quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Só uma coisa...
A Telma Monteiro é a imagem do clube que representa. Foi armada em melhor do mundo, convencida pela imprensa de Lisboa que eram favas contadas, não fez nada lá fora e queixou-se da arbitragem.
terça-feira, 15 de abril de 2008
A maior (?) banda pop (?)
A rádio anuncia para o Pavilhão Atlântico "a actuação da maior banda pop do mundo".
Do mundo. O que eu gosto de superlativos. Os superlativos são a coisa mais fixe do mundo!
Mas enfim, ainda pensei que fosse uma merdeola do tipo a banda do Bono "olhem para mim, eu sou a estrela pop mais cool do mundo, e sou ao mesmo tempo um lindo menino irlandês católico, adepto do Celtic e bom pai de família, mas sou tão cool e tão fixe que se Jesus Cristo e John Lennon tivessem um filho, tinha que ser eu" Vox, mas afinal, a maior banda pop do mundo é...preparem-se:
Os Backstreet Boys!
Fiquei assim a saber duas coisas: que os Backstreet são os melhores do mundo em alguma coisa, e que ainda estamos em 1994.
Do mundo. O que eu gosto de superlativos. Os superlativos são a coisa mais fixe do mundo!
Mas enfim, ainda pensei que fosse uma merdeola do tipo a banda do Bono "olhem para mim, eu sou a estrela pop mais cool do mundo, e sou ao mesmo tempo um lindo menino irlandês católico, adepto do Celtic e bom pai de família, mas sou tão cool e tão fixe que se Jesus Cristo e John Lennon tivessem um filho, tinha que ser eu" Vox, mas afinal, a maior banda pop do mundo é...preparem-se:
Os Backstreet Boys!
Fiquei assim a saber duas coisas: que os Backstreet são os melhores do mundo em alguma coisa, e que ainda estamos em 1994.
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os merdia
Pensamento do Dia
Numa factura de um dos nossos fornecedores, ligado à venda a retalho e grosso de produtos alimentares, vinha escrito "cenoura" desta forma: "senoura".
Condicionalismo vegetal, ora aí está uma conceptualização nova e refrescante.
Condicionalismo vegetal, ora aí está uma conceptualização nova e refrescante.
domingo, 13 de abril de 2008
Gerry
Gerry M. vai ao Parlamento Europeu EXIGIR que o Governo Português mude a sua legislação. Ah, maldito século XXI! Ah, a saudade e a glória perdida de séculos passados, onde o único cidadão britânico que dava ordens ao Governo de Portugal era o rei de Inglaterra.
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Zoociedade e Poli-Tika
D´acordo?
Relativamente ao novo Acordo Ortográfico que o Governo português quer impor à força e à pressa toda, eu só queria dizer: “Puta que pariu o Acordo Ortográfico”, e se eu digo “Puta que pariu o Acordo Ortográfico”, é porque “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” é a coisa mais politicamente correcta que se pode dizer.
E porquê? Desde logo porque “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” é uma afirmação imparcial, e não faz juízos de valores sobre a necessidade e timing da aplicação do acordo. De facto, que eu saiba, “puta”, “que”, “pariu”, “o”, “Acordo” e “Ortográfico” são palavras que não vão sofrer qualquer alteração com o Acordo Ortográfico (Puta que o pariu), por isso “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” não aceita nem refuta tacitamente o Acordo Ortográfico (Puta que o Pariu).
Uma vez assegurada a imparcialidade da frase “Puta que pariu o Acordo Ortográfico”, é de realçar a sua homogeneidade no mundo lusófono, porque “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” é uma frase que se lê, diz, escreve e se compreende da mesma maneira nos diversos padrões do Português, quer seja o de Portugal, o do Brasil ou o dos Países Africanos lusófonos.
Brincadeira à parte, eu afirmo que vou escrever “selecção”, “óptimo” e tudo como me ensinaram até o dia em que morrer. E se afirmo isso não é por nacionalismo patego (é preciso ser-se muito idiota para não nos apercebermos que, se hoje em dia o Português está entre as 10 línguas mais faladas no mundo e tem representatividade mundial, tal deve-se em cerca de 90% ao Brasil).
Faço-o porque a diversidade (e a diversidade está na génese da língua portuguesa. Latim, Celta, Provençal, Árabe, Germânico) e a multigrafia (passe o neologismo) fazem também a riqueza de uma língua. E Eça de Queiroz e Machado de Assis, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, Florbela Espanca e Érico Veríssimo, José Saramago e Jorge Amado (e já agora Carolina Salgado e Bruna Surfistinha) escreveram e escrevem cada um do jeito que foi ensinado, e não é por isso que deixam de ser lidos, compreendidos e admirados nos três continentes onde esta língua se fala.
E porquê? Desde logo porque “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” é uma afirmação imparcial, e não faz juízos de valores sobre a necessidade e timing da aplicação do acordo. De facto, que eu saiba, “puta”, “que”, “pariu”, “o”, “Acordo” e “Ortográfico” são palavras que não vão sofrer qualquer alteração com o Acordo Ortográfico (Puta que o pariu), por isso “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” não aceita nem refuta tacitamente o Acordo Ortográfico (Puta que o Pariu).
Uma vez assegurada a imparcialidade da frase “Puta que pariu o Acordo Ortográfico”, é de realçar a sua homogeneidade no mundo lusófono, porque “Puta que pariu o Acordo Ortográfico” é uma frase que se lê, diz, escreve e se compreende da mesma maneira nos diversos padrões do Português, quer seja o de Portugal, o do Brasil ou o dos Países Africanos lusófonos.
Brincadeira à parte, eu afirmo que vou escrever “selecção”, “óptimo” e tudo como me ensinaram até o dia em que morrer. E se afirmo isso não é por nacionalismo patego (é preciso ser-se muito idiota para não nos apercebermos que, se hoje em dia o Português está entre as 10 línguas mais faladas no mundo e tem representatividade mundial, tal deve-se em cerca de 90% ao Brasil).
Faço-o porque a diversidade (e a diversidade está na génese da língua portuguesa. Latim, Celta, Provençal, Árabe, Germânico) e a multigrafia (passe o neologismo) fazem também a riqueza de uma língua. E Eça de Queiroz e Machado de Assis, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, Florbela Espanca e Érico Veríssimo, José Saramago e Jorge Amado (e já agora Carolina Salgado e Bruna Surfistinha) escreveram e escrevem cada um do jeito que foi ensinado, e não é por isso que deixam de ser lidos, compreendidos e admirados nos três continentes onde esta língua se fala.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Chamem a polícia, hum, hum, hum
O Mr Potato Head veio dizer:
"O sr. árbitro prejudicou a nossa equipa, hum, é preciso pôr a PJ em campo, hum, porque há resultados combinados. Hum."
Confesso que este discurso é desconcertante. Em primeiro lugar o Mr. Potato Head é o único sócio do FCP que esteve chateado no fim de semana.
Por outro lado, dizer que o Sr. L. Batista prejudica a equipa dele demonstra uma falta de memória e uma ingratidão muito grandes.
E finalmente, o Mr. Potato Head demonstra uma coragem e hombridade desarmantes a falar em resultados combinados, uma vez que o jogador do Boavista que falhou o penalty no domingo passado vai provavelmente ser transferido para a equipa do Mr. Potato Head no ano que vem.
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sábado, 5 de abril de 2008
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Uma lenda
Existe uma lenda - e as lendas são sempre mais interessantes que a verdade, ou quase – recorrente no tempo e no espaço, com ligeiras e previsíveis variações consoante a Era ou o país ou a pessoa que a conta. Essas pequenas variações não alteram contudo o espírito da lenda, que versa assim:
Existe no mundo uma língua moribunda. Actualmente já só existem duas pessoas capazes de a falar. Por manifesta infelicidade essa língua é a única que ambos conhecem. Isso nem seria muito grave, não fosse o caso de essa língua ser de origem desconhecida e não ter qualquer tipo de afinidade com qualquer outra língua viva ou morta que se conheça.
As poucas pessoas que ouviram essas duas pessoas a falar ficaram maravilhadas. Era uma língua linda, cantante, quase musical, com palavras línguo-labiais, com doce ditongos e nenhum som gutural ou profundo, parecendo composta quase totalmente do que chamamos, no alfabeto ocidental, de vogais.
