sexta-feira, 23 de março de 2007

Leonor

Sou a Leonor Pinhão, conhecida adepta do Glorioso! Se eu tivesse outra preocupação ou interesse na vida para além do futebol, talvez chegasse à conclusão que é bem triste viver num país em que alguém é conhecido só porque é adepto do clube A ou B. Mas isto não interessa nada, porque este país não interessa nada. A única coisa que interessa neste pais é o Glorioso. Aliás, como eu disse na altura em que pagámos a nossa dívida ao Fisco com acções que não valiam nem o papel em que vinham impressas, “o que este país deve ao Glorioso chega para 1.000 anos de impostos!”* Ficou bonito. Claro que não cheguei a explicar exactamente o que é que este país deve ao Glorioso, mas fica sempre bem a nós, psicopatas obsessivos e megalómanos, falar em 1.000 anos!

É verdade, sou uma fundamentalista encarnada! E como suponho que saibam (ao contrário da besta que escreve este blog, porque ele só lê esse reles pasquim de propaganda nortenha-regional chamado “O Jogo”) escrevo semanalmente em “A Bola”. Uma vez por semana tenho a minha própria página para masturbações intelectuais, onde digo que o Glorioso é o maior clube do mundo, o mais rico, o único em Portugal com 757.000.000 de sócios pagantes com as quotas em dia (eu deixei de dizer que éramos 6 milhões quando o Miguel Sousa Tavares escreveu: “Isso resolvia-se com Zyklon-B”!), o que tem mais títulos, mais taças, mais competições europeias, mais competições africanas, do Dubai, o que tem os jogadores e adeptos mais bonitos, espertos e bem dotados do mundo; E ao mesmo tempo destilo ódio sobre as merdinhas regionais pseudo-rivais do Glorioso. Pode-se dizer que eu sou assim a modos como uma Miguel Sousa Tavares, mas encarnada e com mais testosterona.

Eu não sou propriamente a Angelina Jolie, mas também (e talvez com a excepção do Nuno Gomes), quem é que se pode comparar a ela!? Ela é tão boa, tão boa, tão boa, e tem um coração tão enorme, e gosta tanto de minorias, que só pode ser das nossas!
Aliás eu divido as pessoas do mundo em duas classes: a dos que são do nosso clube, que inclui nomes como Camões, Shakespeare, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá ou Lincoln e a dos que não são, como por exemplo Al Capone, Saddam, Bin Laden, Hitler, Estaline ou ainda George W. Bush, membro fundador dos Super Dragões, recentemente laureado com o Dragão de Ouro.

Posso não ser muito bela, mas sou feliz com o meu João, outro conhecido adepto encarnado. Parece que ele também é realizador, mas quem se interessa por cinema português?
Temos muitos interesses e coisas em comum. Ambos usamos Old Spice, gostamos de ficar horas e horas a fio a falar do Glorioso; por exemplo ainda ontem estivemos à noite a falar na cama três horas seguidas sobre aquele golo que o Eusébio marcou ao Sporting da Covilhã no Campeonato de 1967/1968. Falando em cama, eu e o meu João temos uma vida sexual muito boa! Basta dizer que ele casou comigo! Acreditem, aquele homem fode tudo o que se mova! Vou ser marota, e fazer como a Carolina Salgado – muito minha amiga por sinal, desde há coisa de 6 meses - e revelar aspectos privados da nossa vida de casal. Eu na brincadeira chamo-o de “meu Eusébiozinho branco de Lamego” e ele chama-me “minha águiazinha peluda”, e no momento do clímax, por vezes gritamos o nome de obscuros defesas centrais escandinavos que tenham jogado uma temporada na década de 80. Dá-nos para isso!

Eu não tenho nada contra o Porto ou contra o Sporting. Simplesmente acho que deviam ser extintos. Todos os clubes deveriam pagar por jogar contra nós. Este mundo não merece o Glorioso. Aliás estou convicta que o Glorioso deveria ter a sua própria Liga de Futebol. Sei lá, poderia jogar a nossa equipa de seniores, a de juniores, a de infantis, a de Velhas Glórias, a da Secção de Ciclismo, a da Secção de Basquete, a da Secção de Andebol, a da Secção de Hóquei... No final o Glorioso seria sempre campeão, ganhasse quem ganhasse. Que seria o que aconteceria na vida real, não fosse pelo Pinto da Costa, o maior criminoso que o mundo já conheceu.

Aliás, o nosso único rival é o Sporting, e por especial favor! “A intromissão do Porto é um fait divers!”**. Um “fait divers” com mais de 20 anos, uma carrada de campeonatos nacionais ganha com a ajuda dos árbitros, uma taça UEFA e 2 Champions League ganhas por sorte. Mas mesmo assim, um “fait divers”.

O Porto para mim é insignificante. Um clube regional, não!, de bairro, não!, de prédio! O Glorioso é tão grande e eles tão insignificantes. Aliás eles são tão pequenos e tão pouco importantes que eu não consigo parar de falar deles. Meu Deus, como eles são corruptos. E putanheiros! E ladrões. Mas eu não tenho nada contra o FCP, só não consigo deixar de falar neles nas minhas crónicas. Que é para eles verem como eu os ignoro! O que vale é o Apito Dourado, que vai proporcionar ao Pinto da Costa um julgamento imparcial e uma punição justa…mais ou menos igual à do Saddam.

PS - A comitiva da Bélgica chegou e houve um elemento que agrediu jornalistas portugueses. Quem foi agredido? Jornalistas de “A Bola” e “Record”! Quem foi o agressor? Stéphane Demol, que jogou uma temporada no FCP, em 1990! Estão a ver onde quero chegar? Não é que o FCP me diga nada, mas isso vai-me dar pano para mangas para as crónicas das minhas próximas duas Bolas.


*, ** Declarações verdadeiras da Leonor Pinhão

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