domingo, 23 de setembro de 2007

Viajar no Metro do Porto é uma experiência Kafkiana (parte 5 de 5)

5. Terça-Feira. 9 da manhã. O edifício volta a estar cheio de vida ou de gente. Frida chega, olha-o com ar culpado. Diz-lhe que o Sr. Claus partiu em viagem de negócios.
dois “camisas azuis” aproximam-se de José. Está na hora do julgamento!
Acompanhe-nos.

De volta ao velho edifício de Ramalde, José K. vê-se numa sala agora muito maior, um auditório onde muitos juízes de cabelos brancos o fitavam a ele. O juiz que o conheceu no Domingo presidia a sessão. E todos os juízes tinham a cara do pai de José K.

- Levante-se o réu. Sr. K., o senhor é acusado pelo Metro do Porto de conduta indigna e contrária ao bom funcionamento desta instituição.
- Mas porquê ou por quem!?
- Silêncio! Não cabe a nós dizer! Mas passageiros como o Sr. são uma tuberculose para esta Societat e para a Cidade. Não entende? As regras que criamos, a estrutura hierárquica, os seguranças, os homens dos bilhetes, a voz feminina que anuncia as estações, os maquinistas que não são vistos e se calhar nem existem, mas de qualquer maneira os comboios andam e andam pois não têm outra opção…tudo isso é feito para a conveniência e transporte do cidadão do Grande Porto. Não há nas nossas carruagens espaço para o individualismo, ou para livres pensadores como o Sr. Sente-se nos nossos bancos, leia o jornal Metro, pague o bilhete… e tudo se passa nos melhores dos Mundos. Porem o mal está feito e a sentença lavrada: Morte por apunhalamento!!

José K. : gritou:
- Mas como, mas porquê?
- O tempo de explicações acabou, Sr. K. Sofra as consequências dos seus actos irreflectidos.

Dois homens manietavam José, prendendo os seus braços enquanto um terceiro se aproximava com uma faca.

- Não terei direito a defesa?
- O advogado de defesa que o tribunal apontou para o defender, o Dr. Gregório Sousa infelizmente não pode estar presente hoje. Acordou indisposto, aparentemente transformado num insecto enorme e horrível.

“Exactamente como um cão! “ gritou José K. e o que se segue foram as suas últimas palavras:

(…)

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