sábado, 29 de dezembro de 2007

Blue Christmas

Deveria ser proibido por lei divina, ou à falta dessa por lei humana, sujeita a contravenção a pesadíssima coima, alguém morrer antes dos 20 anos.
Foda-se, ninguém deveria morrer antes dos 50, ou dos 60, ou de qualquer idade em que tivéssemos quem nos chore. Uma multa exemplarmente pesada deveria ser a pena de quem ousasse violar a hierarquia etária.

O Natal estava à porta quando o coração dela morreu. De forma demasiado brutal, e inesperada. Demasiado tarde para não ter ainda começado a planear a ceia, demasiado tarde para não ter feito ainda a árvore, o presépio e outras decorações natalícias.

Uma mãe ver o filho morrer, é a maior tortura do universo. Pelo menos a maior tortura do universo que é a alma humana. Uma mãe ver o filho morrer de forma brusca, sem qualquer tipo de aviso prévio já apresenta requintes de sadismo. Uma mãe ver o filho morrer de forma brusca, sem qualquer tipo de aviso prévio, na véspera de Natal é o bastante para qualquer ser humano que se preze amaldiçoar Deus, o Destino, ou qualquer nome que quisermos dar ao conjunto de tudo quanto não conseguimos compreender, mas que não obstante, não podemos ignorar a presença, uma vez que percepcionamos o seu efeito em nós.

Mas talvez divago. Uma mãe ver o filho morrer é a maior tortura do universo. Ponto final. O resto para ela já não tem mais importância, são apenas variações que não conseguem, por terríveis que nos possam parecer, servir de artifício agravante a uma dor demasiado inumana.

Naquela noite, a mais fria de todas as noites, enquanto famílias felizes, bem aquecidas e seguras, trancadas atrás de portas hipócritas que não deixavam entrar o frio e a dor alheia, comiam e faziam a festa, acariciavam os seus petizes e sorriam com sorrisos afectados de algum orgulho quando viam a cara feliz que os seus entes queridos faziam ao desembrulhar os presentes, ela sabia que nem toda a palha de todos os presépios do mundo, nem o hálito de todas as vacas e burros do mundo poderiam já aquecer o frio corpo do seu filho. As únicas luzes de Natal naquela noite foram as luzes da ambulância, o seu trinado ferindo o silêncio das ruas desertas e ornamentadas. A cena era pascal, não natalícia. A mãe abraçando o corpo do filho partido, uma cruel Pietá humana. A única canção de Natal foram os seus soluços suaves, no quarto deserto, árias de sofrimento para orelhas surdas. As lâmpadas da árvore piscavam ainda, indiferentes. No presépio, as faces impassíveis do Deus Menino, da Virgem, S. José, Reis Magos e figurantes olhavam-na com olhos frios e desprovidos de qualquer compaixão.


A partir daquele dia, o seu coração morreu. Qualquer fugaz distracção ou alegria que tivesse, todos estes anos passados, acabava sempre da mesma maneira, noites solitárias na cama. Carpe diem, já que a noite é vazia. Qualquer coisa que nos dá prazer, uma festa, um telefonema, um encontro, um livro novo, um cinema, uma música nova…todos esses prazeres eram só patéticos paliativos. Mas o Natal era diferente. Era pior.
A partir daquele dia, a Quadra Festiva perdeu toda e qualquer magia. Não havia Pai Natal, Menino Jesus ou criança sorridente que redimisse o aniversário da maior das perdas. Nenhum redentor lhe daria a mão, lhe sublimaria as feridas reabertas. Ela estava sozinha, presa num mundo contra a sua vontade, e a alegria obrigatória soava-lhe como a maior das afrontas aos pedaços quebrados do seu coração. Ela não estava sozinha, havia pessoas com ela. Essas pessoas eram fortes, eram o seu rochedo, mas, oh!, quão fraco parecia esse rochedo contra as vagas tormentosas da sua muda revolta dolorosa. A aldeia de pescadores não está segura. Se ao menos as ondas fossem ainda mais fortes, fortes o suficiente para arrasar a aldeia. Mas não. A libertação não vinha de lado algum.

Seria menos penoso se houvesse qualquer tipo de esconderijo. Mas não. Não poderia ficar escondida no armário entre 15 de Dezembro e 6 de Janeiro. As festividades de Natal, os presentes, a árvore, a Ceia…tudo estava proibido naquela casa, salvo por um pequeno enfeite alusivo colocado na porta do seu apartamento. Esse enfeite, um pequeno círculo de vegetação plástica a imitar azevinho coberto de neve tinha duas razões de ser. A primeira era servir de memória, uma alusão à vida de alguém que partiu, para quem o Natal foi sempre algo de maravilhoso.
A segunda era o facto de ela, mesmo sentindo-se sozinha no meio da multidão, ou talvez por causa disso, não conseguir ultrapassar uma determinada preocupação pequeno-burguesa sobre aquilo que os vizinhos iam pensar. Ao colocar o enfeite festivo/fúnebre, ela mostrava-se forte, afastando e exorcizando o efeito de pena e compaixão que os vizinhos poderiam ainda ter por ela. “Ela está finalmente a colocar-se em pé novamente”, pensavam, e esqueciam-na, e voltavam para os braços da sua família.
O seu emprego não ajudava. Tinha que fazer atendimento ao público, numa grande loja comercial, por isso ela tinha que sorrir, falsificar sorrisos e mostrar-se alegre e bem-disposta, e desejar “boas-festas “ a todos, e ouvir “igualmente” e sorrir e falsificar sorrisos e mostrar-se alegre e bem-disposta. Uma vez, o chefe de secção achou que seria bonito obrigar os funcionários a usar um gorro de Pai Natal, com o logótipo da empresa. E ela face a mais esta escarradela na cara só pode sorrir, e falsificar outro sorriso, mesmo que o gorro fosse quente e apertado, desagradavelmente quente e apertado. Ela odeia o Natal, mas como fazer que o chefe de secção e a sociedade ocidental em geral a compreendessem?
Esta véspera de Natal, depois do expediente, ela irá colocar uma rosa branca na sepultura do seu único filho e sussurrar:

“Feliz Natal, filhinho. A mamã ainda te ama muito”.


Mas vinde, irmãos. A nossa presença aqui já não é bem-vista. Deixemos estes cenários lúgubres, tão pouco apropriados ao nosso espírito de celebração, e deixemos esta pobre mulher em paz. O voyeurismo não é a mais cristã das qualidades e temos casa e calor e amor, sítios alegres onde ir. Vinde, irmãos, voltemos a casa. Sejam felizes, desfrutem estes dias efémeros, consumam, comam, bebam, excedam-se, e que pensamentos sobre o sofrimento alheio não ofusquem as vossas Festas.

Relembramos os nossos caros clientes e irmãos que a época de saldos começa oficialmente a 28 de Dezembro. Ámen, irmãos!

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Smultronstället med socker


No episódio de hoje da tua série teen/pseudo-intelectual favorita:


Depois da lavagem ao estômago, Joca conta a Teresa um sonho recorrente em que, passeando por uma rua cheia de relógios sem ponteiros, vê uma carruagem funerária negra ter um acidente. Aproximando-se, vê que o morto é uma versão mais velha dele mesmo, que o segura pela mão e o tenta arrastar para dentro do caixão.
Joca diz a Teresa que interpreta agora o sonho como uma percepção muito grande da sua própria mortalidade latente, pelo que jura que quando sair à noite vai evitar meter pastilhas enquanto bebe shots.

Fred vai falar com o setôr de Matemática para o tentar convencer a repetir-lhe o exame. Em sua defesa, Fred afirma que o eminente divórcio dos pais, e a sua própria relação com Bé, fragilizada após uma discussão em que o casal não chega a um consenso sobre o facto de se poder inserir a Ética de cariz cristã de Søren Kierkegaard na Escola Existencialista do pensamento têm-lhe provocado uma angústia incompatível com o estudo de Logaritmos e Trigonometria. Porém, sempre frio e distante, o setôr afirma-lhe que o sofrimento mental não lhe merece respeito, e que se Fred sente a necessidade de masturbação verbal, deve procurar o auxílio de um psiquiatra.
Fred não tem outro remédio que declarar e assumir a sua própria culpa, inclusive a própria culpa de ser culpado.

Dani tenta engatar Vânia, sua prima e noiva de Fábio, irmão de Dani. Acabam por se beijar. Imediatamente Vânia atira-se ao chão e começa a chorar, acusando Dani de a ter desonrado, e de ter feito dela uma mulher desonesta. Afirma sentir pena de Fábio, que realmente a ama e pena dela mesma. Declara que não quer ver mais Dani, pelo menos até à hora de almoço. À noite, Dani e Vânia vão para a cama.

Carol fica assustada quando descobre que João e Diogo foram expulsos do shopping por andarem à porrada. Porém acaba por ficar desapontada quando descobre que não estavam a lutar por amor dela, mas por não chegarem a acordo sobre a existência ou não de Deus.

Chorosa, Vânia conta a Liliana – numa emocionante cena de 15 minutos - que não se consegue decidir entre Fábio - tão educado, gentil, sensível e que gosta tanto dela – e o seu irmão Dani, tão excitante, viril e rude, e que é um animal na cama. Liliana acena ligeiramente com a cabeça, diz que no fim todos morremos sós e abraça a amiga.

Jú conta a DJ que está grávida, e que quer manter a criança. Após um silêncio de 2 minutos, DJ tenta convencer Jú a fazer um aborto, afirmando-lhe que deve escolher entre ele e o bebé. Jú chama-o de covarde e egoística, mas DJ contrapõe que não há nada egoísta em não querer trazer uma nova vida a este mundo cheio de vazio e dor. Relembra a Jú que ele próprio é o fruto ímpio de um casamento infeliz forjado no Inferno, e que não sente nada, absolutamente nada para além de um asco incontrolável da existência. Jú pergunta-lhe no fim de contas o que é que ele quer, ao que DJ lhe responde?: “Eu? Eu sinto somente o desejo de estar morto, fofa. De estar total e completamente morto, gaja.”

Não percas esta semana, a tua Série Favorita de TV


Morangos Silvestres com Açúcar.

