Relativamente ao novo Acordo Ortográfico que o Governo português quer impor à força e à pressa toda, eu só queria dizer: “Puta que pariu o Acordo Ortográfico”, e se eu digo “Puta que pariu o Acordo Ortográfico”, é porque “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” é a coisa mais politicamente correcta que se pode dizer.
E porquê? Desde logo porque “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” é uma afirmação imparcial, e não faz juízos de valores sobre a necessidade e timing da aplicação do acordo. De facto, que eu saiba, “puta”, “que”, “pariu”, “o”, “Acordo” e “Ortográfico” são palavras que não vão sofrer qualquer alteração com o Acordo Ortográfico (Puta que o pariu), por isso “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” não aceita nem refuta tacitamente o Acordo Ortográfico (Puta que o Pariu).
Uma vez assegurada a imparcialidade da frase “Puta que pariu o Acordo Ortográfico”, é de realçar a sua homogeneidade no mundo lusófono, porque “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” é uma frase que se lê, diz, escreve e se compreende da mesma maneira nos diversos padrões do Português, quer seja o de Portugal, o do Brasil ou o dos Países Africanos lusófonos.
Brincadeira à parte, eu afirmo que vou escrever “selecção”, “óptimo” e tudo como me ensinaram até o dia em que morrer. E se afirmo isso não é por nacionalismo patego (é preciso ser-se muito idiota para não nos apercebermos que, se hoje em dia o Português está entre as 10 línguas mais faladas no mundo e tem representatividade mundial, tal deve-se em cerca de 90% ao Brasil).
Faço-o porque a diversidade (e a diversidade está na génese da língua portuguesa. Latim, Celta, Provençal, Árabe, Germânico) e a multigrafia (passe o neologismo) fazem também a riqueza de uma língua. E Eça de Queiroz e Machado de Assis, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, Florbela Espanca e Érico Veríssimo, José Saramago e Jorge Amado (e já agora Carolina Salgado e Bruna Surfistinha) escreveram e escrevem cada um do jeito que foi ensinado, e não é por isso que deixam de ser lidos, compreendidos e admirados nos três continentes onde esta língua se fala.