Ninguém sabia a origem, mas cada qual tinha a sua teoria. O mais normal era, consoante a nacionalidade do narrador, atribuir à língua uma origem que lhe parecesse suficientemente estranha e exótica tendo em conta a sua concepção do mundo, i. e., que contrastasse gritantemente com o que lhe parecia comum e familiar. Dizia-se que era um dialecto africano, ou egípcio antigo, ou assírio, ou fenício, ou mesopotâmico, ou do extremo Oriente, ou uma língua nativa das Américas, ou europeia pré-ariana.
As teorias mais esotéricas e mais interessantes diziam que era a língua dos anjos, das ninfas e sátiros, ou de qualquer entidade supra-humana, ou que vinha de outro planeta ou que era a última reminiscência da extinta língua atlante. Pessoalmente sinto-me mais inclinado para esta última opção, não por ter nenhum facto concreto que fundamente a minha posição, mas simplesmente porque isso me excita mais a imaginação, e afinal não é essa a função primeira das lendas?
Como tal essas duas pessoas não tinham maneira de se comunicarem com ninguém, uma vez – e quando as coisas correm mal correm mesmo mal – que ninguém compreendia absolutamente nada dessa língua. Para piorar as coisas essas duas pessoas nem mesmo se tinham uma à outra, pois não se conheciam e viviam até em partes separadas do mundo. Como não conseguissem falar com ninguém, a conclusão lógica é que também não sabiam ler. Isso limitava ainda mais as suas vidas. Sem nenhuma outra maneira de se fazerem entender, e sentindo as mesmas necessidades básicas – fisiológicas e sociais – de qualquer ser humano, na posse das suas faculdades, tiverem que aprender a língua dos mudos.
Eram pobres, uma vez que as suas dificuldades de comunicação associadas ao analfabetismo involuntário limitavam as suas condições de vida. Entre as suas parcas posses, tinham entre eles cerca de 60 volumes de livros escritas na sua bizarra língua.
As letras em que esses livros estavam impressas eram estranhas também, e diz-se que eram de um alfabeto ignorado e que não correspondia a nenhum que esteja ou tenha estado em uso. Mesmo não sabendo ler, adoravam ver as páginas, imaginando o que significariam. Seria literatura de cordel, ou obras que fariam empalidecer aquelas que são consideradas as obras-primas fundamentais da humanidade? Livros importantes ou temas banais? Ficção ou segredos que resolveriam alguns dos maiores mistérios do mundo, e seriam a resposta às preces do ser humano? Estariam a ver livros de culinária ou a tratados políticos que irradiariam a fome e a pobreza e a guerra?
Como não sabiam, contentavam-se em admirar as letras. Estas eram principalmente arredondadas, mas a principal ideia a reter é que a construção das frases, ou seja, a disposição dos símbolos no papel, ou não seguia nenhuma lógica, ou então tinha regras de métrica e de gramática insondáveis. Por vezes as frases pareciam escritas da esquerda para a direita, outras da direita para a esquerda. Por vezes estavam escritas na horizontal, por vezes na vertical. Em alguns casos as frases pareciam serpentear. Páginas totalmente preenchidas eram interrompidas por espaços em branco de dimensão imprevisível. Talvez fosse espaços entre capítulos. Ou não. A distância entre as palavras e entre as letras nem sempre era igual, também. Em casos extremos, embora raros, as frases chegavam mesmo a aparecer na diagonal, em sentido ascendente ou descendente, e por vezes até pareciam fazer círculos, enrolando-se sobre elas mesmo e sobrepondo-se a outras frases.
Tudo isto eles viam, mas não sabiam compreender. Limitavam-se a admirar frases, escritas por alguém que existiu em tempos. Um dia ambos decidiram contar as letras do alfabeto. Após algum tempo, um chegou à conclusão que o alfabeto tinha 20 letras. Outro, largas centenas. Mas é provável que ambos estejam errados. É que havia variáveis que não tomaram em consideração. Letras maiúsculas e minúsculas, por exemplo. Diferenças de grafia. O facto do alfabeto poder ser iconográfico, por exemplo.
Mas isso não importava muito.
Um dia também eles morreriam e estes livros seriam a única coisa que impediria que a sua raça, varrida da história, fosse também varrida da lenda. As suas mentes eram simples, mas eles percebiam o importante que seria guardarem aqueles livros. Até porque cada um, desconhecendo a existência do outro, considerava-se o último de uma raça à beira da extinção.
Um belo dia, em que o Destino estava especialmente caprichoso – ou quem sabe somos injustos e o Destino não é caprichoso, é frio e racional e não emotivo e segue para cada um uma lógica de natureza inatacável – encontraram-se os dois à mesma hora numa mesma rua de uma mesma cidade em um país que era estrangeiro para cada um deles, e onde ambos se encontravam por motivos bem diferentes.
Não diz a lenda – já se sabe que a lenda não se deixa vulgarizar com detalhes mesquinhos – como aconteceu, mas ambos se reconheceram como falantes da mesma língua e ali mesmo começaram a falar. E a alegria deles aumentava ao verem como o encadeamento do diálogo era melódico e harmonioso. Cada frase que um proferia o outro contestava de uma forma que as palavras de um e de outro se uniam de modo a criar uma melodia que ecoava de forma tão aprazível quanto um suave piparote num cálice de cristal puro. A conversa era alegria e música e frescura e sol e pinho selvagem e Natureza no seu estado puro, intocado, não corrupto.
As pessoas primeiro abrandavam o passo. Começavam a virar-se cabeças. A voltarem para trás. Até que uma pequena multidão, ignorando todo o decoro e conveniência social parou em redor dos dois e começou a olhar fixamente. Ou melhor, não olhavam. Escutavam. Sentiam. E nessa noite muita gente entre os que assistiram, mesmo que não fosse conhecido pelo seu sentido Estético e pela sua inclinação para a poesia, contou em casa como viu dois seres, mais celestes que terrenos fazerem música sem cantar. E como a alegre sinfonia estrelar transfigurou um pequeno e feliz grupo de transeuntes, num arrebatamento hipnótico – tal era a intensidade do prazer sensorial auditivo – que era pouco menos que – à falta de melhor palavra – um feitiço. E nas suas palavras foram contando como esse feitiço fez com que a alma – novamente, na falta de melhor palavra – de cada um abandonasse o corpo, e se fundissem todas numa única alma. E como essa nova alma foi docemente erguida à estratosfera, onde acarinhou nuvens e pegou, com as mãos em concha em mãos-cheias de estrelas que lhe escorriam por entre os dedos como areia. E como no instante seguinte essa alma caiu vertiginosamente e se fragmentou e cada um voltou a ter a sua alma, sentindo-se esmagado mas completo. Tudo numa questão de segundos. E ainda como esse processo se repetiu e repetiu e repetiu continuamente durante a conversa. E como toda a gente pensou que isso se tivesse passado durante anos, embora a conversa tenha durado pouco mais ou menos que 10 minutos terrestres.
A lenda conta – mas isso já não acredito – que essa felicidade foi paga bem cara e que as testemunhas viverem menos alguns anos do que era suposto. Mas mesmo que tenha sido verdade, duvido que alguém achasse que não valeu o preço.
Mas a conversa parou de repente e a magia morreu e cada um voltou ás suas vidas. Os dois falantes da língua moribunda caíram num silêncio opressor, cumprimentaram-se friamente e viraram as costas. Nunca mais se viram. Tudo isso se passou há mais de um século. Dizem…
Não se sabe o que levou dois seres tão especiais a se separarem. Quando não há certezas, abundam conjecturas fúteis. Vejamos as mais interessantes.
Alguns pensam que o facto de cada um estar habituado a um certo silêncio e isolamento fê-los logo perceber que não se sentiriam à vontade num mundo que os com prendesse, mesmo que esse mundo só tivesse mais uma pessoa.
Outros acham que foi o facto de cada um ter percebido que não tinha a honra de ser o único e o último representante de algo que foi, talvez, grandioso.
Outros afirmam que palavras são uma forma de expressão de sentimentos humanos, mas não a única e que meras palavras não criam empatia onde nenhuma existe.
Ainda outros pensam que as duas personagens, desabituados da convivência, não se deram conta que discutir Política, Religião ou Futebol é pernicioso e não socialmente aceitável.
O que é certo é que mais ninguém ouviu aquela estranha língua. E a Humanidade ficou mais pobre.