Aqui na tua TVI (Televisão Intelectualóide).


Morangos Silvestres com Açúcar.


Tu sabes porque gostas!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

No rescaldo do sorteio para a fase final do Euro 2008, algumas pessoas acharam que o grupo poderia ter sido maias fácil. Ignoro o que queriam.
Nós, portugueses somos um povo engraçado e intrigante, um povo de extremos, oscilando entre a alegria mais exarcebada, o optimismo mais disparatado e a depressão mais profunda, o pessimismo mais incrível, sem nunca ultrapasarmos o marasmo do nem carne nem peixe dos brandos costumes.
Suíça, Turquia, e República Checa.
Expliquem-me como poderia ser mais fácil. Poderíamos estar no lugar da Roménia, a medir forças com França, Itália e Holanda.
Suíça, Turquia e República Checa.
Mesmo com Nulo Gomes a ponta de lança, como não ganhar entre 6/7 pontos nesse grupo?

Francamente, se não ganharmos a uma futebolísticamente irrelevante Suíça (e que belo seria esmagar, face aos nossos emigrantes esses pequenos merdas neo-nazis helvéticos), e a uma esforçada Turquia, não merecemos estar lá. A República Checa é a única equipa que nos é igual ou mesmo superior, mas porque não esperar empatar ou mesmo ganhar?

Se bem que Portugal, na fase de qualificação, não conseguiu ganhar uma única vez à Sérvia, equipa que joga com Stepanov na defesa...

domingo, 2 de dezembro de 2007

Seven

Caros Luis Filipe Vieira, José Veiga, Carolina Salgado, Leonor Pinhão, João Botelho, Nicolau Breyner, Maria José Morgado, e outros que tal:




FELIZ NATAL!!!!!!!!!!!!!
ass.: Ricardo Quaresma

sábado, 24 de novembro de 2007

A Palavra de Mourinho

Naqueles dias, enquanto esperava pacientemente na fila para se inscrever no Centro de Emprego de Setúbal para requerer o Subsídio de Desemprego, o Profeta assim falou:

"Em verdade, em verdade vos digo: Um Euro sem a Inglaterra não é a mesma coisa que um Euro com a Inglaterra".

Como sempre, o Profeta tem razão. Todos vamos sentir a falta da Inglaterra.

Para a Suíça e para a Aústria um Euro sem libras esterlinas não é a mesma coisa que um Euro com libras esterlinas.

Para os amantes do "jogo bonito" um Euro sem a equipa que chuta da defesa directamente para o ataque não é o mesmo que um Euro com a equipa que chuta da defesa directamente para o ataque.

Para o saco testicular do Ricardo Carvalho, um Euro sem os pitons da chuteira do Rooney não é a mesma coisa que um Euro com os pitons da chuteira do Rooney.

Para os defensores do fair-play, um Euro sem o apoio incondicional e o ambiente de festa criado pelos apoiantes ingleses dentro e fora do estádio, humildes na vitória, dignos na derrota não é um Euro com o apoio incondicional e o ambiente de festa criado pelos apoiantes ingleses dentro e fora do estádio, humildes na vitória, dignos na derrota.

Para quem aprecia as boas-relações entre os povos, um Euro sem The Sun e o Dailly Telegraph a insultar os portugueses de "sardines", os espanhóis de "spaniels", os franceses de "frogs", os holandeses de "dirty dutch", os alemães de "huns", os austíacos de "nazi", os suecos de "bloody vikings", os italianos de "degos", os gregos de "gyros", os turcos de "wops" não é a mesmacoisa que um Euro com The Sun e o Dailly Telegraph a insultar os portugueses de "sardines", os espanhóis de "spaniels", os franceses de "frogs", os holandeses de "dirty dutch", os alemães de "huns", os austíacos de "nazi", os suecos de "bloody vikings", os italianos de "degos", os gregos de "gyros", os turcos de "wops".

Para toda a gente que esteja a ver a TV à hora de jantar um Euro sem um monte de hooligans a mostrar enormes e vermelhas barrigas de cerveja, enquanto batem nos locais, partem tudo, vomitam na rua e mijam na parede não é a mesma coisa que um Euro com um monte de hooligans a mostrar enormes e vermelhas barrigas de cerveja, enquanto batem nos locais, partem tudo, vomitam na rua e mijam na parede.

Entretanto, para além da indmnização do Profeta, o seleccionador inglês que vergonhosamente falhou a qualificação foi despedido com 4 milhões de euros de compensação. Quando for grande, quero ser um treinador de futebol falhado.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

TV

Hojé é dia Mundial da TV.

Em honra da "caixa que mudou o mundo" esperava que simbólicamente a TVI não transmitisse hoje. Infelizmente é assim.

domingo, 18 de novembro de 2007

Harry Potter e a Casa Pia


J. K. Rowling, anunciou recentemente que no último livro de Harry Potter, ficar-se-á a saber que Albus Dumbledore é gay.

Verdade seja dita, pessoas homofóbicas metem-me nojo. Mas autores oportunistas que usam argumentos desses, mostrando-se como pessoas altamente liberais (embora em pleno século XXI usem as siglas do nome porque acham que um autor feminino não tem tanto potencial de rentabilidade como um masculino/indefinido), com o intuito de provocar polémicas e tentar aumentar as vendas de algo, que só por si já vende milhões de cópias em todo o mundo, provocam-me ainda mais asco.

Se ela quisesse realmente provocar polémica, e uma vez que escreveu o primeiro livro da série no Porto, ela poderia escrever ainda mais um livro que demonstrasse todos os podres de Hogwarts, e retratasse a escola como uma espécie de Casa Pia.

Aqui ficam alguns excertos, em jeito de sugestão.


Angelus Enculatus:
Memoirs of an abused Wicca-Child

(…)so, you’ve read my books, saw my movies…you think you know everything about me, Harry P.. And yet, not everything you know is true. Some things are true, some are just lies. Ancient, powerful lies to hide the fact that Hogwarts is a den for pedophiles and all sorts of sexual predators. Behind all the glamour, potion classes, Quidditch matches, cute white messenger howls and talking hats there was a lot of tears and silent pain.

All of us children were excited at our first day at Hogwarts. Before the week was over, however, we were all too sure that in order to become wizards, we would have to endure seven hellish years of abuse, physical and psychological alike. I couldn’t sleep for a week, with what all the crying and stuff.

It was sure from the start that Dumbledore, headmaster of Hogwarts and a former abuser of my father, had taken a special fancy for me. I was sure of that by the way he always told me.

“Harry, do come into my office. My phoenix has arisen once more. Would you like to pet it?”

The first time around, I felt dirty. In time however, I grew to love Dumbledore. There was a connection there. I thought we had a special bound. You can imagine how sad I was when I caught him red-handed once, betraying me with my best friend. As he raped Ron over and over again, he kept saying:

“Dumbledore loves little red-haired dorks, he does”.

They’ve broken my heart.

From that point on, I was ice. All the beatings, all the rapes, all the He-Who-Must-Not-Be-Named crap, even the very death of my parents… none of that bothered me anymore.

(…) I think the worst of them all was Hagrid, the groundskeeper. See, he swinged both ways. Boys, girls, centaurs…he kept repeating the same mantra:

“Let´s go to my shack, I have a huge, hairy beast I would like to show you”.

One time, Hagrid and his retarded gigantic half-brother took turns at Hermione. Afterwards, they’ve spanked the poor girl within an inch of her life and pissed all over her inconscient body. She has been in a coma for the last 3 years, and she may never recover again.

(…) the worst part of it all was the fact that they kept trying to make us believe they were doing all this to protect us from Voldmort. Once, Dumbledore told me to go see Severus Snape. I can still recall Severus´ words:

“Ok, let’s be honest, Potter. I don’t like you and you don’t like me. You are not my type, as I am into blonde bad boys. But Dumbledore has told me to show you the way to defend yourself from Voldmort. In order to do so, I will now penetrate your mind. Please turn around, and let me just take my magic wand out. “

Voldmort was actually an agent from the British government who was investigating crimes of sexual nature in Hogwarts for decades now. My parents were willing to testify, but it just so happens that Dumbledore had them whacked and blamed Voldmort. The truth must be known. This terrible crime had all the support from the Ministry of Magic, as important members of the government were implicated in the rapes who took place at the school. My father,´s friend Sirius Black was spared, but afterwards his punishment was such that he now finds daily gang-rapes in the showers at Azkaban a walk in the park.

Abuse is a tradition at Hogwarts. Throughout the centuries many boys and girls were tortured and abused there. Even now, the talking painting of old do try to trick us into sex. This state of affairs has taken a toll on the students. Moaning Myrtle was driven to suicide. Luna Lovegood to madness. Me? I have grown an unnatural desire for blinding horses.
(...)
Eventually, by the time we were on our late teens, like Ron’s twin brothers, they started to lose interest in us. After all, fresh meat was coming in every year.
(...)
The saddest part of it all is the fact that nobody will ever be accused of anything, a bit as if the case was being investigated by the sardine-munching fellows at PJ. You see, Hogwarts is not really on muggle reality, so British and EU laws are not applicable here.

(…)

In short, personally, I miss Hogwarts. See, my uncle, aunt and cousin are such unbelievable and utterly boring mugglefuckers, 9 months of sodomy were better than 3 months at their place.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Suburbia

Em nome do Comité de Vizinhos, deixe-me dar a si e à sua família as boas-vindas ao nosso Wild Pines Boulevard, e desejar que vivam felizes na nossa urbanização durante muitos anos.

Sabe, Wild Pines Boulevard é o sítio onde todos os seus sonhos se tornam realidade!
Oh, não pense que o digo como uma frase de marketing do Sector Imobiliário. Afinal, o meu bom amigo já comprou a sua casa. Tampouco o digo como uma batida metáfora de boas-vindas.
Acredite, digo-o literalmente. Na urbanização Wild Pines Boulevard TODOS os seus sonhos se tornam realidade. Espero que a Agência Imobiliária o tenha avisado, e reforçado veemente essa característica da nossa feliz, pequena e pacata zona residencial suburbana. Todos os seus sonhos se tornam realidade. Está preparado para isso? Na verdade, é uma enorme felicidade o que se passa aqui, e com um bocado de esforço e experiência, podemos controlar os nossos sonhos, pensamentos e ambições menos agradáveis de forma a conservar o espírito de boa vizinhança que nos caracteriza. Com um bocado de auto-controle, poderá mesmo sublimar os pesadelos que tem ao dormir. Contamos consigo e esperemos que o faça, e que seja um excelente vizinho.

