sexta-feira, 27 de abril de 2007

Neo-nazismo musical


Meus amigos, é com o coração cheio de ânsia e pesar que vos venho informar que a hora é grave! Os neo-nazis são agora não uma ameaça velada, mas um perigo bem real que pode demolir toda a estrutura da sociedade portuguesa!

É verdade! Quando pensávamos que a praga do nacional-cancionetismo que arrasou a cena musical portuguesa desde os anos 40 até finais dos anos 80 tinha já sido exterminada, e os saudosistas que surgiam com novas demonstrações da pirosice nacional mais repugnante eram rebaixados à ignóbil classificação de Música Pimba, não encontrando outros lugares para difundir as suas letras meladas e o seu ritmo sonoro quase de Rancho Popular do que em Feiras Populares, Festas de Verão de Emigrantes, ou Rádios Regionais com nomes tipo Rádio Clube de Salvaterra de Vila Viçosa de Mougadecho de Baixo, eis que uma nova vaga de neo-nacionais-cancionetistas está a abalar o panorama musical português!

Marco Paulo, Alexandra, António Calvário, António Sala, Dina, Dora, Duo Ouro Negro, Simone de Oliveira, Broa de Mel, Madalena Iglésias, Paco Bandeira, Neno, Paulo Alexandre, Roberto Leal, Toni de Matos, Lara Li, José Cid…quem consegue proferir esses nomes sem ser invadido por calafrios na espinha? Quem pode se lembrar desses nomes sem evocar logo imagens de Domingos de tarde nos anos 80 com programas do Júlio Isidro?

Os anos 90, vieram porém reduzir o reino de terror do Nacional-Cançonetismo. A finais dos anos 90, a música pop/rock portuguesa estava bem demarcada: Rock/Pop comercial com alguma qualidade, música pimba e Delfins.
Emanuel, criador do conceito Pimba, obrigou todos os da sua laia, que nos queriam vir enjoar com musiquinhas alegres com letras fáceis e românticas, ou então “trocadalhos do carilho” desprovidos de qualquer inteligência ou bom gosto, a ter que aceitar a estigmatização. Pimba, o rótulo escarlate!

Mas agora, meus amigos…Eles estão de volta! Decididos a dominar o mercado musical português e o Olympia de Paris, ao mesmo tempo que refutam ser conectados como Pimbas e rejeitam qualquer associação com o vergonhoso passado criminoso dos facínoras que os precederam.

Na sua maior parte são jovens, simpáticos, limpinhos, urbanos, cantam por vezes em “estrangeiro”, são bem comportados e nada rebeldes, defensores do sexo com amor, nada de drogas e pop ligeirinho, tocam guitarra eléctrica por vezes, mas não muito alto, não vá alguém se chatear, e com as suas vozes límpidas vem entoar trovas de louvor ao amor, à felicidade e a outros valores que tais.
Enchem salas de espectáculos e estádios, aparecem nas fotos de jornais e revistas cor-de-rosas com a gaja de turno, vendem CDs, ganham Globos de Ouro da SIC...e o que é mais admirável, é que o seu público-alvo não é já só o proletariado suburbano de Lisboa, Porto e do interior, mas jovens e menos jovens, com algum estatuto sócio-cultural, que acham mesmo que eles são fixes e cool!
Tudo muito certinho e bonitinho. E foleiro. E piroso! No fundo vem pegar nas mesmas letras fáceis de sempre e acelerar um bocado mais o ritmo. Mas não se enganem!
Os velhos demónios estão de volta, mas agora com jeans, bandas e guitarras elécticas!
Eles querem tomar a vossa alma e subjugar o vosso gosto musical. Eles tramam o Holocausto da Mente!

Não vou citar nomes, por minha segurança pessoal. Usarei pseudónimos.
JPP, André S., Mickel e respectivo papá, Pólo N., F.tips, Ez sp. e outros que tais, j´acuse!!! Acuso-vos como os pulhas defensores do neo-nacional-cancionetismo que são. “Está tudo bem, de vez em quando todos somos uns bons filhos da mãe”, “Porque eu morro se acordo e não estás na minha vida”, “Quando eu te falei de amor tu sorriste para mim, o mundo ficou bem melhor”, “Olha para mim, se estiveres a fim”…mas que é isso? Foi feitiço!?, o que é que vos deu para usarem a língua de Camões, Gil Vicente, Eça, Pessoa para grunhirem um chorrilho de banalidades e vácuo intelectual?

Nós sabemos quem vocês são! E digo-os: não passarão!

Camaradas, o tempo urge! Juntem-se a mim na Utopia de ser possível boa música pop com boas letras no nosso idioma! Podes dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único a olhar o céu!

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