Existe no mundo uma língua moribunda. Actualmente já só existem duas pessoas capazes de a falar. Por manifesta infelicidade essa língua é a única que ambos conhecem. Isso nem seria muito grave, não fosse o caso de essa língua ser de origem desconhecida e não ter qualquer tipo de afinidade com qualquer outra língua viva ou morta que se conheça.
As poucas pessoas que ouviram essas duas pessoas a falar ficaram maravilhadas. Era uma língua linda, cantante, quase musical, com palavras línguo-labiais, com doce ditongos e nenhum som gutural ou profundo, parecendo composta quase totalmente do que chamamos, no alfabeto ocidental, de vogais.
Ninguém sabia a origem, mas cada qual tinha a sua teoria. O mais normal era, consoante a nacionalidade do narrador, atribuir à língua uma origem que lhe parecesse suficientemente estranha e exótica tendo em conta a sua concepção do mundo, i. e., que contrastasse gritantemente com o que lhe parecia comum e familiar. Dizia-se que era um dialecto africano, ou egípcio antigo, ou assírio, ou fenício, ou mesopotâmico, ou do extremo Oriente, ou uma língua nativa das Américas, ou europeia pré-ariana.
As teorias mais esotéricas e mais interessantes diziam que era a língua dos anjos, das ninfas e sátiros, ou de qualquer entidade supra-humana, ou que vinha de outro planeta ou que era a última reminiscência da extinta língua atlante. Pessoalmente sinto-me mais inclinado para esta última opção, não por ter nenhum facto concreto que fundamente a minha posição, mas simplesmente porque isso me excita mais a imaginação, e afinal não é essa a função primeira das lendas?
Como tal essas duas pessoas não tinham maneira de se comunicarem com ninguém, uma vez – e quando as coisas correm mal correm mesmo mal – que ninguém compreendia absolutamente nada dessa língua. Para piorar as coisas essas duas pessoas nem mesmo se tinham uma à outra, pois não se conheciam e viviam até em partes separadas do mundo. Como não conseguissem falar com ninguém, a conclusão lógica é que também não sabiam ler. Isso limitava ainda mais as suas vidas. Sem nenhuma outra maneira de se fazerem entender, e sentindo as mesmas necessidades básicas – fisiológicas e sociais – de qualquer ser humano, na posse das suas faculdades, tiverem que aprender a língua dos mudos.
Eram pobres, uma vez que as suas dificuldades de comunicação associadas ao analfabetismo involuntário limitavam as suas condições de vida. Entre as suas parcas posses, tinham entre eles cerca de 60 volumes de livros escritas na sua bizarra língua.
As letras em que esses livros estavam impressas eram estranhas também, e diz-se que eram de um alfabeto ignorado e que não correspondia a nenhum que esteja ou tenha estado em uso. Mesmo não sabendo ler, adoravam ver as páginas, imaginando o que significariam. Seria literatura de cordel, ou obras que fariam empalidecer aquelas que são consideradas as obras-primas fundamentais da humanidade? Livros importantes ou temas banais? Ficção ou segredos que resolveriam alguns dos maiores mistérios do mundo, e seriam a resposta às preces do ser humano? Estariam a ver livros de culinária ou a tratados políticos que irradiariam a fome e a pobreza e a guerra?
Como não sabiam, contentavam-se em admirar as letras. Estas eram principalmente arredondadas, mas a principal ideia a reter é que a construção das frases, ou seja, a disposição dos símbolos no papel, ou não seguia nenhuma lógica, ou então tinha regras de métrica e de gramática insondáveis. Por vezes as frases pareciam escritas da esquerda para a direita, outras da direita para a esquerda. Por vezes estavam escritas na horizontal, por vezes na vertical. Em alguns casos as frases pareciam serpentear. Páginas totalmente preenchidas eram interrompidas por espaços em branco de dimensão imprevisível. Talvez fosse espaços entre capítulos. Ou não. A distância entre as palavras e entre as letras nem sempre era igual, também. Em casos extremos, embora raros, as frases chegavam mesmo a aparecer na diagonal, em sentido ascendente ou descendente, e por vezes até pareciam fazer círculos, enrolando-se sobre elas mesmo e sobrepondo-se a outras frases.
Tudo isto eles viam, mas não sabiam compreender. Limitavam-se a admirar frases, escritas por alguém que existiu em tempos. Um dia ambos decidiram contar as letras do alfabeto. Após algum tempo, um chegou à conclusão que o alfabeto tinha 20 letras. Outro, largas centenas. Mas é provável que ambos estejam errados. É que havia variáveis que não tomaram em consideração. Letras maiúsculas e minúsculas, por exemplo. Diferenças de grafia. O facto do alfabeto poder ser iconográfico, por exemplo.
Mas isso não importava muito.
Um dia também eles morreriam e estes livros seriam a única coisa que impediria que a sua raça, varrida da história, fosse também varrida da lenda. As suas mentes eram simples, mas eles percebiam o importante que seria guardarem aqueles livros. Até porque cada um, desconhecendo a existência do outro, considerava-se o último de uma raça à beira da extinção.
Um belo dia, em que o Destino estava especialmente caprichoso – ou quem sabe somos injustos e o Destino não é caprichoso, é frio e racional e não emotivo e segue para cada um uma lógica de natureza inatacável – encontraram-se os dois à mesma hora numa mesma rua de uma mesma cidade em um país que era estrangeiro para cada um deles, e onde ambos se encontravam por motivos bem diferentes.
Não diz a lenda – já se sabe que a lenda não se deixa vulgarizar com detalhes mesquinhos – como aconteceu, mas ambos se reconheceram como falantes da mesma língua e ali mesmo começaram a falar. E a alegria deles aumentava ao verem como o encadeamento do diálogo era melódico e harmonioso. Cada frase que um proferia o outro contestava de uma forma que as palavras de um e de outro se uniam de modo a criar uma melodia que ecoava de forma tão aprazível quanto um suave piparote num cálice de cristal puro. A conversa era alegria e música e frescura e sol e pinho selvagem e Natureza no seu estado puro, intocado, não corrupto.
As pessoas primeiro abrandavam o passo. Começavam a virar-se cabeças. A voltarem para trás. Até que uma pequena multidão, ignorando todo o decoro e conveniência social parou em redor dos dois e começou a olhar fixamente. Ou melhor, não olhavam. Escutavam. Sentiam. E nessa noite muita gente entre os que assistiram, mesmo que não fosse conhecido pelo seu sentido Estético e pela sua inclinação para a poesia, contou em casa como viu dois seres, mais celestes que terrenos fazerem música sem cantar. E como a alegre sinfonia estrelar transfigurou um pequeno e feliz grupo de transeuntes, num arrebatamento hipnótico – tal era a intensidade do prazer sensorial auditivo – que era pouco menos que – à falta de melhor palavra – um feitiço. E nas suas palavras foram contando como esse feitiço fez com que a alma – novamente, na falta de melhor palavra – de cada um abandonasse o corpo, e se fundissem todas numa única alma. E como essa nova alma foi docemente erguida à estratosfera, onde acarinhou nuvens e pegou, com as mãos em concha em mãos-cheias de estrelas que lhe escorriam por entre os dedos como areia. E como no instante seguinte essa alma caiu vertiginosamente e se fragmentou e cada um voltou a ter a sua alma, sentindo-se esmagado mas completo. Tudo numa questão de segundos. E ainda como esse processo se repetiu e repetiu e repetiu continuamente durante a conversa. E como toda a gente pensou que isso se tivesse passado durante anos, embora a conversa tenha durado pouco mais ou menos que 10 minutos terrestres.
A lenda conta – mas isso já não acredito – que essa felicidade foi paga bem cara e que as testemunhas viverem menos alguns anos do que era suposto. Mas mesmo que tenha sido verdade, duvido que alguém achasse que não valeu o preço.
Mas a conversa parou de repente e a magia morreu e cada um voltou ás suas vidas. Os dois falantes da língua moribunda caíram num silêncio opressor, cumprimentaram-se friamente e viraram as costas. Nunca mais se viram. Tudo isso se passou há mais de um século. Dizem…
Não se sabe o que levou dois seres tão especiais a se separarem. Quando não há certezas, abundam conjecturas fúteis. Vejamos as mais interessantes.