Não vou mentir. O Homem é um ser egoísta, e muitas vezes os sonhos dos vizinhos são antagónicos e incompatíveis. Quando tal acontece, não é raro que Wild Pines Boulevard entre em paradoxos. O próprio tecido da realidade é totalmente alterado, de tempos a tempos, na nossa comunidade. É inútil procurarem-nos por GPS. O que deve ser não é. O que é não deveria ser.
Felizmente somos todos amigos, e tudo volta ao normal.

Mas cá entre nós que ninguém nos ouve…a nossa felicidade é um fardo difícil de suportar. O Homem só aguenta o peso da mochila do Passado e a dureza e obstáculos da caminhada do Presente mantendo em mente a meta Futura. Fazendo planos, definindo objectivos, tendo ambições e sonhos. Uma vez alcançadas as metas traçadas, cumpridos os planos, atingidos os objectivos, saciadas as ambições, realizados todos os sonhos, que nos resta? Nada. Nada excepto um enorme buraco. Por medo que esse buraco nos engula, tentamos tapá-lo, enchendo-o de churrascadas de amigos e bens materiais. Fazemos barbeques na vizinhança para mostrar aos outros as nossas posses, despoletando-lhes invejas que eles satisfazem, convidando-os por seu turno a novos barbeques em suas casas, para nos mostrarem as sua posses. Entramos assim em competição. Os nossos Vazios iniciam nessa guerra fria material e cordial um viciante círculo vicioso.

Somos abertos e tolerantes. Conforme se lê na brochura, um elegante folheto publicitário com frases a dourado sob fundo negro e lindas fotos da urbanização, aceitamos de bom grado pessoas de todas as raças, credos e orientações sexuais. A aparente abertura de mentalidade mais não significa aceitação. Tolerar nunca foi aceitar. É somente o politicamente hipócrita, o redimir do peso na nossa consciência colectiva como Homens Ocidentais.

Estamos seguros. Somos vigiados. As ruas são seguras, pois todos os nossos olhos espreitam à noite, desde as persianas semi-cerradas. Por isso os nossos jardins são impecáveis. Debaixo dos tapetes verdes dos nossos jardins enterramos bem fundo os nossos podres e esperamos que os cães do vizinho não os venham desenterrar.

Agora que falo nisso…as frases douradas a ocultarem um fundo negro são uma bela metáfora de Wild Pines Boulevard. Uma ironia triste escondida sob uma coincidência estética.


Mas chega de pensamentos deprimentes! Sejam Bem-Vindos!
Com certeza que sim, meu amigo, todo o bairro ficará encantado em fazer em breve uma pequena soirée em vossa casa, para todos nos conhecermos um pouco melhor. Toda a gente trará um pequeno detalhe de boas-vindas.
Dentro de um mês haverá um concurso para ver quem tem o jardim mais bonito da vizinhança. O feliz vencedor será contemplado com uma pequena estátua de mármore italiano, de muito bom gosto. Verá…aqui somos todos amigos. Uma família grande…

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Tesourinhos Deprimentes

Todos os Domingos sigo religiosamente um cerimonial. Ver o "Diz que é uma espécie de magazine."

Porém, por razões que desconheço, por vezes os Gato Fedorento fazem gazeta e não é transmitido nada de novo, havendo repetição de episódios anteriores, algo que eles próprios já gozaram uma ocasião quando dizeram: "Desta vez é a sério, não é uma daquelas repetições que a RTP já fez 500 vezes".

Até aí tudo bem. Mas acho de mau gosto da parte da RTP colocar uma nota a dizer "Especial".
Não sabia que "Especial" era sinónimo de "Repetição".

Chávez vs. Borbón

Hugo Chávez, o quase-ditador democraticamente eleito da Venezuela, chamou ao antigo primeiro-ministro de Espanha, Jose Mari Aznar "fascista".
Não sei até que ponto um membro do PP espanhol, da Opus Dei, adepto do Real Madrid e leitor do jornal ABC como Aznar não considera isso como um elogio.
O caso é que o rei de Espanha resolveu ficar muito chateado e mandou Chavez calar-se. Suponho que Chavez ficou a saber como a imprensa livre da venezuela se sente.
Porém, não consigo perceber como é que Juan Carlos se chateou com Chávez. Eles têm muito em comum, uma vez que recentemente pressões da Casa Real de Espanha levaram à suspensão de uma edição da revista El Jueves.

PS - Alguém me explica o conceito de cimeira ibero-americana?
Alguém acha que Portugal tem muito a ver com países como El Salvador ou Nicarágua?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Real vs Ideal

"...costumo dividir os homens em três categorias: os que têm muito dinheiro, os que não têm nenhum e os que têm apenas um pouco. Os primeiros querem conservar o que têm: o seu interesse é manter a ordem; os segundos querem conseguir o que não têm: o seu interesse é destruir a ordem actual e estabelecerem outra que lhes seja vantajosa. Tanto uns como os outros são realistas, pessoas com quem podemos entender-nos. Os terceiros querem subverter a ordem social para conseguirem o que não possuem, tentando ao mesmo tempo conservá-la para que não lhes arrebatam aquilo que já têm. Assim, conservam de facto aquilo que destroem na idéia. Ou então, destroem de facto aquilo que fingem conservar. São esses os idealistas."

Jean-Paul Sartre
Le Diable et le Bon Dieu

sábado, 3 de novembro de 2007

Sem pingo (doce) de vergonha

Foto: Sérgio de Andrade - 2007/11/02

Interrupção da via pública a €0,00! Todos os dias...no sítio do costume!

La putaine respecteuse

Consta por aí que já chegou às salas de cinema o filme mais polémico e aguardado de todos os tempos, incrivelmente ignorado por Cannes, Veneza e Berlim, mas desde já apontado como principal favorito a arrebatar o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro da Academia de Hollywood, ano que vem.

Falo, evidentemente, de "Corrupção", realizado por...e escrito por.... Bem, para dizer a verdade não se sabe ao certo quem realizou e escreveu este filme filho de pais incógnitos, uma vez que o realizador e o argumentista, alegando um desentendimento artístico com o produtor recusaram-se a assinar a ficha. Mas corre o boato que o argumento é de Leonor P., née Leonardo Pinhão, conhecida jornalista e adepta encarnada (mas não necessariamente por essa ordem)e o filme foi realizado por aquele man que é casado com ela.

"Corrupção", que será o primeiro - e último - filme português que muitos milhões de portugueses verão, é uma "adaptação libre" de "Eu, Carolina", que curiosamente foi o primeiro - e último livro - que muitos milhões de portugueses leram na vida (inclusive, alguns até conseguiram ler até ao fim). Tal livro fou escrito por Carolin...digo foi ditado por Carolina, escrito por uma outra gaja qualquer e re-escrito por Leonor P..

Eu estou a falar de cor, pois não planeio comprar nem ler quer o filme quer o livro, já que o meu lema é:

"Time is money...and what little I have of either one is not to be spent away on shit."

Mas ao que me consta, o livro versa a história de Carolina, que passou de ser uma das mulheres mais odiadas pelo país ao estatuto de santa canonizada pela imprensa lisboeta, de tal forma que é de estranhar que o novo santuário de Fátima não tenha um altar dedicado a ela.

O filme, largamente patrocinado pela imprensa, conta com a participação de Nicolau Breyner como o enigmático "Sr. Presidente" e uma gaja qualquer no papel de Carol...digo, de Sofia.

Ora, o timing do filme não podia ser melhor. O "Sr. Presidente" está feliz a nível pessoal, e o seu clube com maior ou menor dificuldade vai de vento em popa, enquanto os seus adversários.... De tal maneira, que deixo aqui para apreciação de Leonor P. e do gajo que é casado com ela um esboço da sequela:

Corrupção II:

O processo judicial acaba por ilibar o "Sr. Presidente" e o seu clube. O "Sr. Presidente" acaba por casar com a mãe da sua filha, que foi esbofeteada selvaticamente por "Sofia". O clube do "Sr. Presidente" é o único em Portugal a singrar na Europa, e o campeonato nacional da liga pouco mais é que um treino para os seus jogos Europeus. Os seus rivais lutam pelo ambicionado título de vice-campeão nacional.
Incapaz de provar as acusações que faz, Sofia é a única que vai parar com os costados à cadeia, ficando na mesma cela de uma ucraniana de cabelo rapado e de 88 kilos que faz dela a sua bitch.
Vendo a filha Sofia na prisão, e sendo abandonado pela irmã gêmea desta, contra a qual proferiu acusações e insultos incríveis, o pai de Sofia enforca-se em casa.
Os inimigos do "Sr. Presidente" não sabem onde meter a cabeça. Leonor P. morre de overdose de azia, e o gajo que é casado com ela cai em coma profundo.
Quando acorda em Maio, vê o clube do "Sr. Presidente" ganhar pela terceira vez a Liga dos Campeões Europeus. Incapacitado de falar, gesticula nervosamente a implorar que lhe desliguem a máquina.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Open Letter to Tony Parsons

Should this post be read by any British citizen, do take no offense. Having been there on three occasions, I can say I really love the UK, and when I think about you I only think Shakespeare, Byron, Shelley, Beatles, Rolling Stones, Sex Pistols, Cure, Cradle of Filth, Steve Corgan, Joy Division, Eccho and the Bunnymen, Smiths, Monty Python, Alan Moore, etc...
I never think Thatcher, Blair or Tony Parson. I am also aware most of you do not condone this little "man"´s point of view or the gutter press. This is a satirical text, is all.





Tony Parsons, writer to British tabloid Daily Mirror saw fit to insult the Ambassador of a country with which the UK has a long tradition of bullying...err, I mean, of loyal amity and friendship. Here is his October 29 chronic, with some short notes from yours truly.


