quinta-feira, 8 de março de 2007

Dia da Mulher


“8 de Março é Dia da Mulher. O Homem tem os restantes 364 dias.”

Nunca entendi a piada desta e de outras graçolas de cariz semelhante. Aliás não consigo apreender o conceito de Guerra de Sexos.

Sou franco: Eu sou sexista! Considero a Mulher um ser bastante superior ao Homem. Vá lá, rapazes, custa-nos tanto admitir? A gente semos uns broncos, pá! Dizemos ah e tal, que não, que a coisa já não é bem assim, que somos abertos, machos século XXI, que assumimos os sentimentos, que estamos em contacto directo com o nosso lado feminino e outras mariquices tais…mas no fundo, no fundo do mais metrossexual de cada um de nós existe ainda um neanderthalesco macho que fala alto, cospe para o chão, fede a cerveja, peida-se, mija contra a parede, coça os colhões à frente de quem quer que seja e “oh catarina já te vieste?, azar, eu já, até logo, e esse jantar não sai, vê se calas esse puto, agora silêncio que eu vou ver a bola com os meus camaradas e bola baixa senão amanhã na fábrica vais ter que dizer que foste contra a porta…outra vez”
O paradoxal é que esse homúnculo recolector/caçador, limitado a pouco mais que um animal de instintos, coberto por séculos de preconceitos machistas e homofóbicos, que não se importa com a figura que faz, mas que se força a provar a sua masculinidade a todo instante, tem muitas vezes um coração de criança. E como criança, por vezes egoísta, por vezes rude, por vezes imaturo.

A Mulher é outra coisa. O feminino é a idade adulta da humanidade. A Mulher é mais forte. Talvez não fisicamente, mas no seu íntimo. É mais resistente. Aguenta melhor a Dor. A Dor é a sua antiga companheira. A Mulher é estigmatizada a arcar nos ombros pela noite dos tempos a culpa do Mundo. Desse Mundo que Ela pare, desse Mundo que a fode, desse Mundo que ela chora nas campas de companheiros e filhos. Que Homem aguentaria, NÃO! que Homem compreenderia tal sofrimento!? Eu o imagino e o tento expressar aqui; mas será sempre uma imagem pálida. Não o posso entender.

A Mulher é mais sensível. Mas os seus sentimentos, mesmo quando exacerbados, seguem sempre uma lógica racional. Há método no Caos. O Homem demora mais tempo a demonstrar os seus sentimentos, e quando o faz, por não estar habituado a esses sentimentos, não raras vezes é cego por eles. A Mulher explode de Emoções e Paixões. O Homem é controlado pelas suas Emoções e Paixões.

Por resistir melhor à Dor, por conseguir controlar um pouco menos mal a sua Emoção, a Mulher acaba por ser mais cautelosa e mais racional que o Homem. Mais inteligente, no fundo. Razão pela qual muitas vezes é mais fácil uma Mulher controlar completa e totalmente um Homem que o inverso. Se for matreira e inescrupolosa o suficiente pode usar e abusar de um Homem, de uma Amiga, de uma Situação. Por vezes as mulheres são mais manipuladoras, menos francas e mesmo menos bondosas (i. e., mais adultas) que os homens? Quem as pode culpar?

Nos primórdios da Humanidade, a Mulher era o sexo dominante, nas primeiras sociedades matriarcais (a Mãe, a Mulher, a Rainha), e nas primeiras religiões (a Deusa-Mãe, a Deusa-Natureza, a Deusa-Terra). A Antiguidade Clássica trouxe o conceito que o Deus dos Deuses tinha que ser uma figura-masculina. O banho judaico-cristão do Pecado Original cometido por Eva, a segunda mulher (se não entendes, procura Lillith no Google) levou a uma misoginização histórico-cultural do Ocidente, que atinge níveis paranóicos no Islão. Como toda e qualquer minoria, a mulher teve que aprender a ser mais forte que o homem para conseguir menos. Evoluiu, enquanto o Homem quase que estancou. No fundo a Mulher reagiu Darwinisticamente a uma conjuntura que lhe era adversa. Ganhou calo, tornou-se sofredora silenciosa. Mesmo que por vezes se tenha tornado mais fria e distante. E hoje em dia caminha para retomar o seu lugar de direito no trono da Humanidade.

Dedico isto a todas as mulheres. Às mulheres que amamos. Ás que nos são indiferentes. Às que nos dão tesão. Às que nos amam. Às que nos ignoram. Às que nos fazem sofrer. Às nossas amigas. Às nossas colegas. Às nossas namoradas. Às que nos são fiéis. Às que nos encornam. Às que trabalham dia-a-dia. Às solitárias. Às que vivem só para os filhos, sem ajuda de ninguém. Às vítimas de repressão e agressão. Às que caminham pelas ruas, de noite, espíritos mortos, olhos vazios, veias furadas, que se vendem aos instintos animalescos do Homem por necessidade extrema. Às que nos fazem chorar e que nos fazem rir. Às que gemem por baixo de nós, sincera ou simuladamente. Às que perpetuam o nosso sangue. Às que nos trazem a este mundo. Às que nos seguram a nossa mão velha e gretada, nos sussurram palavras doces de conforto e cujas lágrimas são uma chuva agridoce de amor/dor sobre a nossa cara, quando fechamos os olhos pela última vez.

5 comentários:

Anónimo disse...

Gostei mt do quen escreveste :))
Beijinhos sobrinho ;)

Anónimo disse...

Gostei mt do que esvreveste :)
Beijos sobrinho :))

Unknown disse...

porra pá, eu se fosse mulher tirava esta noite para ir pra cama contigo :P grande elogio :)

Sérgio Mayor de Andrade disse...

Pois, a minha intenção era a Jeniffer Anniston ver o meu blog e entender português. Mas até agora, nada!:(

Precious disse...

Muito bem dito, eu não faria melhor. ;)