terça-feira, 6 de março de 2007

Vai Chamar Pai a outro!


Penso que já expressei aqui o meu descontentamento pelo facto de incluírem o Salazar no Top 10 dos Portugueses.

Vou ser agora quiçá um niquinho mais polémico e desta vez vou criticar (de certa forma) uma figura muito mais consensual. Falo de D. Afonso Henriques, o dito “Pai da Nacionalidade”. Não me interpretem mal. Não penso que seja errado incluírem o 1º rei na lista dos 10 maiores portugueses. Historicamente é que não concordo com esse conceito de “Pai da Nacionalidade”. Concedo que D. Afonso Henriques, foi de facto o nobre (mais tarde entronizado) que conseguiu a afirmação internacional (isto é, oficializada pela Santa Sé) do Condado Portucalense como estado independente.

Porém, D. Afonso Henriques não criou “o sentimento nacional português”.

Como é sabido, o Condado Portucalense (entre Douro e Minho) pertenceu desde sempre (ver mapa abaixo) à Gallaecia. Os antigos habitantes do que é hoje o norte de Portugal nunca foram lusitanos, e a maior parte da população era celta pura (não celtibera). A Gallaecia (hoje Galiza e Norte de Portugal) era uma nação com uma língua própria e pertencia ao Reino Cristão de Leão, onde evidentemente a língua mais corrente não era o galaico-português, mas o Leonês (o Mirandês e o dialecto asturiano, com o qual tem notórias afinidades, são as reminiscências da antiga língua leonesa). Acontece que o rei de Leão sempre temeu o forte espírito independentista dos galegos, pelo que quando pediu ajuda aos dois irmãos cruzados francos (embora se pense que Henri de Borgonha e o seu irmão poderiam ter ascendência magiar) na sua cruzada contra os mouros, dividiu a Gallaecia em duas, dando um condado (e uma filha) a cada irmão.Essa divisão permanece até hoje.




O desejo de D. Afonso Henriques, após a morte do seu pai, era obviamente conseguir a liberdade face a Leão, conquistar terras aos mouros E voltar a unir a Galiza no que seria um grande reino que ocuparia toda a faixa atlântica ocidental da Hispânia. Conseguiu 2 em 3, já não foi mau de todo. D. Afonso não queria pois criar um sentimento nacional novo, separatista da província acima do Minho, mas sim assimilar a terra dividida por Leão num novo e maior estado independente.

Com o passar dos séculos, entre Portugal e a Galiza acabou por haver um distanciamento cultural (embora muitos galegos se sintam irmãos dos portugueses; mas só dos do norte, como costumam dizer), em parte devido ao abastardamento da cultura e língua original galaico-portuguesa nessa província espanhola causada pelo Castelhano, em parte porque com o passar dos séculos acabamos por conseguir criar um espírito sólido de identidade nacional com terras que a princípio não nos diriam nada quer em termos de cultura, quer de raça. A expansão colonial portuguesa ajudou a preservar e a difundir pelo mundo a língua e a cultura e o espírito da antiga Gallaecia.

Hoje, com todos os nossos problemas, somos um país que é belo de norte a sul, com paisagens e gentes heterogéneas; um país que vai do verde ao árido, do louro ao negro.

Acima de tudo, um país multiracial que se sente igual, que fala a mesma língua e UNIDO, do Minho ao Algarve. Algo que a Espanha nunca será, por mais bancos que compre cá, por mais Alonsos e Penélopes que tenha.

Afonso Henriques o fundador do Estado Independente, o rei corajoso que lançou raízes para o Portugal dos séculos que lhe sucederam, SIM! Afonso Henriques, o Pai da Nacionalidade, NÃO!


1 comentário:

Anónimo disse...

independencia po norte carailho

portugal é so ate ao mondego
pa baixo é mourada

independencia ja