"Portugal's ambassador to Britain, Senor Antonio Santana Carlos, says that the Madeleine McCann case has seriously damaged relations between the two countries. Well, whose fault is that? "


Love the "senor". You forgot the "ñ", though. "Señor" would be perfect spanish. Too bad Senor Antonio Santana Carlos is portuguese.


It is the fault of the spectacularly stupid, cruel Portuguese police. I have never much cared for the convention of calling cops "pigs" or "filth", but I am happy to make an exception.
They have tried to cover their humiliation at coming nowhere close to finding that stolen child by fitting up her parents.


This coming from a country where the police has shot a Brazilian worker mistaking him for an Arab terrorist. A country where there are way, WAY more unsolved cases of children missing than in Portugal.


The decline in relations is also the fault of the appalling Portuguese media, happy to print any piece of poisonous trash spoon-fed to them by "police sources" treating the abduction of a small child as light entertainment.


You write in a BRITISH TABLOID! Enough said!


And the Portuguese public must also take their share of the blame. The sight of locals jeering at Kate McCann as she went in for questioning made me feel as though these leering bumpkins were not from another country, but another planet.


In your country, most people do not believe the McCanns are wholly innocent.

And the good ambassador can also be blamed for the decline in relations.
When he should be exercising a little diplomacy, he huffs and he puffs about the McCanns' tragic decision to leave their children sleeping alone on the night Madeleine was stolen.
"In Portugal we have the concept of a nuclear family," sniffs Senor Carlos. "That the families all live together."
They made a mistake, ambassador. Their lives have been wrecked. That is punishment enough, without your asinine, unwanted comments.
And I would respectfully suggest that in future, if you can't say something constructive about the disappearance of little Madeleine, then you just keep your stupid, sardine-munching mouth shut.
It would amaze you to know that Senor Carlos isn´t the only one who likes to munch sardines. In fact, some british women - and some men, I am sure - spending their vacations in Portugal love a good, long, greasy portuguese sardine. They say it is a most welcome change from their usual diet of ridicullous small, pinkish english sausages.

Razão e Sensibilidade

A instituição bancária que utilizo tem uma entrada algo...maçónica.
Ou seja, é preciso carregar num botão para abrir uma primeira porta, fechar essa primeira porta, repetir o processo numa segunda porta. Para sair, repetir o processo no sentido inverso.
Ora, estando eu hoje a sair de uma agência da dita instituição...maçónica, reparo num indivíduo com alguma dificuldade para entender que o botão rotulado com a palavra "Chamar" deveria ser premido para abrir a porta. Dotado do mais profundo amor altruísta judaico-cristão como sou, dirigi-me a ele e expliquei-lhe. O sujeito assim procedeu e entrou, sem me dirigir a palavra. Eu disse-lhe "OBRIGADO" de forma bem audível. Uma futilidade, na verdade. Duvido que alguém que não tem inteligência para operar uma porta automática nem sensibilidade e educação para dizer o que a etiqueta manda que nos saia naturalmente consiga compreender o fino toque da ironia ácida.

Note to self: o meu profundo amor altruísta judaico-cristão bem pode ir para a puta que o pariu.

Confúcio






"Confúcio diz: O Homem que ao chegar aos 40, 50 anos não tiver atingido nada, perderá todo o direito a ser respeitado".


Fico assim aliviado por saber que, no pior dos caso, tenho ainda 18 anos de margem de erro...

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Questão de Halloween

Foto: Sérgio de Andrade, 2007/10/27

A lua cheia durante o dia provocará dúvidas existencialistas aos lobisomens?


sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Lady M.


"I have all the characteristics of a human being: blood, flesh, skin, hair; but not a single, clear, identifiable emotion..."
American Psycho - Bret Easton Ellis

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Ora Bolas de Ouro!


"Madonna putana! Il principio della terza guerra mondiale ha impedito Kaka di vincere Il Coglione d´Oro!"


Adriano Galliani, Administrador-Delegado do AC Milan declarou:

"Se Kaká não ganhar a Bola de Ouro é o fim do mundo, já que foi Campeão Europeu!"

Três pontos:

- Eu acho que o Kaká é, muito provavelmente, o melhor jogador do Mundo neste momento, e que deveria realmente ganhar a Bola de Ouro do France Football. E um dia em que ele deixe o AC Milan para jogar num campeonato a sério como o espanhol ou o inglês, em que se joga futebol a valer, ao contrário da Serie A Italiana que nunca conseguiu ultrapassar definitivamente os tiques do catenaccio que tantos frutos rendeu, o seu talento será ainda mais potencializado.


- Numa altura em que há guerra em várias partes do Mundo, em que novas frentes de batalha prometem-se abrir em breve, e em que a Terceira Guerra Mundial é anunciada pelos psicopatas que tomaram de assalto a Casa Branca; numa altura em que as nações da Europa ameaçam diluir-se num Estado Federal contra a vontade da maior parte da população do Continente; numa altura em que os direitos e liberdades pessoais no Ocidente estão mais reduzidas e ameaçadas do que nunca...eu gostava de viver no país da fantasia de Adriano, onde as desgraças se limitam à não atribuição da Bola de Ouro a Kaká e o Armagedeão pode acontecer se um atleta de um jogo de equipe não ganhar um determinado prémio pessoal com a validade de um ano.

- Em 2004, Deco também ganhou a Liga dos Campeões Europeus com o FC Porto, e chegou ainda à final do Euro 2004 com a selecção de Portugal. A Bola de Ouro foi atribuida a Andriy Shevchenko. O avançado ucraniano nessa altura jogava ainda no AC Milan, onde não passou dos 1/4 de final da Champions, não ganhou a Serie A, e a selecção da Ucrânia nem sequer se apurou para o Euro 2004 em Portugal!

Por certo Galliani nessa altura não prognosticou o Apocalipse!

domingo, 21 de outubro de 2007

.





A rebelião vende. O individualismo hoje em dia é patrocinado por multi-nacionais de artigos de desporto e de junk food, e é produzido em massa em países do Sudeste Asiático, por crianças com menos de doze anos, a trabalhar por €0,12/hora.

domingo, 7 de outubro de 2007

Supernova


Já ouviu nas notícias? Morreu a estrela de Hollywood Cybill McAllister, née Anne Marie Stockton, 45 anos. Estava no seu 3º processo de divórcio e deixa dois filhos adolescentes. Não, aqui não diz de que morreu. Para que pergunta isso, meu bom amigo? São irrelevâncias. Sabe, a morte de uma celebridade È notícia. O facto de morrer é notícia, dá audiência, vende jornais. A partir daí, as causas são irrelevantes e as consequências de pouca conta, face à enormidade do acto de fenecer.
Mas não tem que se preocupar. Por certo foi algo de galante, tal como suicídio, overdose, ou intoxicação por excesso de silicone.
O que se sabe é que foi encontrada morta sozinha na sua cama, enquanto os filhos foram esquiar a Aspen com o pai, o 2º marido de Cybill, Matthias Hunyadi, afamado tenista húngaro.
Com certeza que os media não hesitarão em pintar um quadro desolador sobre o assunto: “A morte solitária de uma estrela”, já prevejo as parangonas. A estrela que morre solitária no meio de tanta riqueza material, contrastando de forma aberrante com solidão e vazio humano. Já sinto os olhos marejados. Mas que diz, caro amigo? O meu amigo, sempre com a sua frieza sardónica! Mas concordo, Cybill McAllister não é uma grande perda para a 7ª Arte. Os paparazzi vivem do brilho das estrelas, mas por vezes eles afastam-se dessas estrelas porque o seu brilho diminui e não os ilumina mais…e contudo, paradoxo dos paradoxos…só se lembram da antiga estrela quando o seu brilho se apaga definitivamente…mas sejamos francos, Cybill era uma actriz medíocre, para dizer o mínimo, e andava arredada da A-List há já vários anos…a verdade é que é pertinente questionarmo-nos se ela alguma vez esteve nessa lista. O único papel de destaque foi em “Frantic Desires”, um daqueles thrillers eróticos, cheios de violência e sugestões sexuais muito fortes…um daqueles filmes pretensiosos e básicos muito apreciados nos finais dos anos 80, inícios dos anos 90. Esse filme era realmente muito mau, mas ficou famoso pelas cenas tórridas entre Cybill e Kent Kornick. Depois disso, Cybill limitou-se em papéis em comédias e filmes de acção irrelevantes, ou então em papéis secundários em alguns filmes com algum conteúdo que exigissem para papéis femininos principais actrizes com mais carisma e talento.
Ano passado, ela tentou recuperar algum brilho que possa ter tido, alguma fama que possa ter granjeado, aparecendo em “Frantic Desires II”. Esse filme teve duas virtudes: demonstrar a invejável forma física que Cybill ainda tinha, e redefinir o conceito de mau filme. Já estou a ver a venda de “Frantic Desires” I e II a subir em flecha, no entanto.
As super-estrelas estão para além de nós, ou pelo menos assim o pensamos. Darmo-nos conta da sua mortalidade é um choque para muitos e lucrativo para alguns.

sábado, 29 de setembro de 2007

Santana



Deus sabe que eu não me identifico com a ideologia política do PSD.
Deus sabe, e eu confirmo, que Santana Lopes foi o pior Primeiro-Ministro de sempre do Portugal democrático (embora nesse assunto o “engenheiro” ainda tenha uma palavra a dizer).

Porém, tal não me impede, nem impediu jamais de reconhecer Pedro Santana Lopes como uma pessoa culta, inteligente e bem-educada.

À humilhação “tvi-esca” a que foi sujeito por parte da direcção de programação da SIC Notícias, que interrompeu a sua entrevista só para a “não-notícia” da chegada daquele gajo que treinava o Chelsea a Lisboa, respondeu com a maneira mais correcta e cheia de classe que eu alguma vez testemunhei de mandar alguém foder-se.

“Vamos deixar Mourinho descansar?”


“Mourinho é uma figura importante do País?”

Puta que os pariu!