Alguns pensam que o facto de cada um estar habituado a um certo silêncio e isolamento fê-los logo perceber que não se sentiriam à vontade num mundo que os com prendesse, mesmo que esse mundo só tivesse mais uma pessoa.
Outros acham que foi o facto de cada um ter percebido que não tinha a honra de ser o único e o último representante de algo que foi, talvez, grandioso.
Outros afirmam que palavras são uma forma de expressão de sentimentos humanos, mas não a única e que meras palavras não criam empatia onde nenhuma existe.
Ainda outros pensam que as duas personagens, desabituados da convivência, não se deram conta que discutir Política, Religião ou Futebol é pernicioso e não socialmente aceitável.
O que é certo é que mais ninguém ouviu aquela estranha língua. E a Humanidade ficou mais pobre.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Adoro o Apito Dourado!
Pode parecer ironia ou mentirola de 1º de Abril, mas é verdade! Eu adoro o Apito Dourado.
O Apito Dourado repõe a verdade desportiva. De tal maneira que, se antes o FCP via-se aflito para ganhar o título por 2 ou 3 pontinhos, desde que o Apito está em marcha, a verdade está reposta, e é a vantagem que se vê.
Agora parece que podem despromover o Boavista e retirar 6 pontos ao Porto. No caso do Boavista, é triste que se decida na secretaria uma coisa que os jogadores quase iam alcançando por mérito próprio. Mas a verdade é que a não descida de divisão do FCP deve ser uma tristeza para muita gente, que assim não vê o seu sonho de ser campeão concretizado. Estou a falar, bem entendido, dos adeptos do Vitória de Guimarães.
Mas também de adeptos de outros clubes, como o do Ricardinho Fedorento.
No domingo li em “A Bola” – não, eu não comprei “A Bola” nem aconselho nenhuma pessoa de bem a fazê-lo - a punheta verborrácea do Ricardinho Fedorento a salivar com a hipótese do FCP descer de divisão, fazendo uma analogia com a situação da Juventus, que afirmar ter “mais um bocadinho de títulos que o Porto” (embora a Juve tenha o mesmo número de Champions, Supertaças Europeias e Intercontinentais que o Porto).
Como se sabe, o Ricardinho Fedorento, mais os-dois-gajos-fedorentos-que-não-são o Ricardinho-nem-o-gordinho são funcionários a título gracioso da “equipa da malta”, já que são adeptos ferrenhos dessa equipa, coisa que fazem sempre questão de nos lembrar nos seus sketches tipo epá-esta-merda-é-mesmo-mesmo-mesmo-a-querer-imitar-Monty-Python-mas-também-não-faz-mal-que-a-maior-parte-da-malta-nunca-ouviu-falar-deles-e-além-disso-pior-que-malucos-do-riso-e-prédio-do-vasco-é-impossível-ser. Aliás o Ricardinho já veio afirmar que nunca faz piada com a “equipa da malta” porque ele é que é a vedeta e só goza com o que quer. Isso define a sua categoria e profissionalismo como humorista, aliás. Afinal, que história é essa de um humorista disparar em todos os sentidos, sem tabus, sem preferências, sem piedade? Humor de propaganda é o que está a dar. “Quinche a chero” e tal.
Mas voltando à carolina fria, é bom que o FCP perca seis pontos. Assim as coisas ficam menos entediantes, a festa é adiada, e com sortinha festejamos em casa contra – paradoxalmente – a equipa que provavelmente está por trás desses tesourinhos deprimentes como sejam o livro da pu…, digo, o livro da escritora, o filmeco com o Nicolau Breyner, etc., etc..
Assim resolvido os problemas de corrupção do campeonato de 2003/2004 (campeonato que o Porto ganhou com uma perna atrás das costas e que só era um campo de treino para a vitória que teve na Uefa Champions League deste ano – que ganhou porque a UEFA está no bolso do Pinto da Costa e a final não foi contra o Getafe – mas cuja verdade desportiva mesmo assim foi adulterada porque o Pinto da Costa comprou um 0-0 contra o Beira-Mar, jogo em que a falcatrua foi tão bem disfarçada que o árbitro até nos roubou um penalty), é altura do Ministério Público seguir em frente, demonstrar que o Apito não tem uma inclinação no sentido setentrional, e começar a investigar o campeonato 2004/2005, um dos mais burlescos de sempre, à maneira do Antigamente, tipo Calabote, Gil Vicente e tal…
O Apito Dourado repõe a verdade desportiva. De tal maneira que, se antes o FCP via-se aflito para ganhar o título por 2 ou 3 pontinhos, desde que o Apito está em marcha, a verdade está reposta, e é a vantagem que se vê.
Agora parece que podem despromover o Boavista e retirar 6 pontos ao Porto. No caso do Boavista, é triste que se decida na secretaria uma coisa que os jogadores quase iam alcançando por mérito próprio. Mas a verdade é que a não descida de divisão do FCP deve ser uma tristeza para muita gente, que assim não vê o seu sonho de ser campeão concretizado. Estou a falar, bem entendido, dos adeptos do Vitória de Guimarães.
Mas também de adeptos de outros clubes, como o do Ricardinho Fedorento.
No domingo li em “A Bola” – não, eu não comprei “A Bola” nem aconselho nenhuma pessoa de bem a fazê-lo - a punheta verborrácea do Ricardinho Fedorento a salivar com a hipótese do FCP descer de divisão, fazendo uma analogia com a situação da Juventus, que afirmar ter “mais um bocadinho de títulos que o Porto” (embora a Juve tenha o mesmo número de Champions, Supertaças Europeias e Intercontinentais que o Porto).
Como se sabe, o Ricardinho Fedorento, mais os-dois-gajos-fedorentos-que-não-são o Ricardinho-nem-o-gordinho são funcionários a título gracioso da “equipa da malta”, já que são adeptos ferrenhos dessa equipa, coisa que fazem sempre questão de nos lembrar nos seus sketches tipo epá-esta-merda-é-mesmo-mesmo-mesmo-a-querer-imitar-Monty-Python-mas-também-não-faz-mal-que-a-maior-parte-da-malta-nunca-ouviu-falar-deles-e-além-disso-pior-que-malucos-do-riso-e-prédio-do-vasco-é-impossível-ser. Aliás o Ricardinho já veio afirmar que nunca faz piada com a “equipa da malta” porque ele é que é a vedeta e só goza com o que quer. Isso define a sua categoria e profissionalismo como humorista, aliás. Afinal, que história é essa de um humorista disparar em todos os sentidos, sem tabus, sem preferências, sem piedade? Humor de propaganda é o que está a dar. “Quinche a chero” e tal.
Mas voltando à carolina fria, é bom que o FCP perca seis pontos. Assim as coisas ficam menos entediantes, a festa é adiada, e com sortinha festejamos em casa contra – paradoxalmente – a equipa que provavelmente está por trás desses tesourinhos deprimentes como sejam o livro da pu…, digo, o livro da escritora, o filmeco com o Nicolau Breyner, etc., etc..
Assim resolvido os problemas de corrupção do campeonato de 2003/2004 (campeonato que o Porto ganhou com uma perna atrás das costas e que só era um campo de treino para a vitória que teve na Uefa Champions League deste ano – que ganhou porque a UEFA está no bolso do Pinto da Costa e a final não foi contra o Getafe – mas cuja verdade desportiva mesmo assim foi adulterada porque o Pinto da Costa comprou um 0-0 contra o Beira-Mar, jogo em que a falcatrua foi tão bem disfarçada que o árbitro até nos roubou um penalty), é altura do Ministério Público seguir em frente, demonstrar que o Apito não tem uma inclinação no sentido setentrional, e começar a investigar o campeonato 2004/2005, um dos mais burlescos de sempre, à maneira do Antigamente, tipo Calabote, Gil Vicente e tal…
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xutos e pontapés
X-Files Dourados
Há dias, estudantes do Oculto notaram em várias partes do Mundo diversos fenómenos sobrenaturais e uma imensa actividade para-normal.
É que, quando indagada sobre a sua profissão em tribunal, Carolina Salgado afirmou "Escritora",
Safo, Virginia Woolf, Jane Austen, Emily Bronte, Simone de Beauvoir, Florbela Espanca e muitas outras começaram às voltas nos túmulos.
