sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Telemarketing

"Espere, homem. Não faça essa cara. É verdade que são 6 da manhã no meu último dia de férias, mas olhe que falar sobre as vantagens de poupar €0,01 em mensagens para os números do meu operador de telemóvel de 3 a 5 de Setembro é-me muito mais agradável que descansar. Continue, continue..."

Para quem não sabe, eu urdi um plano que, mais cedo ou mais tarde terá como consequência inevitável a conquista total e absoluta do mundo. Não vou entrar em detalhes, mas terão notícias minhas dentro de década, década e meia. Aproveitem agora os poucos e incertos anos de liberdade! Sim, porque por trás dos meus pacíficos e doces olhos castanhos de napolitano esconde-se o azul frio e férreo dos olhos de um comandante das SS ou do Exército Vermelho de Stalin.

O meu regime totalitário irá levar a cabo o extermínio de certos e determinados grupos. Porém, os grupos não serão seleccionados por questões genéticas, ideologias políticas ou orientações sexuais, mas antes pela profissão que têm, visto esta representar um dano para a Humanidade em Geral.

Neste meu Endlösung utilitarista, no topo da lista têm que estar os operadores de telemarketing!

São 10 da manhã de sábado, um gajo está a dormir e telefonam a perguntar se deseja aderir a um banco de internet.

São 20 horas, um gajo está a comer e perguntam se quer mudar o tarifário do telemóvel.

São 23 horas, um gajo está a dar uma foda e perguntam se quer mudar o operador de internet!

BASTA! É chegada a hora de acabar com esta pouca vergonha! Quem são esses cretinos, cujo treino de formação transformou em pouco mais que autómatos felizes, cuja primeira aula é nunca aceitar um não como resposta, que declamam frases feitas e artificiais!? Fizeram-lhes uma lavagem cerebral, roubaram-lhes a humanidade que possuíam, conspurcaram-lhes a alma, e eles agora são máquinas, que seguem a rotina de trabalho, independentemente da hora a que for, e sem tomar em conta o facto de estarem a ser inconvenientes. Assaltam as pessoas na privacidade das suas casas, com números anónimos. Algures estamos todos listados e rotulados, etiquetados numa enorme base de dados, criada e gerida sabe-se lá por quem, a que esses pobres homens/máquinas têm acesso.

Na verdade, matá-los é um acto de caridade. Vamos praticar a caridade muiiiitoooo lentamente.

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