PS – por outro lado, claro que a chegada de Mourinho é notícia, uma vez que faz subir em exponencial o rendimento médio per capita nacional.

A 13 de Maio lá lá lá lá lá

Os jornalistas desportivos, esses Camões do lugar-comum, esses Shakespeares do cliché, esses Goethes do trocadilho previsível, esses Dantes da piadinha fácil fizeram questão de dizer quase todos que houve um milagre de Fátima quando o clube local eliminou na lotaria dos penálties o FC Porto da Carlsberg Cup (provavelmente a mais inútil competição do mundo), vulgo Taça da Liga, quando na verdade o verdadeiro milagre desse dia foi um árbitro admitir que errou em favor da equipa treinada por Camacho.

PS - o quarto segredo de Fátima é que o Jesualdo é um conas.

domingo, 23 de setembro de 2007

Viajar no Metro do Porto é uma experiência Kafkiana (parte 5 de 5)

5. Terça-Feira. 9 da manhã. O edifício volta a estar cheio de vida ou de gente. Frida chega, olha-o com ar culpado. Diz-lhe que o Sr. Claus partiu em viagem de negócios.
dois “camisas azuis” aproximam-se de José. Está na hora do julgamento!
Acompanhe-nos.

De volta ao velho edifício de Ramalde, José K. vê-se numa sala agora muito maior, um auditório onde muitos juízes de cabelos brancos o fitavam a ele. O juiz que o conheceu no Domingo presidia a sessão. E todos os juízes tinham a cara do pai de José K.

- Levante-se o réu. Sr. K., o senhor é acusado pelo Metro do Porto de conduta indigna e contrária ao bom funcionamento desta instituição.
- Mas porquê ou por quem!?
- Silêncio! Não cabe a nós dizer! Mas passageiros como o Sr. são uma tuberculose para esta Societat e para a Cidade. Não entende? As regras que criamos, a estrutura hierárquica, os seguranças, os homens dos bilhetes, a voz feminina que anuncia as estações, os maquinistas que não são vistos e se calhar nem existem, mas de qualquer maneira os comboios andam e andam pois não têm outra opção…tudo isso é feito para a conveniência e transporte do cidadão do Grande Porto. Não há nas nossas carruagens espaço para o individualismo, ou para livres pensadores como o Sr. Sente-se nos nossos bancos, leia o jornal Metro, pague o bilhete… e tudo se passa nos melhores dos Mundos. Porem o mal está feito e a sentença lavrada: Morte por apunhalamento!!

José K. : gritou:
- Mas como, mas porquê?
- O tempo de explicações acabou, Sr. K. Sofra as consequências dos seus actos irreflectidos.

Dois homens manietavam José, prendendo os seus braços enquanto um terceiro se aproximava com uma faca.

- Não terei direito a defesa?
- O advogado de defesa que o tribunal apontou para o defender, o Dr. Gregório Sousa infelizmente não pode estar presente hoje. Acordou indisposto, aparentemente transformado num insecto enorme e horrível.

“Exactamente como um cão! “ gritou José K. e o que se segue foram as suas últimas palavras:

(…)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

"Praya delus blues"

"Eles precisam de arranjar um bode expiatório", foi a opinião dos media britânicos sobre o facto da PJ portuguesa ter constituido os McCans "argueedas", "arguaydos", "argaydos" ou lá como eles dizem.

"As acusações seriam hilariantes, se não fossem muito graves", diz o advogado que vai defender o casal McCan.

Curiosamente, ambas as citações poderiam muito bem servir para classificar a campanha da imprensa inglesa contra o Cristiano Ronaldo, no rescaldo da derrota com Portugal nos quartos-de-final do Mundial 2006.

A minha opinião? Kate McCan deveria ter lido este livro:

Os grandes espíritos encontram-se



Esta imagem pode muito bem ter subsitituido a cena do "Clinton introduz o charuto na vagina de Lewinsky e depois leva-o à boca" como a coisa mais desapropriada e revoltante que alguma vez se passou na Sala Oval.

PS - quando José Sócrates confundiu o "Middle East" com o "Midwest", Bush viu estar frente a uma alma-gêmea. Recebido na qualidade de Presidente da UE, Sócrates prometeu a Bush o total apoio da Europa, caso fosse preciso o Ocidente declarar guerra ao Iowa, ao Ohio ou à Dacota do Norte (a do Sul é Aliada dos EUA).

domingo, 16 de setembro de 2007

Acerca do 11 de Setembro





Se os Islâmicos tivesse sentido de humor, talvez dizessem isto pelo intercomunicador:
"Good morning, ladies and gentlemen, this is your new captain Mohamed Atta al Sayed speaking. We are sorry for any disturbance our highjacking may have caused you. Please remain calm and seated, turn off all mobile phone, portable PC or any other electronic device you may be carrying, and keep your table on the upright position. We are now flying over Manhattan, at an altitude of 29,000 feet. It´s 8.43 in NYC and we expect to be crashing into the World Trade Center Tower 1 in about 3 minutes. On behalf of Allah, Muhammad we thank you for chosing Al Qaeda Airlines and hope to see you soon on other flights...NOT!! Thank you.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

11 de Setembro - o mundo não deveria esquecer


Salvador Allende: 26 de Junho de 1908 - 11 de Setembro de 1973

domingo, 9 de setembro de 2007

Vai pró Caravaggio!


E leva o Ricardo contigo!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Pavarotti RIP

Ano negro para a Arte...mas, com todo o respeito, olhe-se o lado positivo. A obesidade média na UE, e na Itália em particular, desceu muito hoje.

Onde o autor se atreve a dizer coisas altamente fodidas contra duas das figuras femininas mais queridas pelo imaginário do Mundo Ocidental

Andamos a ser bombardeados (um pouco por toda a parte) com a evocação do 10º aniversário da altura em que descobrimos que um Mercedes à noite em Paris não é tão assim tão seguro, altura também conhecida por algumas pessoas como a morte de Diana, aka Princesa do Povo, aka Queen of Hearts, aka (inserir aqui a tua própria alcunha pirosa).
A morte de Diana seria provavelmente um bom nome para um óleo de um pintor florentino da Renascença, mas como notícia não me parece algo de extrema relevância.
É certo que o mito e a idolatria nunca deixaram completamente a mentalidade humana, o que é bom, pois a imaginação e a fantasia impedem a total desumanização (e completa racionalização) do Homem.
Como vilões da Idade Média admirámos com reverente inveja os ricos e poderosos. Sonhamos com reis e princesas, e altaneiros castelos. Quando vemos que eles amam, sofrem, erram, pecam e morrem como nós todos, sentimos um misto de desilusão e carinho, reconhecemos-lhe a humanidade, ao ver a forma como a caprichosa e damocliana espada paira também sobre cabeças coroadas.

A Diana pode ter sido a melhor coisa que aconteceu aos Windsor. Mas o facto de não ter sido uma vaca com um coração de gelo como a Elisabeth II, não é motivo para eu a ter adorado em vida, nem de sentir a morte dela mais do que sentiria a de qualquer outra mulher colhida precocemente, deixando dois filhos. E muito menos de eu pensar que o 10ª aniversário da sua morte mereça tanta informação como a que gera a nível global.

Vejamos a sua vida. Casou-se com o gajo mais amorfo e desprovido de carisma que alguma vez esteve na linha sucessória para herdar o trono britânico (mesmo deste lado do canal pareço ouvir o barulho de Elisabeth I e Victoria às voltas nos túmulos). Não vou ousar afirmar se o casamento foi por amor. Mas parece haver muitas vozes que consideram que mais do que por Carlos, Diana estava apaixonado pela ideia do príncipe, pela ideia de vir a ser rainha consorte do Reino Unido. Foi atraiçoada por ele com uma mulher ainda mais repelente que a sogra(!) – e neste momento desculpem, mas voltei do WC após ter vomitado por que me passou pela cabeça que Camila pode ser melhor na cama do que Diana. Teve bulimia, vários amantes, e a rainha nunca gostou dela, porque não lhe perdoou duas coisas: a primeira ter um coração. A segunda ter ensinado aos filhos, que são seres humanos.
Não vou ser cruel ao ponto de insinuar que não tinha consciência solidária, e que lutou por causas nobres, como a luta contra a SIDA e as minas terrestres.
Mas isto é o que os membros das Casas Reais fazem. Afinal, eles têm que ocupar o tempo de qualquer maneira. Pronto, e morreu em Paris, o que sempre é mais lendário do que morrer em qualquer aldeola do norte da Inglaterra.
Posso reconhecer-lhe solidariedade. O que não implica que eu consiga aturar esta cambada de filhos da puta que não param de falar dela, em nome de audiências e lucro próprio.

Depois claro, há o 10º aniversário da morte da freira preferida de toda a gente. OK, a segunda preferida de toda a gente, depois de Maria von Trapp, a Madre Teresa de Calcutá. O mundo católico prepara-se para lhe atribuir a médio prazo o título de santa, o que se virmos bem, não é assim uma tão grande distinção, uma vez que qualquer patarata pode ser canonizado por Roma. Pois bem: eu não podia com a velha! Tudo bem que ia ajudar os pobrezinhos indianos, com lepra e não sei o que mais…mas por outro lado, numa visão nietzschiana, ela estava somente a desfrutar da sua posição de poder (da sua Der Wille zur Macht) e a usar a misericórdia para colonizar espiritualmente e subverter e destruir o sistema de crenças de muitos indianos (muitíssimo mais antigo que o dos cristão, btw). “Se sofrem, é porque Deus quer” era a sua citação favorita, segundo consta, enquanto usava o sofrimento dos pobres e enfermos da Índia como degraus na sua escada para os Céus.

