Sinto-me fresca, sinto-me leve, sinto-me protegida e segura. Tudo porque confio no meu banco!Agora com um maior poder de absorção do meu capital! E nem sinto nada!
Funcionários sorridentes recebem clientes sorridentes (embora a ideia de uma dentição natural, completa e limpa possa parecer estranha a clientes da CGD) num sorridente banco. No banco sorridente, não há demoras, nem filas de espera. O simpático, competente e prestável funcionário sorridente, espera sorridentemente os sorridentes clientes (sorridentes jovens, sorridentes famílias, sorridentes idosos), num ambiente agradável, limpo (sem nenhuma cinza, beata ou papel de Multibanco no chão). Por toda a parte, imagens de celebridades sorridentes. Afinal se uma actriz boazona ou um futebolista famoso recomendam esse cartão de crédito ou este banco, quem sou eu para não meter aqui todo o meu dinheiro?
Mas não nos agradeça. Por quem sóis! Nós só fazemos isso pelo seu interesse. E sorrimos muito. Isso não chega?
Não serei o fã número um da globalização, mas considero que não existe nada de mal num bocadinho de iniciativa privada, desde que se estabeleça num quadro legal e seguindo um código tácito de ética empresarial.
Porém, alguns, embriagados pela ganância e sede de poder, quebram todo o tipo de leis, escrúpulos e princípios, esmagam quem ousa se cruzar no seu caminho, e criam verdadeiros impérios do crime num clima de total impunidade. Falo, como é evidente, da Banca e Seguros.
O problema com a Banca e Seguros é que é difícil vivermos sem eles. E eles sabem-no. O que torna ainda mais ridículo a publicidade dessas instituições. Para ser sincero, eu aprecio Marketing e Publicidade, mas a publicidade que a Banca e os Seguros fazem provoca-me uma náusea só superada pela da auto-promoção que a TVI faz todas as dias no Jornal da Noite.
Todo o marketing se baseia em fazer passar 2 idéias:
O problema com a Banca e Seguros é que é difícil vivermos sem eles. E eles sabem-no. O que torna ainda mais ridículo a publicidade dessas instituições. Para ser sincero, eu aprecio Marketing e Publicidade, mas a publicidade que a Banca e os Seguros fazem provoca-me uma náusea só superada pela da auto-promoção que a TVI faz todas as dias no Jornal da Noite.
Todo o marketing se baseia em fazer passar 2 idéias:
1º) Você precisa MESMO muito do produto que oferecemos e
2º) o nosso produto é MESMO muito melhor que o da concorrência.
O da Banca não poderia ser diferente, mas a meu ver usa e abusa dos estereótipos do marketing baixando a um nível quase caricatural.
Na publicidade bancária, toda a gente é muito simpática e sorri muito. Aliás é mais fácil encontrar dentes brancos e impecáveis num spot publicitário de um banco do que num da Colgate ou da Pepsodent.
Na publicidade bancária, toda a gente é muito simpática e sorri muito. Aliás é mais fácil encontrar dentes brancos e impecáveis num spot publicitário de um banco do que num da Colgate ou da Pepsodent.
Nos flyers, fotos de frente de tipos a sorrir de orelha a orelha, braços cruzados, como se abaixo do equador a sua glande estivesse a ser disputada taco a taco pelas línguas lambonas da Angelina e da Scarlett. Mulheres tão seguras, felizes e confiantes como se estivessem num anúncio de pensinhos higiénicos, enquanto vêem o George Clooney a efectuar um leeento strip-tease ao som de Joe Cocker.
Funcionários sorridentes recebem clientes sorridentes (embora a ideia de uma dentição natural, completa e limpa possa parecer estranha a clientes da CGD) num sorridente banco. No banco sorridente, não há demoras, nem filas de espera. O simpático, competente e prestável funcionário sorridente, espera sorridentemente os sorridentes clientes (sorridentes jovens, sorridentes famílias, sorridentes idosos), num ambiente agradável, limpo (sem nenhuma cinza, beata ou papel de Multibanco no chão). Por toda a parte, imagens de celebridades sorridentes. Afinal se uma actriz boazona ou um futebolista famoso recomendam esse cartão de crédito ou este banco, quem sou eu para não meter aqui todo o meu dinheiro?
A vida deveria ser como um flyer de um Banco. Uma história com fim, meio e princípio feliz. No nosso banco, gostamos de si. Gostamos mesmo de si. Me loves you long time! E somos melhores e gostamos mais de si que a concorrência. Não dá para ver pelos nossos sorrisos!?? Quer nos vender a sua alma para garantir os seus desejos? Consulte os nossos produtos de crédito e empréstimos (os bancos gostam de falar muito em "produtos", como se estivessem a vender alface, ovos ou leite), e seja bem-vindo ao maravilhoso mundo do endividamento! É mais ou menos Dante, mas sem a riqueza lírica. Tem algum dinheirinho extra? Deposite-o nas nossas contas a prazo. Nós fazemos milhões para nós a partir do seu dinheiro e depois damos-lhe uns trocados. Ou melhor, aplique-o. Assim sabemos que não pode mexer no seu dinheiro durante uns anos, fazemos ainda mais milhões para nós, e depois até lhe damos uns troquitos extra.
Quer ter coisas que não pode ter? Habilite-se aos nossos cartões de crédito! Tenha tudo o que quis já hoje, e pague quando Deus quiser (desde que Deus queira que pague regularmente todos os meses!).
Tudo no seu melhor interesse claro. Vá lá, arreganhe a tacha!
Quer se sentir seguro? Subscreva já as nossas apólices. E não se preocupe com a letra miudinha no fundo. É só jargão técnico que não lhe interessa, e sempre se poupa papel. De certeza que não quer pagar um extrazinho para ficar seguro de pragas de gafanhotos? Depois não se queixe.
Experimente já agora, o nosso seguro de vida. Assim já sabe que vale mais morto do que vivo, e a sua mulher fica a saber que se algo lhe acontecer – o Diabo seja cego, surdo e mudo – ela pode ficar milionária do dia para a noite! Vá, mostre lá esses esmaltes!
Experimente já agora, o nosso seguro de vida. Assim já sabe que vale mais morto do que vivo, e a sua mulher fica a saber que se algo lhe acontecer – o Diabo seja cego, surdo e mudo – ela pode ficar milionária do dia para a noite! Vá, mostre lá esses esmaltes!
Mas não nos agradeça. Por quem sóis! Nós só fazemos isso pelo seu interesse. E sorrimos muito. Isso não chega?
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