É que, quando indagada sobre a sua profissão em tribunal, Carolina Salgado afirmou "Escritora",
Safo, Virginia Woolf, Jane Austen, Emily Bronte, Simone de Beauvoir, Florbela Espanca e muitas outras começaram às voltas nos túmulos.
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cá pelo burgo,
Como diz que disse?
quarta-feira, 5 de março de 2008
Grande Neuer (leia-se Grande Nóia)
Desengane-se quem pensa que mudei de campo...estou simplesmente a dar o braço a torcer e a dar os parabéns a um jovem guarda-redes de grande categoria e de grande futuro. Continua assim, rapaz, e um dia pode até ser que vás para uma equipa que jogue futebol.
PS - Lucílio Batista em Inglês diz-se Howard Webb!?
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Café
You are a Black Coffee |
At your best, you are: low maintenance, friendly, and adaptable At your worst, you are: cheap and angsty You drink coffee when: you can get your hands on it Your caffeine addiction level: high |
domingo, 24 de fevereiro de 2008
We wish you a merry Fantas - Fantas Carols
Have yourself a merry little Fantas, Let your heart be light
From now on, we’ll watch Cinema all night
Have yourself a merry little Fantas, No matter what they say,
Have yourself a merry little Fantas, No matter what they say,
From now on, we’ll watch Cinema all day
Here we are as in olden days,
Happy golden days of yore.
People you only see at Fantas Gather near to you once more.
Through the years We all will be together, If the Rio allow
Through the years We all will be together, If the Rio allow
Hang a poster upon Rivoli’s highest wall. And have yourself A merry little Fantas now
…………………………………………………………………………………..
Oh! The funding was cut,
…………………………………………………………………………………..
Oh! The funding was cut,
You better not cry,
Be ever so patient, I'm telling you why:
Mário Dorminsky is coming to town!
Mário Dorminsky is coming to town!
He has made a guests list,
He's checking it twice,
He's gonna find out The centralist government wasn’t too nice.
Mário Dorminsky is coming to town!
…………………………………………………………………………………………….
Drop everything and run to the Rivoli,
Mário Dorminsky is coming to town!
…………………………………………………………………………………………….
Drop everything and run to the Rivoli,
Fa la la la la, la la la la.
Tis the season to be jolly,
Fa la la la la, la la la la.
Sing we geeks, all together,
Sing we geeks, all together,
Fa la la la la, la la la la.
Heedless of Rio and La Féria,
Fa la la la la, la la la la
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Joy to Porto! the Fantas is come;
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Joy to Porto! the Fantas is come;
let Rivoli receive his King;
Let Filipe Laféria prepare Him room, for movies by Takashi and Kim,
for movies by Takashi and Kim, for movies, for movies by Takashi and Kim
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Oh the movies this year seem dreadful,
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Oh the movies this year seem dreadful,
But the spirit is so delightful,
And even if they have nothing better to show,
Let us go! Let us go! Let us go!
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
The Start bell rings, are you listening,
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
The Start bell rings, are you listening,
In both auditoriums, the silver screens are glistening
A beautiful sight, We're happy tonight.
Walking in a Fantas wonderland
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
It's The Most Wonderful Time Of The Year
With the geeks gently gathering
And all pseudo-intellectuals pretending to be of good cheer
It's The Most Wonderful Time Of The Year
It's the hap -happiest season of all
With a grand overture session with a blockbuster premiere
And Indie movie from all over the world
It's the hap - happiest season of all
There'll be B-list guests for hosting
Orient Express from Tokyo to Beijing
And short movies to show
There'll be cheesy zombie stories
And old classic glories of
Cinema from long, long ago
It's The Most Wonderful Time Of The Year
It's The Most Wonderful Time
It's The Most Wonderful Time
It's The Most Wonderful Time Of The Year
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
It's The Most Wonderful Time Of The Year
With the geeks gently gathering
And all pseudo-intellectuals pretending to be of good cheer
It's The Most Wonderful Time Of The Year
It's the hap -happiest season of all
With a grand overture session with a blockbuster premiere
And Indie movie from all over the world
It's the hap - happiest season of all
There'll be B-list guests for hosting
Orient Express from Tokyo to Beijing
And short movies to show
There'll be cheesy zombie stories
And old classic glories of
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It's The Most Wonderful Time
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música maestro
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Fidel
Confesso que já gostei mais do BE. Sou apolítico, mas tenho, como creio ser mais ou menos claro pelo que tenho aqui escrito, umas certas opiniões que por certo não me irão fazer ganhar o "Goebbels de Ouro" na gala deste ano do PNR.
Fisicamente, o BE é assim uma espécie de PP, todos muito branquinhos tipo copinho de leite, mas sem gravatas.
Porém, concordei com a opinião de Louçã sobre a muito divulgada aparente renúncia ao poder de Fidel Castro. Basicamente Louçã disse "ser esta uma excelente oportunidade para os EUA acabaram com um embargo de meio século que levou um povo à miséria, e para Cuba aprender que o verdadeiro Socialismo não se consegue sem liberdade de imprensa, liberdade de opinião e liberdade de sindicatos".
Assim sim, sem histerias nem parcialidade ideológica-tribais, sem maniqueismos alvi-negros.
Não pretendamos santificar um homem que É um ditador e muito provavelmente um assassino. Mas que não se pretenda também fazer crer que ele é o culpado de tudo de mal que se passa em Cuba - país de 3º Mundo com um sistema de saúde e educação invejáveis - e no mundo, onde o Tio Sam dita as suas leis e toda a gente ou quase lhe abana o proverbial rabinho. Nem ele é o Diabo, nem Washington e sobretudo o lobby com tiques guerrilheiro urbanó-mafiosos dos cubanos de Miami são os querubins rechonchudos e renascentistas que alguns querem fazer crer. Por outro lado ele não é um ícone libertário que alguns ainda acreditam que ainda é.
É complicado. No fundo acho que são todos uns filhos da puta.
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Mondo Cane,
Zoociedade e Poli-Tika
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Post em que se consegue o improvável feito de se misturar factos correntes mundiais com música pop light portuguesa da década de 80
Pristina
Não vais levar a mal
Mas isso no Kosovo
Não vais levar a mal
Mas isso no Kosovo
Ainda vai acabar em merda total
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Mondo Cane,
música maestro
domingo, 10 de fevereiro de 2008
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Not guilty!
Jean-Paul Sartre, o grande escritor/dramaturgo/filósofo existencialista francês uma vez sentenciou:
“O Homem está condenado a ser livre.”
Desconfio que, se Jean-Paul fosse vivo, reveria a sentença e diria:
“O Homem está condenado a ser livre. No entanto, por evidente – e excessivo – bom comportamento, comute-se a pena para: Condenado a viver em pseudo-democracias parlamentares governadas pela demagogia e populismo, com injecções diárias de entretenimento de forma a desviar a sua atenção, e com um acesso ilimitado, a raiar a overdose, de informação e contra-informação, de forma a lhe ser criada uma falsa sensação de liberdade, enquanto na verdade é mantido sob prisão domiciliária num ambiente profundamente condicionado e totalmente controlado.”
Bom, verdade seja dita, se Jean-Paul quando ditou a sua “sentença” soubesse que no início do século XXI os portugueses iam escolher António de Oliveira Salazar como o maior português de todos os tempos, e iam ler nos jornais artigos de opinião a chorar baba e ranho pela morte de Carlos I, no centenário do Regicídio, penso que diria:
“O Homem está condenado a ser livre. Excepto o Homem Português, claro! Esse está obviamente inocente de tudo.”
“O Homem está condenado a ser livre.”
Desconfio que, se Jean-Paul fosse vivo, reveria a sentença e diria:
“O Homem está condenado a ser livre. No entanto, por evidente – e excessivo – bom comportamento, comute-se a pena para: Condenado a viver em pseudo-democracias parlamentares governadas pela demagogia e populismo, com injecções diárias de entretenimento de forma a desviar a sua atenção, e com um acesso ilimitado, a raiar a overdose, de informação e contra-informação, de forma a lhe ser criada uma falsa sensação de liberdade, enquanto na verdade é mantido sob prisão domiciliária num ambiente profundamente condicionado e totalmente controlado.”
Bom, verdade seja dita, se Jean-Paul quando ditou a sua “sentença” soubesse que no início do século XXI os portugueses iam escolher António de Oliveira Salazar como o maior português de todos os tempos, e iam ler nos jornais artigos de opinião a chorar baba e ranho pela morte de Carlos I, no centenário do Regicídio, penso que diria:
“O Homem está condenado a ser livre. Excepto o Homem Português, claro! Esse está obviamente inocente de tudo.”