Não me falem mais nelas por outra década, por favor. Obrigado!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Praga


Ponto de junção e intersecção e divergência de histórias, nações e povos. Coração no coração da Europa. Início do fim do Ocidente, a quem almejas voltar mas a quem não consegues evitar o olhar frio, distante e desconfiado, fruto dos teus humores, do feitio das tuas gentes e da tua história. Praga Dourada, é um prazer descobrir-te e percorrer os teus labirintos monumentais, em que cada casa, cada rua é uma ambígua obra de arte barroca a eternizar os Habsburgs mas também a tua herança eslava. Cristã e judia, ocidental e oriental, germânica e eslava, reminiscências socialistas e orgulho de integração rápida na EU, ambígua por excelência, dificilmente uma outra qualquer cidade do continente poderia haver parido um Kafka. Em cada rua vejo-lhe uma linha de texto, e em cada linha de texto de Kafka vejo-te, Praga. Vejo-te na beleza da ponte Carlos sobre o teu Vltava. Vejo-te na tua força cabalística esotérica, nos teus ghettos hebraicos medievais, no teu Golem protector.
Vejo-te no teu Castelo, jóia mais preciosa e querida do teu tesouro infindável, manchada de sangue pelo episódio da defenestração.
Vejo-te no teu âmbar.
Vejo-te no teu absinto verde e nas tuas Pilzners douradas.
Vejo-te nos lindos olhos azuis das tuas filhas.
Vejo-te nos teus cristais da Boémia, nos teus ovos decorativos e matrioskas, nos teu Menino Jesus de Praga de porcelana, no relógio da torre com procissão de figuras animadas de santos e a bênção especial do teu São Venceslau nas horas ímpares, no relógio duplo da torre da tua sinagoga velha.
És bela. Mas sinto-me oprimido pelo calor seco do teu Verão e tento imaginar como ainda deves ser mais espantosamente bela de Inverno, com toda a tua majestade alva de neve.

domingo, 2 de setembro de 2007

You are fuckin´ wrong, Eliot

September IS the cruellest month!:(

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Viajar no Metro do Porto é uma experiência Kafkiana (parte 4 de 5)

4. Incrédulo, K. decidiu ir à Direcção-Geral de Die Metro von Porto falar pessoalmente com o Sr. Claus. Tratava-se sem sombra de dúvida de uma grande injustiça, de um qualquer ridículo engano, que se resolveria facilmente! Tentou contactar Otto no Domingo, mas não conseguiu.
Na 2ª-Feira, decidiu dirigir-se à sede da Metro, S. A. Encontrou lá uma mulher loura e esguia, que açoitava as faxineiras com um enorme chicote. Adivinhando tratar-se de Frida, dirigiu-se-lhe nestes termos:

- Menina Frida, importa-se de deixar de ser amante do Sr. Claus, e passar a ser minha amante, com efeito imediato?
- Oh, pois com certeza, amo-o desde que o vi.
- Posso falar com Claus?
- Posso-lhe mostrar Claus. E dirigiram-se a uma parede. Atrás de um quadro pendurado, havia um buraco. José K. olhou para um escritório minimalista. Um homem dos seus 50 e muitos anos, de farta barba negra encontrava-se sentado.
-Querido K., vamo-nos casar?
- Certamente, querida fraulen, tão somente eu resolva esta situação.

José K. esperou 5 horas seguidas por ser atendido por Claus.
Neste momento, Frida chegou com os dois agentes que tinham estado na casa de K. no sábado.
- Querido, estes são Artur e Jeremias. Vão passar a seguir-nos de um lado para o outro. Ordem de Claus.
- Exijo ser visto por Claus.
Artur sorriu:
- Ele tem piada, Jeremias.
E desapareceram os 3, deixando José K. confuso e enciumado.
Acabou por dormitar.
Foi acordado por Frida.

- Amor, 2 coisas. Primeiro perdeste a oportunidade de falar com Claus, ele acaba de sair. Em segundo, vou-te abandonar e passar a viver com o Jeremias, que se despediu e agora é empregado de mesa. Fica bem.

Sem saber o que fazer, José K. passa a noite a vaguear pelos longos, labirínticos corredores do edifício.

sábado, 18 de agosto de 2007

Ladri di biciclette


Uma verdadeira pérola da filmografia de Vittorio de Sica e do neorealismo italiano em geral, "Ladrões de Bicicletas" é uma tocante pequena história que retrata fielmente os anos duros da Itália do pós-guerra, a fome, o desemprego, a falta de oportunidades, o desespero extremado ao ponto de buscar evasão na oração e no recurso a videntes.
Antonio Ricci, um romano desempregado e com família para cuidar, pensa que a Sorte finalmente lhe sorriu quando o Centro de Emprego lhe oferece o lugar de colador de cartazes. Único senão: ele tem que ter uma bicicleta. Como a tivesse posto no prego, vai empenhar os próprios lençóis da cama para ter dinheiro para a resgatar. Porém, logo no primeiro dia quando colava o cartaz, um jovem rouba-lhe a bicicleta. Incapaz de contar a verdade à mulher, e a ter que voltar ao emprego o mais rapidamente possível, com a ajuda do filho e dos amigos percorre Roma numa busca desesperada pelas feiras, sabendo que não pode contar com a ajuda da Policia, que não tem pistas nem vontade de ajudar num caso para eles tão banal como o roubo de uma bicicleta, embora esse roubo possa pôr em causa o futuro de um homem. O desespero leva-o a procurar o auxílio da vidente a que a mulher recorria - contra a vontade dele - mas nem aí consegue resolver o seu problema.
Impressionante o retrato famélico e de derrotado pela vida do actor principal. Sobretudo em duas situações. A primeira quando ele reconhece o ladrão, mas é insultado e enxovalhado pelos vizinhos do bairro deste. A segunda quando ele decide - após ter visto como o filho mais novo de uma família rica que se banqueteava com uma lauta refeição lançava olhares de superioridade ao seu próprio filho, enquanto os dois tinham que se satisfazer com pão com mozzarella e uma caneca de vinho - que não pode desistir do seu sustento, e decide roubar uma bicicleta.
Acaba por ser apanhado, e mais uma vez se resigna, a derrota espelhada no rosto, a ser enxutado e ameaçado por uma multidão em fúria. Acaba por ser perdoado pelo proprietário da bicicleta que quis roubar.
E o filme acaba com ele e o filho a perderem-se no meio da multidão igual a eles, sem rosto, sem nome, sem futuro.
De uma sensibilidade extrema, sem nunca pisar o terreno dúbio da comoção fácil.

Battle Royale

Naquele contexto temporal típico dos filmes de acção/FC, "Num futuro não muito distante", não pós-apocalíptico mas com um cheirinho de cyberpunk qb, a actuação da juventude nas escolas e na sociedade nipónica é de tal maneira insustentável que o governo japonês promulga uma Acta que obriga todos os anos uma turma de uma qualquer escola secundária do país (escolha feita por sorteio aleatório) a deslocar-se para uma ilha isolada, em que só poderá haver um sobrevivente entre eles. O filme, promovido com a frase bombástica "Could you kill your best friend?" coloca os alunos e alunas na dramática situação de terem que matar os seus colegas para sobreviver. O sobrevivente aparece não só como um vencedor, mas sobretudo como um exemplo dos extremos a que os governos - personificado pelo professor, uma figura violenta e patética, gozado por todos os alunos, abandonado pela família, com uma paixoneta pela actriz principal - chegam para travar e condicionar a juventude (e a sociedade em geral!?)
Smells like A Clockwork Orange? Hum...não. É uma boa distracção evasiva, mas nada a ver com o livro de Burgess/filme de Kubrick

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Pecado Original




O livro do Génesis (felizmente nada a ver com Phil Collins), ínicio do Antigo Testamento, ou a primeira obra das 5 que perfazem a Tora judaica, alegadamente escrita por Moisés (e não, este link não te reencaminhou para nenhum site de orientação cristã, é mesmo o meu blog), e as suas características e consequências, pecado original, estigmatização milenar das mulheres, a Serpente, a maçã, etc., é a prova mais cabal que um ser superior e racional é um vírus no planeta, uma enorme nota dissonante e cacofónica no que doutra forma seria um mundo harmonioso e perfeito. O Sol ilumina este sistema solar, a Lua gira em torno da Terra, a Terra gira sobre si mesma e em volta do Sol, Dia e Noite, as quatro estações, gazelas e zebras mais do que suficientes para saciarem todos os leões, de forma que nem os leões se extinguissem nem as gazelas e zebras desaparecessem da face do planeta azul.


Porém, O Homem, esse organismo egocêntrico e virulento!


Na linguagem exagerada, floreada e alegórica da Bíblia, o Pecado Original é a metáfora que nota que o conhecimento e as nossas concepções do bem e do mal, pecado, culpa e remorso são as causas da nossa perdição, da expulsão do Paraíso que era a ignorância e o reino instintivo do Animal, já que no estado Animal seríamos mais felizes do que no estado Racional (e tenho conhecimento que o termo "mais felizes" não é - ironicamente - muito feliz, pois que "Felicidade" é um conceito que deriva da nossa própria capacidade sensitiva e intelectual). Diria antes que no estado Animal não estaríamos sujeitos a nada do que nos preocupa e aflige na nossa condição humana.


Correndo o risco de ser simplicista e redutor, diria que há três pontos que provêm da nossa capacidade de racionalizar e sentir, que contribuem para a nossa infelicidade humana:


1 - A noção do finito: Sabemos e sentimos que um dia vamos morrer, que as pessoas que amamos vão morrer (e no nosso egoísmo desejámos ir primeiro que elas), que as amizades, amores e coisas materiais que temos nunca serão eternas, pois na melhor das hipóteses duram até ao dia em que morremos. Como tal temos medo de morrer. Os animais têm sobretudo um instinto de auto-preservação, mas não um medo de morrer como os Humanos o conhecem.


2 - A sensação de perda: é horrível possuir algo e perdê-lo. É terrível assistirmos ao funeral dos que amamos. Sentir que tínhamos algo que era nosso por direito e sentir que alguém a tomou de nós. Sentirmo-nos esfaqueados na costa quando, onde e por quem menos esperávamos. Sermos assaltados pelas memórias do que de bom tínhamos, pelos remorsos de termos contribuído para essa perda. Alguns animais sentem a perda das crias ou dos pais, mas duvido que tenha um impacto na sua vida tão grande como na nossa.


