Windsor. Mas o facto de não ter sido uma vaca com um coração de gelo como a Elisabeth II, não é motivo para eu a ter adorado em vida, nem de sentir a morte dela mais do que sentiria a de qualquer outra mulher colhida precocemente, deixando dois filhos. E muito menos de eu pensar que o 10ª aniversário da sua morte mereça tanta informação como a que gera a nível global.

Vejamos a sua vida. Casou-se com o gajo mais amorfo e desprovido de carisma que alguma vez esteve na linha sucessória para herdar o trono britânico (mesmo deste lado do canal pareço ouvir o barulho de Elisabeth I e Victoria às voltas nos túmulos). Não vou ousar afirmar se o casamento foi por amor. Mas parece haver muitas vozes que consideram que mais do que por Carlos, Diana estava apaixonado pela ideia do príncipe, pela ideia de vir a ser rainha consorte do Reino Unido. Foi atraiçoada por ele com uma mulher ainda mais repelente que a sogra(!) – e neste momento desculpem, mas voltei do WC após ter vomitado por que me passou pela cabeça que Camila pode ser melhor na cama do que Diana. Teve bulimia, vários amantes, e a rainha nunca gostou dela, porque não lhe perdoou duas coisas: a primeira ter um coração. A segunda ter ensinado aos filhos, que são seres humanos.
Não vou ser cruel ao ponto de insinuar que não tinha consciência solidária, e que lutou por causas nobres, como a luta contra a SIDA e as minas terrestres.
Mas isto é o que os membros das Casas Reais fazem. Afinal, eles têm que ocupar o tempo de qualquer maneira. Pronto, e morreu em Paris, o que sempre é mais lendário do que morrer em qualquer aldeola do norte da Inglaterra.
Posso reconhecer-lhe solidariedade. O que não implica que eu consiga aturar esta cambada de filhos da puta que não param de falar dela, em nome de audiências e lucro próprio.

Depois claro, há o 10º aniversário da morte da freira preferida de toda a gente. OK, a segunda preferida de toda a gente, depois de Maria von Trapp, a Madre Teresa de Calcutá. O mundo católico prepara-se para lhe atribuir a médio prazo o título de santa, o que se virmos bem, não é assim uma tão grande distinção, uma vez que qualquer patarata pode ser canonizado por Roma. Pois bem: eu não podia com a velha! Tudo bem que ia ajudar os pobrezinhos indianos, com lepra e não sei o que mais…mas por outro lado, numa visão nietzschiana, ela estava somente a desfrutar da sua posição de poder (da sua Der Wille zur Macht) e a usar a misericórdia para colonizar espiritualmente e subverter e destruir o sistema de crenças de muitos indianos (muitíssimo mais antigo que o dos cristão, btw). “Se sofrem, é porque Deus quer” era a sua citação favorita, segundo consta, enquanto usava o sofrimento dos pobres e enfermos da Índia como degraus na sua escada para os Céus.

Não me falem mais nelas por outra década, por favor. Obrigado!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Praga


Ponto de junção e intersecção e divergência de histórias, nações e povos. Coração no coração da Europa. Início do fim do Ocidente, a quem almejas voltar mas a quem não consegues evitar o olhar frio, distante e desconfiado, fruto dos teus humores, do feitio das tuas gentes e da tua história. Praga Dourada, é um prazer descobrir-te e percorrer os teus labirintos monumentais, em que cada casa, cada rua é uma ambígua obra de arte barroca a eternizar os Habsburgs mas também a tua herança eslava. Cristã e judia, ocidental e oriental, germânica e eslava, reminiscências socialistas e orgulho de integração rápida na EU, ambígua por excelência, dificilmente uma outra qualquer cidade do continente poderia haver parido um Kafka. Em cada rua vejo-lhe uma linha de texto, e em cada linha de texto de Kafka vejo-te, Praga. Vejo-te na beleza da ponte Carlos sobre o teu Vltava. Vejo-te na tua força cabalística esotérica, nos teus ghettos hebraicos medievais, no teu Golem protector.
Vejo-te no teu Castelo, jóia mais preciosa e querida do teu tesouro infindável, manchada de sangue pelo episódio da defenestração.
Vejo-te no teu âmbar.
Vejo-te no teu absinto verde e nas tuas Pilzners douradas.
Vejo-te nos lindos olhos azuis das tuas filhas.
Vejo-te nos teus cristais da Boémia, nos teus ovos decorativos e matrioskas, nos teu Menino Jesus de Praga de porcelana, no relógio da torre com procissão de figuras animadas de santos e a bênção especial do teu São Venceslau nas horas ímpares, no relógio duplo da torre da tua sinagoga velha.
És bela. Mas sinto-me oprimido pelo calor seco do teu Verão e tento imaginar como ainda deves ser mais espantosamente bela de Inverno, com toda a tua majestade alva de neve.

domingo, 2 de setembro de 2007

You are fuckin´ wrong, Eliot

September IS the cruellest month!:(