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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
CSI: Guimarães
No fim de semana o ambiente foi de festa generalizada, já que milhões de portugueses tiveram a única alegria que levam das suas vidas tristes e desprovidas de sentido: o FCP perdeu!
Aliás, o placar electrónico não mentia:
Sporting 0 - Helton 1 - Xistra 1 - FCP 0
Lucho e Licha são um exemplo a seguir por todos. Não posso dizer o mesmo da diva mimada cigana. Nem do Jesualdo. Aliás, o jogo poderia mesmo ser chamado "O assassinato de uma vitória fácil pelo covarde Jesualdo Ferreira".
Aparentemente, havia na bancada actores de uma das séries do CSI. Paradoxalmente, foi por um triz que as suas personagens não foram necessárias em Guimarães, onde houve um esfaqueamento impune a um adepto do Vitória local. Vitória de Guimarães que, se no campo de jogo foi derrotado sem espinhas, no campo da criação de um ambiente de terror (e note-se que os adeptos do Vitória até não são nenhuns anjos) levou uma verdadeira lição de alguns dos adeptos da equipa visitante. Aliás, quando hoje ouvi no Telejornal dizerem:
"...estavam a ser atacados com catanas e arcos e flechas, e houve mesmo duas pessoas imuladas pelo fogo" por instantes pensei que estavam a falar do ambiente fora do Estádio D. Afonso Henriques, e não da situação de guerra civil no Quénia.
Aliás, o placar electrónico não mentia:
Sporting 0 - Helton 1 - Xistra 1 - FCP 0
Lucho e Licha são um exemplo a seguir por todos. Não posso dizer o mesmo da diva mimada cigana. Nem do Jesualdo. Aliás, o jogo poderia mesmo ser chamado "O assassinato de uma vitória fácil pelo covarde Jesualdo Ferreira".
Aparentemente, havia na bancada actores de uma das séries do CSI. Paradoxalmente, foi por um triz que as suas personagens não foram necessárias em Guimarães, onde houve um esfaqueamento impune a um adepto do Vitória local. Vitória de Guimarães que, se no campo de jogo foi derrotado sem espinhas, no campo da criação de um ambiente de terror (e note-se que os adeptos do Vitória até não são nenhuns anjos) levou uma verdadeira lição de alguns dos adeptos da equipa visitante. Aliás, quando hoje ouvi no Telejornal dizerem:
"...estavam a ser atacados com catanas e arcos e flechas, e houve mesmo duas pessoas imuladas pelo fogo" por instantes pensei que estavam a falar do ambiente fora do Estádio D. Afonso Henriques, e não da situação de guerra civil no Quénia.
sábado, 26 de janeiro de 2008
(!) significa ironia ácida
O buraco negro intelectual que é a TV em Portugal(!) tem o seu ponto G nas tardes de Sábado na SIC. Já nem falo no joguinho de futebol de salão (ou fut-sal, ou lá como se chama essa merda) que transmitem todos os santos sábados só porque "o clube da malta" é o maior nessa modalidade amadora. Falo, isso sim, no Clube VIP ou lá como se chama aquilo. Vi uns minutos nesse sábado, obrigando-me a essa tortura para ver qual era a minha resistência à náusea e ao vómito. Não é grande. Só o suficiente para ver que pelos vistos a SIC acha importante consultar um vidente(!) para verificar o futuro da relação entre uma actrizeca de novelas e o mulato que cantava naquela banda(!!!) que por acaso até era da concorrência.
Depois passaram para as notícias sobre a Superleague Formula, onde o único clube português a ter um carro é o FCP. O jornalista(!) que estava a fazer a reportagem, achou que seria adequado fazer piadinhas tipo "o pistão dourado".
É incrível como toda a gente(!) considera o FCP um alvo de ódio generalizado e válido, pelo que se pensa normalmente que se pode dizer em público tudo o que se quiser contra o clube, de forma impune. Um pouco como se o FCP fosse um símbolo do mal como o Engenheiro, o Bush ou o Hitler.
PS1 - Eu coloquei os três exemplos que dei por ordem DECRESCENTE de perversidade.
PS2 - Note-se que quanto a dizer mal do Engenheiro de forma impune, tenho as minhas reservas...
Depois passaram para as notícias sobre a Superleague Formula, onde o único clube português a ter um carro é o FCP. O jornalista(!) que estava a fazer a reportagem, achou que seria adequado fazer piadinhas tipo "o pistão dourado".
É incrível como toda a gente(!) considera o FCP um alvo de ódio generalizado e válido, pelo que se pensa normalmente que se pode dizer em público tudo o que se quiser contra o clube, de forma impune. Um pouco como se o FCP fosse um símbolo do mal como o Engenheiro, o Bush ou o Hitler.
PS1 - Eu coloquei os três exemplos que dei por ordem DECRESCENTE de perversidade.
PS2 - Note-se que quanto a dizer mal do Engenheiro de forma impune, tenho as minhas reservas...
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os merdia
sábado, 19 de janeiro de 2008
domingo, 6 de janeiro de 2008
Nota: Budapeste não é à beira-mar
Lembro-me como se fosse ontem. Não que tenha tido alguma importância. Importância alguma. São aqueles nadas, aqueles pequenos nadas que ficam escondidos em alguma sala secreta ou cave escura do nosso cérebro, e que depois, sem sabermos porquê nos vêm assombrar durante alguns dias, e vemo-los claramente como se tivessem acabado de nos suceder, e depois rastejam para o canto sombrio de onde vieram, deixando no ar a possibilidade de voltar, ou não.
…
Era um fim de Setembro em Budapeste, e eu estava serenamente sentado numa esplanada de um restaurante à beira-mar. Era um dia de semana, talvez 3ª-Feira, talvez 5ª-Feira, e as pessoas continuavam os seus afazeres ou voltavam para casa. Estava um pouco de frio, mas eu sentia-me feliz, nesse doce ócio, de ver o tempo passar serenamente. Bebia cerveja atrás de cerveja. Uma cerveja amarga, escura e belga, e tentava-me concentrar na leitura de “Fenomenologia do Espírito” de Hegel, quando ouço alguém chamar-me em tom jovial.
- Então, Y., ´tá tudo fixe contigo?
Levanto a cabeça para uma figura alta e esguia, mas o sol crepuscular é muito forte e fere-me os olhos. Esfrego os olhos e por instantes não consigo discernir o meu interlocutor. A voz é-me familiar, alegre e arrastada, meio rouca a sugerir catarro, excesso de fumo. Mas a cara é-me estranha por uns segundos-eternidades. Finalmente um sorriso circunstancial de reconhecimento assola-me a minha até então vazia face.
Respondo:
- Oi, não te estava a reconhecer.
Era Herodes.
Herodes sentou-se ao meu lado e mandou vir uma enorme caneca de cerveja bávara. Petiscamos caranguejos e ostras vivas. Limpo a boca a guardanapos de papel engordurados. Sente-se um cheiro forte e acre a limão.
- Lamento pela tua irmã, Y..
Nada digo. Encolho os ombros e agradeço.
- Passaram-se quê? Dois anos!?
Herodes apresentava-se impecavelmente barbeado, salvo pelo seu bigode e fina pêra prateadas. O longo cabelo estava preso atrás. Ele usava casacão de ganga azul e calças jeans negras. Uma t-shirt branca com um logótipo que demonstrava ser uma contrafacção óbvia da Adidas. Usava All-Stars totalmente negras. O porte era majestoso, a indumentária menos. E eu não pude deixar de pensar que ele era um monarca sem coroa, um rei-nada. Metallica soa-me na cabeça.
- Por aí.
- Ela sofreu muito?
- O bastante para a sua morte ter sido um alívio para ela mesmo e para todos nós.
- “Wherever she is, I hope she is singing now”, como diria o gajo dos Smiths.
- I don’t.
E o assunto morreu ali.
- Estou preocupado, Y.. Dois gajos brancos e um preto disseram-me que estava para nascer um puto que iria tornar-se rei dos judeus em meu lugar.
- E…?
- E como tal, decidi mandar matar todos os bebés nascidos a 24 para 25 de Dezembro. Antes jogar pelo seguro.