3 - A Insaciabilidade: Uma das três regras de Hipócrates era "Todo o excesso é contrário à Natureza." Logo, o Ser Humano é contrário à Natureza. O animal não é racional, mas só come consuante o que o instinto lhe dita. Nós afirmámo-nos como racionais, mas mesmo assim a insaciabilidade não nos larga, mesmo quando estamos conscientes que tal coisa é prejudicial à nossa saúde. Quando atingimos determinado patamar, nunca deixamos de olhar para cima e desejar estar no superior. Quando temos certo rendimento, queremos sempre, sempre, sempre mais. Ganância, Inveja, Ciúmes, e todos os pseudos-pecados mortais da pseudo-igreja cristã.
Comemos mas queremos sempre comer mais, bebemos mas queremos sempre beber mais, fodemos mas queremos sempre foder mais, trabalhamos em excesso mas queremos sempre trabalhar mais, para subir mais do que o Zé do andar ao lado, para ganharmos mais que ele. Todos os dias da nossa interacção social (ou vida) negamos a nossa racionalidade para cometer actos que os animais irracionais no seu perfeito "juízo" nunca fariam. É tal o paradoxo humano.


A nossa percepção do Bem e do Mal leva-nos a idealizar conceitos de Felicidade pura e duradoira, uma meta que sabemos que nos é impossível alcançar. Por isso, como seres humanos buscamos naquilo que nos é querido a felicidade momentânea, quer seja na bebida, na droga, no sexo, na religião, no prazer estético da cultura e arte (e nesse campo tiro o meu chapéu ao Homo Sapiens) ou na interrelação com aqueles que nos são queridos. E realmente nada mais importa.

sábado, 11 de agosto de 2007

Robot Chicken

Genial! É tudo o que posso dizer após ter visto a 1ª temporada de Robot Chicken, série de animação em stop motion que utiliza brinquedos, criação de Seth Green (o pequeno e ruivo leprechaun mais conhecido pelos seus papéis de Scott Evil na série de filmes Austin Powers, de Oz na série de TV Buffy, the vampire slayer e por ser a voz de Chris Griffin em Family Guy) e de Matthew Senreich, editor-assistente da Wizard Entertainment, editora que publica várias revistas informativas sobre brinquedos, action figures, BD, anime e outras coisas do geekverse!

Tal como Family Guy, é um programa iconoclasta que destrói e ridiculariza memórias pop culture queridas de todos os que são children of the 80s, bem como satiriza situações, pessoas e factos mais recentes. Como toda a boa animação "adulta" tem um humor pesado, e não raras vezes escatológico. Ou seja, o que há para não se gostar em Robot Chicken!??

Ficam aqui 3 gostinhos da série. Michael Moore preocupado com a situação social dos brinquedos queridos de antigamente, Primus dos Transformers com cancro na próstata e uma visão Tarantinesca de Jesus Cristo vs o Coelhinho da Páscoa:





Blue Friday in Madchester


Anthony Howard "Tony" Wilson (20 de Fevereiro de 1950 - 10 de Agosto de 2007)

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Telemarketing

"Espere, homem. Não faça essa cara. É verdade que são 6 da manhã no meu último dia de férias, mas olhe que falar sobre as vantagens de poupar €0,01 em mensagens para os números do meu operador de telemóvel de 3 a 5 de Setembro é-me muito mais agradável que descansar. Continue, continue..."

Para quem não sabe, eu urdi um plano que, mais cedo ou mais tarde terá como consequência inevitável a conquista total e absoluta do mundo. Não vou entrar em detalhes, mas terão notícias minhas dentro de década, década e meia. Aproveitem agora os poucos e incertos anos de liberdade! Sim, porque por trás dos meus pacíficos e doces olhos castanhos de napolitano esconde-se o azul frio e férreo dos olhos de um comandante das SS ou do Exército Vermelho de Stalin.

O meu regime totalitário irá levar a cabo o extermínio de certos e determinados grupos. Porém, os grupos não serão seleccionados por questões genéticas, ideologias políticas ou orientações sexuais, mas antes pela profissão que têm, visto esta representar um dano para a Humanidade em Geral.

Neste meu Endlösung utilitarista, no topo da lista têm que estar os operadores de telemarketing!

São 10 da manhã de sábado, um gajo está a dormir e telefonam a perguntar se deseja aderir a um banco de internet.

São 20 horas, um gajo está a comer e perguntam se quer mudar o tarifário do telemóvel.

São 23 horas, um gajo está a dar uma foda e perguntam se quer mudar o operador de internet!

BASTA! É chegada a hora de acabar com esta pouca vergonha! Quem são esses cretinos, cujo treino de formação transformou em pouco mais que autómatos felizes, cuja primeira aula é nunca aceitar um não como resposta, que declamam frases feitas e artificiais!? Fizeram-lhes uma lavagem cerebral, roubaram-lhes a humanidade que possuíam, conspurcaram-lhes a alma, e eles agora são máquinas, que seguem a rotina de trabalho, independentemente da hora a que for, e sem tomar em conta o facto de estarem a ser inconvenientes. Assaltam as pessoas na privacidade das suas casas, com números anónimos. Algures estamos todos listados e rotulados, etiquetados numa enorme base de dados, criada e gerida sabe-se lá por quem, a que esses pobres homens/máquinas têm acesso.

Na verdade, matá-los é um acto de caridade. Vamos praticar a caridade muiiiitoooo lentamente.

sábado, 4 de agosto de 2007

Que filósofo existencialista sou?



You scored as Martin Heidegger, You are Martin Heidegger. You are a very wordy person that believes we classify objects by their function, and that community is essential. Once we are in a community, then it is possible for us to differentiate ourselves. You also might have sympathetic feelings towards Nazis.


Martin Heidegger

75%

Jean-Paul Sartre

61%

Friedrich Nietzsche

61%

Soren Kierkegaard

46%

Albert Camus

46%

Not An Existentialist

25%



Which Existentialist Philosopher Are You?

created with QuizFarm.com

Which Nazi Bastard am I?


You are Propaganda Minister
Joseph Goebbels

You are a loyal friend and a skilled speaker. You would support your Fuhrer even at the cost of your life and the lives of your wife and beautiful children.

You are definitely a bastard.

[ find out which Nazi Bastard you are ]

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Viajar no Metro do Porto é uma experiência Kafkiana (parte 3 de 5)


3. No dia seguinte, um sábado, K. é acordado por insistentes toques de campainha. Levantando-se, abre a porta e vê o seu quarto invadido por dois agentes com a letra “M” cosida a ouro na lapela do casaco.

- Senhor K., está a ser formalmente acusado pela Metro do Porto, S. A. .
- Perdão!! Acusado de quê?

Os homens riram-se.

- Senhor K., somos só os mensageiros. Não sabemos do que se trata, mas se Die Metro von Porto, S. A. o considera culpado, isso para nós é um facto inquestionável. Alguém pode ter andado a espalhar mentiras sobre si, quem sabe!? Mas Die Metro von Porto não se engana nunca. Como se pode enganar!? Aqui encontrará instruções!
- Instruções!!!?? De que fala!?

Os homens deixaram um grande envelope azul sobre a mesa.
- Tenho que os acompanhar?
- Por certo não, Sr. K.. É livre. Porém é acusado, o que implica que, fora do seu horário normal tem que obedecer ao estipulado por Die Metro von Porto, é tudo.

Despediram-se. K. abriu ofegante o envelope. Teria que se apresentar no domingo de tarde num tribunal, num edifício em ruínas no Bairro de Ramalde! Tentou sacar mais informações dos dois agentes, mas eles só sorriram e encolheram os ombros. K. telefonou a Otto, e ele convidou-o a passar por sua casa, perto dos Clérigos. Uma vez lá chegado, K. entrou numa casa pequena e pobre, onde crianças brincavam ruidosamente.
Otto sorriu:
- Sabe, sr. K., apesar de só o terem visto agora, a minha irmã Milena já o ama, mas a outra, a Dora, não o pode ver. No entanto, verá que Dora é a mais forte da família. Poderíamos ter evitado esta situação se Dora tivesse ido para a cama com Claus, mas rejeitou-o. Um erro que só se comete uma vez. Há-de ver que apesar de o desprezar, encontrará em Dora uma companhia mais agradável e uma confidente mais fiel que em Milena. Quanto ao processo que estão a mover contra si, nada posso dizer, excepto que só tem que se submeter a ele.

No dia seguinte, K. dirigiu-se ao bairro de Ramalde, e numa das habitações pareceu um Juiz que lhe disse que estava a ser formalmente acusado de comportamento indigno. Tornou-se inútil a K. perguntar ou querer saber mais.
- Meu amigo, Die Metro von Porto é regido por leis bem claras. Qualquer infracção que tenha cometido é com certeza de sua total responsabilidade, e, atrevo-me a dizê-lo, prova da sua culpa. Volte cá na 3ª-Feira às 9 horas, ser-lhe-á lida a sentença. Tenha um bom dia.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

The Simpsons


Eu não me consigo cansar dos Simpsons. Não é a minha série de animação favorita, que neste momento continua a ser o Family Guy (deixem-me ver o Drawn Together e o Robot Chicken, e eu depois digo-vos qualquer coisa). Mas, 18 anos depois, a magia amarela continua viva como sempre. Neste momento, eu já vi 13 temporadas. Falta-me ver os últimos 5 anos, mas quem tem visto diz-me que a qualidade não tem sido famosa. É natural. 18 anos deteriora muita coisa.
Ok, o filme não traz nada de novo. Como na maior parte dos episódios, o filme gira à volta do Homer, o verdadeiro anti-herói e personagem principal, destronando Bart que era o favorito da maior parte das pessoas nos primeiros episódios.
Como acontece nestes casos (veja-se Beavis & Butt-Head na América e South Park - o Filme), a animação é muito superior à da TV, com muitos cenários efeitos 3-D, e embora não haja linguagem ofensiva, há muitas coisas no filme que não passariam na TV (desde mostrarem a pilinha de Bart ao discurso iconoclasta de Homer no início), mas em termos de idéias, não passa mesmo de um episódio longo dos Simpsons.
Para mim isso basta-me. Se queres idéias novas, continua a rezar para fazerem um filme do Futurama. Now, that would be something to write home about!