Rio-me.
- És um ponto, Hero. Um grande, grande ponto. Vais mandar fazer um massacre de inocentes, vais matar dezenas, centenas de crianças, no fundo o que tu estás a fazer é matares a inocência e o futuro e a esperança da tua nação, e para quê? Para manteres uma falsa ilusão de poder? Não te apercebes que não és mais do que um joguete nas mãos dos romanos, um monarca fantoche vassalo de César?
Herodes baixou os olhos.
- E contudo, a ilusão de poder é o que me mantém vivo.
- Oh Herodes, porque é que não te fodes?
E assim dizendo, levantei-me e deixei-o sozinho para me pagar a conta.
Foi a última vez que vi Budapeste.
…
Era um fim de Setembro em Budapeste, e eu estava serenamente sentado numa esplanada de um restaurante à beira-mar. Era um dia de semana, talvez 3ª-Feira, talvez 5ª-Feira, e as pessoas continuavam os seus afazeres ou voltavam para casa. Estava um pouco de frio, mas eu sentia-me feliz, nesse doce ócio, de ver o tempo passar serenamente. Bebia cerveja atrás de cerveja. Uma cerveja amarga, escura e belga, e tentava-me concentrar na leitura de “Fenomenologia do Espírito” de Hegel, quando ouço alguém chamar-me em tom jovial.
- Então, Y., ´tá tudo fixe contigo?
Levanto a cabeça para uma figura alta e esguia, mas o sol crepuscular é muito forte e fere-me os olhos. Esfrego os olhos e por instantes não consigo discernir o meu interlocutor. A voz é-me familiar, alegre e arrastada, meio rouca a sugerir catarro, excesso de fumo. Mas a cara é-me estranha por uns segundos-eternidades. Finalmente um sorriso circunstancial de reconhecimento assola-me a minha até então vazia face.
Respondo:
- Oi, não te estava a reconhecer.
Era Herodes.
Herodes sentou-se ao meu lado e mandou vir uma enorme caneca de cerveja bávara. Petiscamos caranguejos e ostras vivas. Limpo a boca a guardanapos de papel engordurados. Sente-se um cheiro forte e acre a limão.
- Lamento pela tua irmã, Y..
Nada digo. Encolho os ombros e agradeço.
- Passaram-se quê? Dois anos!?
Herodes apresentava-se impecavelmente barbeado, salvo pelo seu bigode e fina pêra prateadas. O longo cabelo estava preso atrás. Ele usava casacão de ganga azul e calças jeans negras. Uma t-shirt branca com um logótipo que demonstrava ser uma contrafacção óbvia da Adidas. Usava All-Stars totalmente negras. O porte era majestoso, a indumentária menos. E eu não pude deixar de pensar que ele era um monarca sem coroa, um rei-nada. Metallica soa-me na cabeça.
- Por aí.
- Ela sofreu muito?
- O bastante para a sua morte ter sido um alívio para ela mesmo e para todos nós.
- “Wherever she is, I hope she is singing now”, como diria o gajo dos Smiths.
- I don’t.
E o assunto morreu ali.
- Estou preocupado, Y.. Dois gajos brancos e um preto disseram-me que estava para nascer um puto que iria tornar-se rei dos judeus em meu lugar.
- E…?
- E como tal, decidi mandar matar todos os bebés nascidos a 24 para 25 de Dezembro. Antes jogar pelo seguro.
Rio-me.
- És um ponto, Hero. Um grande, grande ponto. Vais mandar fazer um massacre de inocentes, vais matar dezenas, centenas de crianças, no fundo o que tu estás a fazer é matares a inocência e o futuro e a esperança da tua nação, e para quê? Para manteres uma falsa ilusão de poder? Não te apercebes que não és mais do que um joguete nas mãos dos romanos, um monarca fantoche vassalo de César?
Herodes baixou os olhos.
- E contudo, a ilusão de poder é o que me mantém vivo.
- Oh Herodes, porque é que não te fodes?
E assim dizendo, levantei-me e deixei-o sozinho para me pagar a conta.
Foi a última vez que vi Budapeste.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Ano Novo, Pool nova ou "Mudam as pools, mas a merda é a mesma"
Para começar o ano em beleza, nada como cumprir as resoluções do Ano Novo. Se considerarmos este como o 4º Post deste mês, a 2 de Janeiro já publiquei tantos posts como em Dezembro do Ano Passado.
Observem as fotos dos dois cavalheiros de cima. Que têm eles em comum? A priori, só 3 coisas:
1 - Usam óculos
2 - Estão mortos mas a sua obra é imortal
3 - Ambos gostavam do que faz rir.
Pois agora têm uma nova coisa em comum. Ficaram ambos em 1º lugar na minha longa pool sobre "Qual a personalidade morta com quem gostavas de fazer uma 'viagem'?"
Ambos conseguiram 16 votos cada, num universo de 75(!) votantes. Aqui fica o resultado final:
William Borroughs (com heroína)
4
5%
10º
Elvis Presley (com barbitúricos)
1
1%
Observem as fotos dos dois cavalheiros de cima. Que têm eles em comum? A priori, só 3 coisas:
1 - Usam óculos
2 - Estão mortos mas a sua obra é imortal
3 - Ambos gostavam do que faz rir.
Pois agora têm uma nova coisa em comum. Ficaram ambos em 1º lugar na minha longa pool sobre "Qual a personalidade morta com quem gostavas de fazer uma 'viagem'?"
Ambos conseguiram 16 votos cada, num universo de 75(!) votantes. Aqui fica o resultado final:
1º
Fernando Pessoa (com Ópio)
16
21%
Fernando Pessoa (com Ópio)
16
21%
e
John Lennon (com LSD)
16
21%
16
21%
3º
Jim Morrison (com cocaína e heroína)
12
16%
Jim Morrison (com cocaína e heroína)
12
16%
4º
Sigmund Freud (com cocaína)
8
11%
Sigmund Freud (com cocaína)
8
11%
5º
Edgar Allen Poe (com Álcool e Ópio)
7
9%
Edgar Allen Poe (com Álcool e Ópio)
7
9%
6º
Charles Baudelaire (com absinto e haxixe)
5
7%
Charles Baudelaire (com absinto e haxixe)
5
7%
7º
Carlos Castaneda (com peyote)
4
5%
Carlos Castaneda (com peyote)
4
5%
e
William Borroughs (com heroína)
4
5%
9º
Aldous Huxley (com mescalina)
2
3%
Aldous Huxley (com mescalina)
2
3%
10º
Elvis Presley (com barbitúricos)
1
1%
Após um ano, é altura de um novo inquérito. Porém, nada de lamechices e idéias batidas sobre o que achaste de menos mau em 2007 ou o que esperas de 2008! NÃO! Sempre na linha da frente, Andrade v 2.0 sugere-te votar no que aconteceu de melhor neste ano de 2008.* Participa. Senão os terroristas vencem!
* A direcção do Andrade v 2.0 faz notar que a pool é para efeitos de entertenimento unicamente, e não poderá ser responsabilizada por eventuais desiluções causadas pelo facto de uma ou várias opções da pool não se terem concretizado
As minhas resoluções de Ano Novo
Aqui vão as minhas resoluções de Ano Novo:
1 - Postar mais.
É só. Na verdade, é a melhor das opções. Estabeleço metas realistas, não há a mínima hipótese de me ter esquecido a 20 de Janeiro, e, a não serem cumpridas, não vem daí mal nenhum ao mundo, antes pelo contrário.
1 - Postar mais.
É só. Na verdade, é a melhor das opções. Estabeleço metas realistas, não há a mínima hipótese de me ter esquecido a 20 de Janeiro, e, a não serem cumpridas, não vem daí mal nenhum ao mundo, antes pelo contrário.
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Control
Muita gente viu o filme dos Simpsons, aguardado há quase 20 anos. Curiosamente, a opinião de quase toda a gente é: “Não passa de um episódio mais longo”. Ao que eu respondo que isso não é obrigatoriamente mau, mas em última análise, estavam à espera de quê?
Algumas pessoas viram o filme Control, sobre a vida e morte de Ian Curtis, mítico vocalista dos Joy Division, banda emblemática do cenário Post Punk, que se enforcou aos 23 anos de idade. Não curiosamente, a opinião de quase toda a gente é: “É um filme muito cinzento”. Ao que eu respondo que isso não é obrigatoriamente mau, mas em última análise, estavam à espera de quê?