Ladri di biciclette

Curioso. O grande evento estival out doors com o maior consumo de drogas ilícitas per capita não é nenhum festival musical de Verão, mas le tour de France

terça-feira, 31 de julho de 2007

Viajar no Metro do Porto é uma experiência Kafkiana (parte 2 de 5)

2. Entrou ainda com o café na mão, embora fosse expressamente proibido comer ou beber a bordo. O metro partiu antes dele ter tempo de se sentar nos bancos compridos laterais. Como resultado, metade do conteúdo do copo de plástico caiu-lhe nas calças, queimando-o ligeiramente, e no solo da carruagem. Irritado, José K. tenta-se limpar quando aparece o mesmo segurança alto, esguio de bigode grisalho e cruéis olhos azuis, lhe põe a mão no ombro e censura-o em voz alta como a uma criança.

-É por isso que é proibido comer e beber no Metro.

E vira-lhe as costas novamente. Desarmado e humilhado, José gagueja, e irreflectidamente faz tenção de mostrar o bilhete ao segurança. Virando-se novamente para ele, o “camisa castanha” disse:

- Meu amigo, não me elogie. Já lhe disse que não sou mais do que um mero "camisa castanha". É tudo o que sou ou poderei ser. Mas que seria de Die Metro von Porto sem nós? Mas já o avisei. O seu comportamento está a ser altamente reprovável. Agradeça não estar aqui nenhum “camisa azul”. Não seria agradável para si.

E a singular figura desaparece. K. sentiu-se angustiado. Sentiu-se perdido, cheio de angst. O quanto essa figura autoritária, que ora o desprezava, ora o humilhava em público lhe lembrava do seu próprio pai!
Perdido nos seus pensamentos, José K. mal notou no jovem magro e louro que se sentou a seu lado:

- Tem que ter cuidado, amigo. Por qualquer pequena falha, eles estão por cima de nós.

O jovem revelou chamar-se Otto, e vangloriou-se de ser paquete e contínuo em Die Metro von Porto!
José K. apresentou-se, e intrigado, perguntou como Otto tinha conseguido esse pequeno, e no entanto admirável emprego.
Otto disse que foi por piedade de Die Metro von Porto!

- Uma vez eu, os meus pais e as minhas irmãs Milena e Dora fomos à Loja do Cidadão para requerer uma mudança de BI. Depois de horas perdidos nos labirintos e lamaçais burocráticos dessa organização monstruosa, por fim dirigimo-nos para a Estação Estádio do Dragão, e queríamos ir para a Estação Fórum da Maia. Vimo-nos perdidos numa plataforma rodeada por 2 ou 3 linhas, e sem a menor ideia sobre que veículo tomar, uma vez que, na que deveria ser uma das principais estações, não havia nem um único mapa, embora houvesse 3 ou 4 máquinas de comes e bebes. Voltar para acima não era uma opção, visto que só havia 2 escadas rolantes, ambas para descer, e nenhuma forma para voltar ao conforto e ao ar livre. Perguntámos a um “camisa castanha” qual o comboio a tomar, mas ele remeteu-se ao silêncio. Disse que não era da sua competência dar informações, e que poderia ter problemas se fosse visto a falar connosco. Por fim tomamos o primeiro metro que chegou, mas lá dentro, apareceu um “camisa azul” que nos pediu os bilhetes. Quando lhe entregamos, começou a bradar: `Infâmia!´. Logo uma multidão nos cercou. O “camisa azul” disse que estávamos com um grave problema. O meu pai perguntou-lhe se a zona não estava correcta. Ele respondeu que sim. Perguntamos se não estávamos dentro da hora à qual temos direito, desde a validação do bilhete a viajar quantas vezes quisermos dentro dessa zona. Ele disse que sim. Por fim declarou que, na Estação Central da Trindade, deveríamos validar e re-validar o título quando e sempre façamos transbordo. Seguiu-se uma multa muito pesada, após um lento e complicado processo que minou a saúde de meu pai, e fez-nos perder a casa, os empregos e os amigos. Por fim foi-me oferecido esse pequeno emprego por Die Metro von Porto, de forma a permitir-me manter a minha família.
Die Metro von Porto tem sede na Avenida dos Aliados, ao lado da Burgomestria. Lá eu faço pequenos serviços variados que me são dados por funcionários menores. O director-geral é o senhor Claus, mas eu nunca o vi. Aliás, quase ninguém viu alguma vez o senhor Claus ou sabe sequer qual a sua aparência. Diz-se que só o Burgo-Mestre o conhece. As suas ordens só indirectamente me chegam. Lá também se vê alguns “camisas castanhas “ e “camisas azuis”, além de um vasto número de faxineiras.
A única pessoa que conhece Claus é Frida. Frida é uma ex-faxineira que se tornou amante de Claus. Agora ela é chefe dos serventes e é ela responsável pela gravação daquela voz irritante bilingue: `Próxima Paragem…Trindade! Next Stop…Trindade! A próxima Paragem…Trindade tem conexões com autocarros! The next Stop…Trindade has conection with buses !´

Intrigado com o que ouviu, José K. pediu o telemóvel do jovem. Tinha um tio advogado que talvez pudesse interceder…

- Oh não, sr. K. Sou muito feliz assim e só tenho que obedecer a Claus e a Die Metro von Porto !
Não há outra maneira, e porque deveria haver?

30 de Julho de 2007 - o dia mais negro do Cinema Europeu


...E no entanto, a dia da morte de um artista cujo nome, memória e obra olham com indiferença, incólumes, a lenta sucessão dos séculos, é um dia de alegria. O seu fenecimento, por paradoxal que a idéia seja, mais não é que um rito iniciático à Imortalidade.
RIP, Ingmar e Michelangelo e bem-vindos à Lenda.
(mas agora a sério, dois chegam. Daqui a pouco este blog vai parecer o Clube dos Realizadores mortos).

segunda-feira, 30 de julho de 2007

sábado, 28 de julho de 2007

Viajar no Metro do Porto é uma experiência Kafkiana (parte 1 de 5)

1. Eram 6 da tarde de um dia escuro em meados de Outubro, e José K., 35 anos, funcionário bancário de méritos injustamente pouco reconhecidos encontrava-se na plataforma de embarque da Estação do Metro da Casa da Música na Avenida de França, pronto a embarcar com destino à Estação de Sete Bicas na Senhora da Hora, onde se iria encontrar com Josefina B., cabeleireira que o distraía e confortava nas horas vagas e livres.

Como sempre, a aquisição (ou antes, carregamento) do bilhete foi uma experiência traumatizante. José K. não apreciava a máquina de bilhetes. Era preciso um curso intensivo para se familiarizar com todas as nuances, as pequenas especificidades do touch screen. Evidentemente que a informação não era muita. Resumia-se a um mapa na parede, onde a zona urbana da região do Grande Porto se encontrava segmentada em áreas multicoloridas, sendo atribuída a cada área uma letra (normalmente “Z”, “N” ou “C”) seguida de um número para identificar o tarifário do bilhete. José K. não queria de forma alguma ter que pagar uma multa, por isso estudava sempre minuciosamente o mapa. O que era desarmante é que lhe parecia que as letras, números e mesmo cores variavam de estação para estação. E ainda que, nesta mesma estação, as letras, números e cores nunca eram as mesmas de dia para dia. Atribui a isso cansaço mental, provocado por stress no escritório e no seio da sua família.

Introduziu o bilhete na máquina, viu que a última vez que o tinha carregado tinha sido com “Zona 3”, voltou a carregar mais uma viagem da Zona 3 (embora lembrava-se, ou parecia lembrar-se, que da outra vez que tinha estado com Josefina B. tinha pago somente 2 zonas. Porém, quem o poderia afirmar? Preferia pagar mais alguns cêntimos do que se meter em confusões com Die Metro von Porto!), voltou a tirar o bilhete.
Quando se preparava para pagar verificou que não tinha moedas trocadas. Como a máquina não aceitasse notas, dirigiu-se a um segurança, alto e esguio, de longos bigodes grisalhos que se encontrava de sentinela encostado à parede. Pegando numa nota de €5,00 perguntou-lhe se poderia fazer o favor de lhe destrocar.
Olhando José K. com gelados olhos azuis, o segurança disse somente:

- Não posso ajudá-lo. Mesmo que quisesse, não me é dada essa opção. Não sou mais aqui que um simples "camisa castanha".

José K. tentou obstar, mas o segurança só lhe disse:

- Meu amigo, quem pensa que é? Cada acção que faça dentro do Metro pode servir para a sua condenação!
E virou-lhe as costas. Perplexo, e não vendo mais ninguém na estação, José K. só teve a opção de introduzir o seu cartão de débito na ranhura destinada para o efeito. Meteu o cartão, tirou o cartão, mas ao introduzir o PIN, notou que os botões numéricos do Multibanco estavam muito presos e não reagiam, por mais força com que carregasse. Por fim a operação foi anulada por ter sido ultrapassado o tempo necessário para a operação. Suspirou. Voltou a introduzir e retirar o cartão e tentou martelar as teclas. Repetiu 2 ou 3 vezes a operação até finalmente, quando estava para desistir, conseguiu fazer a transacção.
Passou o bilhete na máquina de validação do Cartão “Andante” e desceu as escadas rumo à gare. Ali chegado, viu que o próximo metro chegaria daqui a 3 minutos. Para relaxar da aventura do bilhete, foi tomar um café numa das muitas máquinas de comes e bebes com que Die Metro von Porto dotou as estações subterrâneas. Tirou café a escaldar, quando ouviu a voz feminina automática:
“Estimado Cliente, o próximo veículo a dar entrada na linha …1 tem como destino a estação…Senhor de Matosinhos!”.
Atónito viu o comboio a arribar. Olhou para o placar electrónico. Por certo não deviam ter passado 3 minutos. Estarrecido, viu que o número de minutos escrito era “1”, embora só se tivessem passado poucos segundos desde a última vez que olhou.
“O Metro do Porto chega sempre a tempo” era a lei principal de Die Metro von Porto!

Viajar no Metro do Porto

terça-feira, 24 de julho de 2007

Finalmente um quiz sincero!




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