Um filme sobre os subúrbios de Manchester no início da era Thatcher, um filme sobre os Joy Division, um filme sobre Ian Curtis, dificilmente poderia ser pintado com alegres paletes, independentemente de quem realizasse o filme. Mas um filme sobre Ian Curtis realizado pelo fotógrafo/realizador de vídeos musicais holandês Anton Corbijn só podia mesmo ser cinzento. Relembremos que Corbijn não se limitou a capturar, no final dos anos 70, o mundo cinzento de Ian Curtis. Ele foi um dos principais impulsionadores do que se poderá chamar estética urabano-depressiva. Veja-se o clip de Atmosphere, de sua autoria.
Este belo filme, mais griz que o manicaistamente habitual preto-e-branco, é vagamente baseado em Touching from a Distance, o morninho e ambivalente livro de Deborah Curtis (que dizem as más línguas terá afirmado sobre o Control: “I fucking hated it!”). Poderá parecer bastante parado aos seus detractores, que afirmam que chegou ao ponto de dar uma imagem muito morta do Tony Wilson, que era tudo menos uma personagem apagada. Penso que todos concordamos que Tony Wilson foi alguém muito mais interessante e colorido que Ian Curtis, e que 24 Hours Party People é um filme muito melhor que o Control. Porém, é minha opinião que essa “mortificação” de Wilson é propositada, e causada por isso mesmo: pelo facto dele ter sido alguém mais interessante e colorido que Curtis. O filme não poderia sair nunca da órbita de Curtis.
E para mim, é aí que o filme ganha toda a sua beleza. Mais do que tratar da vida e morte de Ian Curtis (música, casamento, paternidade, adultério, ataques epilépticos, suicídio) e da história dos Joy Division; este filme trata de um triângulo, que ultrapassa os limites do amoroso e entra no campo das concepções de vida. O filme poderia haver-se chamado Deborah vs Annik.
Produto do seu meio sócio-cultural, Ian Curtis era uma pessoa simples, mesmo mesquinha e conservadora. Nesse sentido, Deborah era a incorporação de todos os seus pequeninos sonhos de classe trabalhadora: Girl next door, simples como ele, dócil e que votasse Tory por imposição do marido, casamento de sonho, filhos, um emprego estável, um pacato envelhecer nos subúrbios do Noroeste inglês.
Annik Honoré era o oposto, e o tipo de mulher a que Curtis só teria acesso pela via do estrelato. Estrangeira, exótica, continental (se é que um belga pode ser exótico), com um emprego emocionante de jornalista, livre-pensadora, uma mulher independente que consegue fazer-se notar num mundo de homens.
Em Maio de 1980, ciente do adultério, Deborah Curtis exige o divórcio. A imagem do casamento precoce e feliz derroca, e Ian Curtis, porque ele ERA tacanho e muito conservador, vê-se frente ao seu pior pesadelo: Divórcio. Surge o eterno drama pequeno-burguês inglês: “What will the neighbours think!?”.
Algumas pessoas viram o filme Control, sobre a vida e morte de Ian Curtis, mítico vocalista dos Joy Division, banda emblemática do cenário Post Punk, que se enforcou aos 23 anos de idade. Não curiosamente, a opinião de quase toda a gente é: “É um filme muito cinzento”. Ao que eu respondo que isso não é obrigatoriamente mau, mas em última análise, estavam à espera de quê?
Um filme sobre os subúrbios de Manchester no início da era Thatcher, um filme sobre os Joy Division, um filme sobre Ian Curtis, dificilmente poderia ser pintado com alegres paletes, independentemente de quem realizasse o filme. Mas um filme sobre Ian Curtis realizado pelo fotógrafo/realizador de vídeos musicais holandês Anton Corbijn só podia mesmo ser cinzento. Relembremos que Corbijn não se limitou a capturar, no final dos anos 70, o mundo cinzento de Ian Curtis. Ele foi um dos principais impulsionadores do que se poderá chamar estética urabano-depressiva. Veja-se o clip de Atmosphere, de sua autoria.
Este belo filme, mais griz que o manicaistamente habitual preto-e-branco, é vagamente baseado em Touching from a Distance, o morninho e ambivalente livro de Deborah Curtis (que dizem as más línguas terá afirmado sobre o Control: “I fucking hated it!”). Poderá parecer bastante parado aos seus detractores, que afirmam que chegou ao ponto de dar uma imagem muito morta do Tony Wilson, que era tudo menos uma personagem apagada. Penso que todos concordamos que Tony Wilson foi alguém muito mais interessante e colorido que Ian Curtis, e que 24 Hours Party People é um filme muito melhor que o Control. Porém, é minha opinião que essa “mortificação” de Wilson é propositada, e causada por isso mesmo: pelo facto dele ter sido alguém mais interessante e colorido que Curtis. O filme não poderia sair nunca da órbita de Curtis.
E para mim, é aí que o filme ganha toda a sua beleza. Mais do que tratar da vida e morte de Ian Curtis (música, casamento, paternidade, adultério, ataques epilépticos, suicídio) e da história dos Joy Division; este filme trata de um triângulo, que ultrapassa os limites do amoroso e entra no campo das concepções de vida. O filme poderia haver-se chamado Deborah vs Annik.
Produto do seu meio sócio-cultural, Ian Curtis era uma pessoa simples, mesmo mesquinha e conservadora. Nesse sentido, Deborah era a incorporação de todos os seus pequeninos sonhos de classe trabalhadora: Girl next door, simples como ele, dócil e que votasse Tory por imposição do marido, casamento de sonho, filhos, um emprego estável, um pacato envelhecer nos subúrbios do Noroeste inglês.
Annik Honoré era o oposto, e o tipo de mulher a que Curtis só teria acesso pela via do estrelato. Estrangeira, exótica, continental (se é que um belga pode ser exótico), com um emprego emocionante de jornalista, livre-pensadora, uma mulher independente que consegue fazer-se notar num mundo de homens.
Em Maio de 1980, ciente do adultério, Deborah Curtis exige o divórcio. A imagem do casamento precoce e feliz derroca, e Ian Curtis, porque ele ERA tacanho e muito conservador, vê-se frente ao seu pior pesadelo: Divórcio. Surge o eterno drama pequeno-burguês inglês: “What will the neighbours think!?”.
Face a isso, e com a mente em erosão constante, Ian Curtis incapaz de lidar com os problemas e face a voos demasiado altos – “I will see you Monday” terá dita à banda no fatídico sábado que precederia a Tornee dos Joy Division nos EUA - realiza o que Tony Wilson uma vez chamou “o mais altruísta dos suicídios”.
Não concordo que tenha sido um acto de altruísmo, mas foi certamente o acto de desespero de alguém cuja ambição era muito pequena. Ícaro morreu porque sonhou sempre ir mais além. Ian morreu porque os factos ultrapassaram os seus sonhos.
Control não é o melhor filme de sempre. E Ian Curtis não era o melhor músico ou a melhor pessoa de sempre. Mas o filme retrata bem a ideia que muita gente tem sobre o imortal vocalista dos Joy Division. E quando em qualquer bar ou disco em qualquer parte do mundo o baixo de Peter Hook começar a tocar os primeiros acordes de “Love will tear us apart”, e pessoas de todas as idades, mesmo que tenham nascido depois de 1990 reagirem imediatamente, isso só vem provar uma das ideias mais batidas do mundo: “morre o homem, nasce a lenda”.
Cheers, Ian, wherever you are.
Não concordo que tenha sido um acto de altruísmo, mas foi certamente o acto de desespero de alguém cuja ambição era muito pequena. Ícaro morreu porque sonhou sempre ir mais além. Ian morreu porque os factos ultrapassaram os seus sonhos.
Control não é o melhor filme de sempre. E Ian Curtis não era o melhor músico ou a melhor pessoa de sempre. Mas o filme retrata bem a ideia que muita gente tem sobre o imortal vocalista dos Joy Division. E quando em qualquer bar ou disco em qualquer parte do mundo o baixo de Peter Hook começar a tocar os primeiros acordes de “Love will tear us apart”, e pessoas de todas as idades, mesmo que tenham nascido depois de 1990 reagirem imediatamente, isso só vem provar uma das ideias mais batidas do mundo: “morre o homem, nasce a lenda”.
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